125: Dor do passado 125: Dor do passado “Vê-los juntos era insuportável,” Liana continuou, sua voz ligeiramente trêmula. “Richard era diferente com ela. Mais suave. Mais feliz. Ele se tornou o homem que eu sempre esperava que ele fosse, mas ele não era esse homem comigo. Ele era esse homem com ela.”

Um riso amargo escapou dos lábios de Liana, e ela balançou a cabeça. “Passei minha vida inteira me preparando para ser a Luna dele, para ser a que estaria ao lado dele. E ainda assim, no final, não era eu quem ele queria. Era ela. Aquela garota humana que não tinha ideia do poder que detinha.”

“O que aconteceu depois disso?” Anne perguntou com delicadeza, querendo entender mais.

O olhar de Liana endureceu mais uma vez. “Ficou claro que seria ela a dar a Richard um filho. Eu odiava isso, mas tinha que aceitar.”

Seus olhos escureceram, preenchidos com uma antiga e fomentante raiva. “Jennifer concordou em ficar conosco. Ela não fazia ideia do que estava se metendo, mas a ligação de parceiros a fez ficar. Ela engravidou de Damien logo em seguida. Eu podia ver como Richard estava feliz, como tudo que eu sempre quis estava agora sendo entregue a essa… garota.”

A voz de Liana tremia com uma fúria mal contida. “Fui forçada a assistir enquanto ela carregava a criança que deveria ter sido minha. Tive que ficar ao lado e sorrir enquanto Richard a mimava como se ela fosse a rainha do nosso mundo. Era um pesadelo.”

Anne engoliu em seco, sabendo que, por mais justificada que a amargura de Liana fosse, isso não desculpava tudo que ela havia feito. Mas era impossível não sentir uma certa medida de pena pela mulher que fora negada a única coisa que sempre quisera.

“Você matou a Jennifer ?” Anne perguntou.

Os olhos de Liana brilharam com uma mistura de raiva e dor. “Não, eu não a matei,” ela respondeu, sua voz carregada de emoção crua.

“Jennifer não sabia onde estava se metendo. Ela não tinha ideia dos perigos de carregar um filho de lobisomem. A gravidez pesou sobre ela. Humanos… eles não são feitos para resistir a isso.”

O fôlego de Anne ficou preso na garganta, o peso da confissão de Liana assentando pesadamente em seu peito. “Então, ela estava condenada desde o início?”

Liana assentiu, sua expressão uma mistura de tristeza e algo mais sombrio—ressentimento. “Sim. A gravidez estava matando ela. Lentamente, mas certamente.”

“Então você deixou uma mulher inocente morrer ?” A voz de Anne tremia com nojo.

Ela soltou uma risada amarga, seus olhos brilhando com raiva. “Você consegue imaginar como foi isso, Anne? Assistir a mulher que você odeia carregar o filho do seu companheiro? Saber que ela vai morrer, mas ainda ver o amor nos olhos dele toda vez que ele olha para ela? Foi uma tortura. Tortura pura e implacável.”

“Você poderia tê-la transformado.” Anne disse, “Você poderia tê-la salvado.”

“Eu não sou tão cruel; Richard tentou salvá-la. No final, ela sabia que não sobreviveria. Ela pediu a Richard para cuidar do bebê para garantir que ele tivesse uma vida boa. Ela me fez prometer também.” A voz de Liana se quebrou, e ela desviou o olhar, suas mãos tremendo levemente enquanto falava.

“Ela nunca chegou a segurá-lo; ela nunca chegou a ver a criança pela qual sacrificou sua vida. E Richard…” Ela fez uma pausa, seus olhos se voltando para Anne com uma mistura de arrependimento e raiva. “Ele ficou devastado. Ele se culpou por não conseguir salvá-la e, de certa forma, acho que ele também me culpou.”

“Perder suas parceiras verdadeiras o tornou fraco ?” Anne perguntou.

Os olhos de Liana brilharam com uma mistura de raiva e tristeza ao encontrar o olhar de Anne. “Sim,” ela disse, sua voz baixa, quase um sussurro. “Eu achei que era o suficiente para ele. Mas eu estava errada.”

