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- Capítulo 104 - 104 O passado 104 O passado O sol começava a se pôr lançando
104: O passado 104: O passado O sol começava a se pôr, lançando uma luz dourada e acolhedora sobre a clareira enquanto a reunião da matilha continuava. O som das risadas e conversas enchia o ar, misturando-se com o crepitar da fogueira. Anne lançou um olhar para Heather, que estava quieta há algum tempo, bebendo sua bebida e observando os lobos interagindo.
“Você está gostando da festa?” Anne perguntou, cutucando-a levemente.
Heather piscou, saindo de seus pensamentos, e sorriu suavemente. “Sim, estou. É… diferente, mas de um jeito bom.” Ela fez uma pausa por um momento, depois olhou ao redor. “Onde estão os pais de Damien? Eu ainda não os vi.”
O sorriso de Anne vacilou por apenas um instante antes de ela se recompor rapidamente. “Eles logo se juntarão a nós. Eles gostam de fazer uma entrada, especialmente em eventos como este.”
Como se estivessem esperando um sinal, uma mudança na atmosfera rolou pela multidão. O tagarelar descontraído e as risadas começaram a diminuir enquanto a atenção dos lobos se voltava para a entrada da clareira. Richard e Liana apareceram à vista. Todos os lobos, sem hesitar, baixaram a cabeça em respeito. Uma onda de silêncio caiu sobre o encontro. Até as crianças que estavam brincando momentos antes se aquietaram, com os olhos arregalados observando o poderoso casal se aproximar.
Anne se inclinou em direção a Heather, sussurrando, “São eles. Richard e Liana.”
Mas Heather estava congelada, com a respiração presa na garganta enquanto seus olhos se fixavam em Richard. Por um breve segundo, o mundo ao seu redor pareceu desaparecer. A vibrante clareira, a fogueira, a alcateia—tudo se desvaneceu em segundo plano enquanto sua visão se concentrou no rosto de Richard. Seu coração batia forte no peito e um suor frio brotou na sua pele.
Não pode ser ele…
Mas era. Não havia como se enganar. Richard era o mesmo homem que tinha sido o namorado de Jennifer há tantos anos. O homem responsável pela morte da sua irmã.
O rosto de Heather tornou-se pálido, sua mão apertando a bebida enquanto ela lutava para manter a compostura. Ela sentiu seu estômago revirar, e por um momento, pensou que poderia vomitar.
A voz de Liana cortou seus pensamentos em espiral, calma e educada. “É tão bom finalmente conhecer você, Heather. Anne me contou tanto sobre você,” ela disse, com um sorriso gracioso. Seus olhos perspicazes passaram por Heather com um olhar curioso, quase avaliador, mas não havia reconhecimento em seu olhar. “Obrigada por manter nosso neto seguro durante tudo. Somos gratos.”
Heather mal a ouviu. Ela concordou automaticamente, tentando forçar seus lábios num sorriso educado, mas sua mente girava. Liana sabia? Ela poderia dizer quem ela era?
Heather a tinha encontrado apenas uma vez, e ela tinha apenas 15 anos na época. Já se passaram 27 anos.
Os olhos de Heather continuavam voltando para Richard. Ele estava conversando com Damien agora, sua expressão séria enquanto trocavam palavras, mas Heather não conseguia desviar o olhar. Memórias que ela havia enterrado profundamente em sua mente começaram a ressurgir—imagens de um tempo muito anterior.
“Você está bem?” A voz de Anne cortou seus pensamentos, preocupada. Ela havia notado o súbito palidez de Heather e o modo como suas mãos tremiam levemente.
Heather concordou rapidamente, forçando-se a respirar fundo. “Estou bem,” ela mentiu, embora sua voz estivesse tensa.
Anne olhou para ela com uma sobrancelha erguida, mas não insistiu mais. Richard agora havia voltado sua atenção para elas, seu olhar varrendo brevemente por Heather. Não havia sinal de reconhecimento em seus olhos também, e por um breve momento, Heather sentiu uma onda de alívio.
Ela podia sentir no peito, como um torno se apertando a cada segundo que passava.
“Estou feliz que você esteja aqui,” disse Liana com um sorriso, alheia ao tumulto interno de Heather. “Ficamos sabendo muito sobre você e tudo o que fez por Damien e Anne.”
Heather concordou novamente, sua garganta muito apertada para responder devidamente. Ela podia sentir o pulsar do próprio pulso em seus ouvidos, e tudo o que queria era escapar da tensão sufocante que a havia dominado desde a chegada de Richard e Liana. Ela precisava de ar, de espaço—qualquer coisa para acalmar a tempestade que rugia dentro dela.
“Eu… Eu preciso sair um momento,” Heather murmurou, sua voz mal audível enquanto se desculpava.
Anne olhou para ela com preocupação enquanto Heather se afastava do grupo, seus passos apressados e inseguros enquanto se dirigia para a borda da clareira, desaparecendo nas sombras das árvores. Sozinha na floresta que escurecia, Heather pressionou a mão contra o peito, se esforçando para respirar. As memórias que ela havia tentado esquecer tão arduamente haviam voltado em um instante, e agora ameaçavam afogá-la.
Richard era James, o que significava que Damien era o filho de Jennifer!
“Heather, o que há de errado? Você não parece estar bem.” A voz de Anne interrompeu seus pensamentos.
Heather engoliu em seco, tentando conter o pânico crescente. “Estou… não estou me sentindo bem,” ela disse baixinho, sua voz vacilante apesar dos seus melhores esforços. “Acho que deveria ir para casa.”
Anne estudou o rosto dela por um momento, a testa franzida com preocupação. Ela não tinha certeza do que havia mudado na atitude de Heather, mas conseguia ver que algo a estava perturbando profundamente. “Claro,” ela disse, concordando. “Se você não está se sentindo bem para ficar, vou ajudá-la a chegar em casa.”
Heather ofereceu um pequeno sorriso de gratidão, embora a inquietação em seus olhos permanecesse. “Obrigada, Anne.”
Anne colocou uma mão confortadora no braço de Heather, em seguida, olhou ao redor da clareira. “Vou avisar Emily. Ela vai querer ir embora também.”
Nem Anne nem Emily pressionaram Heather por detalhes. Elas a conheciam o suficiente para perceber que algo mais profundo estava acontecendo, algo sobre o qual ela ainda não estava pronta para falar. Elas caminharam em silêncio confortável, oferecendo a ela o espaço de que precisava para processar tudo o que a havia abalado profundamente.
Chris as levou de volta para casa e elas não trocaram palavras até chegarem.
“Qual é o problema, mãe?” Emily perguntou assim que chegaram em casa.
Heather olhou para fora da janela por um momento, reunindo seus pensamentos. Ela hesitou, claramente lutando com o quanto revelar.
“Richard,” ela começou, sua voz tremendo levemente, “ele é James. O namorado da minha irmã Jennifer.”
Os olhos de Emily se arregalaram de choque, e seu coração deu um pulo. Ela se virou para enfrentar Heather completamente, tentando processar o que acabara de ouvir. “Espere… o quê?” Emily piscou, descrença turvando suas feições. “Heather, você tem certeza? Isso… isso não faz sentido. Como ele poderia ser James?”
As mãos de Heather estavam apertadas em punhos em seu colo, seus nós dos dedos brancos. Ela assentiu lentamente; sua expressão sofrida, como se as memórias estivessem se recusando a permanecer enterradas por mais tempo. “Tenho certeza, Emily. Nunca poderia esquecê-lo. Ele está igual, exatamente como era há 27 anos atrás.”