111: Seguro por enquanto 111: Seguro por enquanto O coração de Anne estava disparado à medida que a realidade da situação a atingia. O conselho estava prestes a levá-la embora, a tirar dela tudo pelo que ela tanto lutou para proteger — sua família, seu filho, seu futuro com Damien. Ela não podia deixar que isso acontecesse. Não quando Ryan precisava dela.

“Eu não posso partir.” Sua voz se quebrou, desesperada, mas determinada. “Ryan não pode viver sem mim. Ele é só uma criança. Vocês não podem fazer isso!” Ela olhou ao redor da sala, procurando algum sinal de empatia, mas os membros do conselho permaneceram severos e inabaláveis.

“Nada disso teria acontecido se Damien não tivesse se envolvido,” Liana disse, sua voz calma mas cortante.

“Ele nunca deveria ter se metido nessa confusão.” Ela fez uma pausa, seu olhar se fixando no de Anne de um jeito que fez seu estômago revirar. “Mas ele se envolveu. E agora todos nós estamos lidando com as consequências de suas escolhas.”

Anne abriu a boca para protestar, mas Liana levantou uma mão, silenciando-a. Então Liana fez algo inesperado. Seu olhar severo amoleceu — apenas levemente, mas o suficiente para pegar Anne de surpresa.

“Eu não gosto de você,” Liana disse secamente, sua voz desprovida de malícia, quase resignada. “Eu nunca gostei. Você é imprudente e impulsiva, e já trouxe vergonha para esta família mais de uma vez.” Anne sentiu o impacto de suas palavras.

Liana respirou fundo.

“Mas…” ela continuou, sua voz agora firme, “Damien ama você. E por mais que eu despreze essa situação, eu não suporto vê-lo desolado. Ele é meu filho, e se você é o que ele quer, eu não posso ficar parada e permitir que ele perca você — especialmente não dessa maneira.”

Anne encarou Liana incrédula. Liana, que passara tanto tempo contra ela, agora estava oferecendo sua proteção. Não fazia sentido, mas não havia como negar a sinceridade nas palavras de Liana.

Liana se voltou para os membros do conselho, sua voz adotando a autoridade régia de sua posição.

“Anne está sob a minha vigilância e proteção,” ela declarou, seu tom deixando claro que não havia espaço para argumentos. “Não há necessidade de levá-la embora. Vocês podem investigá-la bem aqui. Questione-a, inspecione-a e façam o que precisarem. Mas ela ficará dentro da alcateia.”

O Alfa Raymond trocou um olhar com Cecília, ambos ponderando cuidadosamente a proposta de Liana.

“Liana,” Cecília disse após uma longa pausa, “o conselho entende sua posição. Mas nós não podemos simplesmente ignorar isso. Há regras, leis que devem ser mantidas.”

“Eu não estou pedindo que vocês ignorem nada,” Liana respondeu de volta, seu tom ainda firme, mas composto. “Estou dizendo que vocês conduzirão sua investigação aqui. Anne não será afastada de seu filho, nem da matilha de Damien. Não até que vocês tenham provas de que ela é culpada de algo mais do que se defender.”

A tensão na sala cresceu densa enquanto Raymond olhava entre os membros do conselho. Uma luta de poder não dita estava acontecendo, e Anne percebeu que Liana havia manobrado habilmente a situação. Era um risco — Liana não estava defendendo-a por afeição, mas por uma decisão estratégica para evitar que seu filho sofresse. E por mais doloroso que fosse para Anne admitir, ela estava grata.

Cecília finalmente falou, sua voz mais calma, mas ainda firme. “Permitiremos — por enquanto. Anne permanecerá aqui, sob a supervisão de Liana. Mas não se engane, Liana, esta é uma questão séria. Se a investigação revelar transgressões adicionais, o conselho não hesitará em agir.”

Liana deu uma concordância breve. “Vocês terão a sua investigação. Mas Anne fica aqui.”

Anne exalou um ar que ela nem percebeu que estava segurando. A ameaça imediata de ser levada embora havia passado, mas a investigação iminente ainda pairava sobre sua cabeça como um presídio.

“E quando Damien voltar,” Liana acrescentou, sua voz amolecendo só um pouco, “vocês também podem questioná-lo. Mas até lá, Anne fica onde ela pertence.”

Anne sentiu o peito apertar com a menção a Damien. Ele não tinha ideia do que estava acontecendo aqui, e quando ele voltasse, estaria entrando em uma tempestade que não tinha antecipado. Ela sentia tanto a falta dele que doía. Mas por enquanto, ela só podia se concentrar em manter a si mesma e Ryan seguros.

Blaze de repente falou, seu tom pingando com sarcasmo. “Veja só, Liana,” ele falou arrastado, recostando-se na sua cadeira, braços cruzados sobre o peito. “Estou tocado por como você de repente se tornou amável. Quem diria que você tinha isso em você?”

Liana lhe deu um olhar cortante, sua expressão endurecendo em algo frio e inabalável. “Não confunda minhas ações com bondade, Blaze,” ela disse gelidamente. “Isso não é sobre ser agradável. É sobre proteger meu filho.”

Blaze riu baixo, o som baixo e zombador. “Claro que é. Tudo o que você faz é pelo Damien. Mas ainda me surpreende ver você se levantando pela Anne assim.”

Liana não dignificou a provocação de Blaze com uma resposta.

“Mas o problema aqui é o abuso de poder pela família real, e Liana fez exatamente isso agora. Parou o conselho de usar sua autoridade. Vocês não estão vendo?”

Os olhos de Liana se estreitaram, mas sua compostura não vacilou. “Não seja dramático, Blaze,” ela disse, seu tom calmo, mas com uma borda de aço. “Eu meramente pedi que abordássemos esta situação com lógica e cautela. Não interessa a ninguém arrancar uma mãe de seu filho antes de a investigação estar completa.”

Blaze deu um sorrisinho, claramente curtindo a tensão que ele havia provocado. “Ah, não estou sendo dramático, Liana. Estou apenas apontando o óbvio. Você está jogando suas cartas com cuidado, como sempre.”

O Alfa Raymond pigarreou, intervindo antes que a tensão pudesse escalar ainda mais. “Chega, Blaze. Entendemos suas preocupações, mas este não é o momento para acusações contra a família real.” Seu tom era autoritário, embora houvesse um traço de cansaço ao olhar para Liana. “O conselho conduzirá sua investigação, e garantiremos que seja feita com justiça. Liana fez um ponto, e embora discordemos de alguns aspectos, permitiremos que Anne fique sob sua supervisão — por enquanto.”

Cecília, que havia ficado silenciosa durante o confronto, finalmente falou, sua voz mais gentil do que antes. “Esta situação está longe de terminar, Anne. Respeitaremos a decisão de Liana por enquanto, mas a investigação do conselho prosseguirá, e a verdade virá à tona. Se há mais do que auto-defesa, nós descobriremos. Sugiro que você se prepare.”

Anne assentiu.

“Volte para o seu quarto e fique lá, Anne,” Liana ordenou. “Não chame Damien; eu o chamarei para explicar a situação.”