Ela fez uma pausa, seus dedos tremendo enquanto pegava sua xícara de chá, embora não bebesse dela. “Eu tentei ser a Luna que fui treinada para ser. Fiz tudo ao meu alcance para garantir que nossa matilha fosse forte, mas sem a força plena de Richard, sofremos. Ele já não era mais o Alfa que já foi. Ele cometeu erros. Más decisões. E a alcateia percebeu.”

“Como o Jackson descobriu seu segredo ?” Anne perguntou.

“Foi por causa daquela velha megera!” Liana estalou.

Anne arqueou uma sobrancelha.

“Bem, Jennifer precisava de intervenção médica, obviamente. Então, eu contratei uma parteira; ela era minha confidente. Mas ela me traiu para o Jackson, que usou a informação contra mim,” Liana explicou com um tom amargo.

Anne ficou em silêncio, sua mente girando com um estranho mix de raiva, nojo e pena enquanto a confissão de Liana pairava no ar entre elas. A Luna fria e calculista—com a alma quebrada que acabara de expor seus segredos mais sombrios.

Liana havia roubado um bebê de uma garota desavisada. E de alguma forma, ela se pintou como vítima, envolvida em camadas de sua própria amargura e tristeza. Era enfurecedor, mas também trágico.

Anne apertou seus punhos, sua voz carregada de emoção. “Você fala sobre sacrifício, Liana, como se você fosse a única que sofreu. Mas Jennifer não tinha escolha. Você já pensou sobre a família dela? Como eles devem ter sofrido?”

Liana se encolheu, a máscara de indiferença fria rachando por um momento. “Você acha que eu queria isso? Você acha que eu queria alguma dessas coisas? Eu também não tinha escolha.”

Anne balançou a cabeça, sua voz se endurecendo. “Você tinha escolha, Liana. Você sempre teve escolha. E você escolheu mentir, manipular, esconder a verdade. Você poderia ter contado a verdade ao Damien sobre sua mãe, mas você não fez. E agora, tudo está desmoronando.”

Os olhos de Liana brilharam de raiva. “Fiz o que foi necessário. Para proteger o Damien, para proteger a matilha. O pai de Richard nunca teria aceitado um herdeiro mestiço. Ele teria matado o Damien! E o Blaze teria se tornado o Rei Alpha. Meu pai teria retaliado, e teria havido uma guerra!”

A voz de Anne se esvaneceu, cheia de desprezo silencioso. Ela olhou para Liana, incapaz de esconder o nojo que surgia dentro dela. “Depois de tudo, você ainda está pensando no status e no trono?”

“Você é uma garota tola que não pode entender o peso da responsabilidade e do sacrifício.” Ela estalou, “Eu fiz o que tinha que fazer.”

Por um momento, as duas mulheres se encararam em silêncio tenso.

“Você acha que eu queria mentir para o Damien?” A voz de Liana se quebrou ao falar.

Anne suspirou, recostando-se na cadeira. Ela de repente se sentiu cansada, como se o peso da história de Liana tivesse sido passado para ela. “O que o Damien precisa agora não são mais mentiras,” ela disse suavemente. “Ele merece conhecer a verdade. O Jackson está usando esse segredo contra você, e é só uma questão de tempo até que o Damien descubra por ele.”

Ao mencionar o Jackson, Liana visivelmente se encolheu.

“Você precisa contar para ele, Liana. É a única maneira de derrotar o Jackson. Se o Damien ouvir a verdade de você, isso tira o poder do Jackson sobre os dois. Mas se você continuar escondendo—”
“Eu não posso,” Liana interrompeu, sua voz se quebrando. Ela olhou para suas mãos trêmulas. “Eu não posso perdê-lo.”

“Você acha que está protegendo ele, mas não está,” Anne pressionou. “Você está se protegendo. E talvez Richard também. Mas Damien—ele está vivendo uma mentira, Liana. E essa mentira só vai destruí-lo.”