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- Capítulo 102 - 102 Coração a Coração 102 Coração a Coração Emily se sentia
102: Coração a Coração 102: Coração a Coração Emily se sentia um pouco deslocada enquanto ela e Heather percorriam a reunião, mantendo-se próximas de Anne, que vinha apresentando-as a todos. Os lobos eram simpáticos o suficiente, mas havia um inconfundível ar de curiosidade que vinha da mistura de humanos com lobos.
De repente, um pequeno redemoinho de energia se lançou em direção a Emily.
“Tia Emily!” A voz aguda de Ryan ecoou enquanto ele se chocava contra as pernas dela, braços envolvendo-a num abraço feroz. Emily soltou uma risada suave, inclinando-se para levantá-lo em seus braços.
“Bem, olhe para você!” Emily sorriu, afastando alguns fios de cabelo do rosto dele. “Você ficou ainda mais alto desde a última vez que eu te vi.”
Ryan sorriu amplamente.
“Eu senti sua falta! Você deveria morar conosco de novo, como antes.” os olhos dele brilharam com esperança, e por um momento, o coração de Emily se amoleceu.
Ela deu um beijo na testa dele, cedendo ao pedido dele por um instante. “Eu também senti sua falta, Ryan. Mas você sabe, eu não posso morar com você o tempo todo, amigo.”
Ryan fez beicinho de modo dramático, se contorcendo levemente em seus braços. “Mas era divertido quando você morava!”
Emily deu uma risadinha suave, olhando para Anne, que assistia a interação com um pequeno sorriso. “Você tem um verdadeiro fã-clube,” Anne brincou enquanto bagunçava o cabelo de Ryan antes de apresentar Emily a mais alguns lobos.
Heather estava sentada entre um grupo de lobas mais velhas, e embora elas fossem amigáveis, o comportamento delas era… estranho.
Uma das mulheres mais velhas, com olhos penetrantes e cabelos entremeados de prata, se inclinou mais para perto de Heather, cheirando o ar ao redor dela. Não era nada sutil. O nariz da mulher tremeu antes de ela falar, sua voz calma e gentil. “Como está indo seu tratamento, querida?”
Heather piscou, surpresa. “Meu tratamento?”
A mulher assentiu sabiamente, seus olhos agudos observando Heather com interesse. “Nós podemos sentir o cheiro. Doença tem um odor, sabia. Fraco, mas perceptível.”
Heather percebeu do que ela estava falando, e forçou um sorriso educado. Lobos podiam sentir quase qualquer coisa, e doença não era exceção. Ela não tinha esperado que fosse tão evidente, no entanto.
“Está indo bem, obrigada,” Heather respondeu cautelosamente, tentando não pensar na ideia de ser tão facilmente ‘lida’ por um grupo de estranhos. As mulheres mais velhas simplesmente concordaram, satisfeitas, antes de voltarem sua atenção para a conversa delas.
Enquanto isso, Anne e Emily tinham encontrado um canto mais tranquilo na clareira, longe da maior parte da multidão. Anne parecia distante e distraída, e Emily rapidamente percebeu a tensão na postura de sua amiga.
“Tudo bem?” Emily perguntou, cutucando-a suavemente.
Anne suspirou pesadamente, seus olhos vasculhando a multidão antes de se fixarem em Damien, que estava conversando com alguns membros da matilha por perto. “Damien me contou tudo,” ela disse baixinho, sua voz mal audível sobre o crepitar da fogueira à distância. “Sobre manipular o Detetive Fred.”
Os olhos de Emily se arregalaram de surpresa. “Ele fez?”
Anne assentiu, sua expressão conturbada. “Sim. Ele achou que eu deveria saber. Acho que ele não queria manter segredos entre nós.”
Emily cruzou os braços, encostando-se em uma árvore próxima. “E o que você sente sobre isso?”
Os dedos de Anne tocavam distraidamente a marca de mordida em seu pescoço, um lembrete constante do vínculo que ela compartilhava com Damien. “Eu não sei, sinceramente,” ela admitiu. “Parte de mim entende por que ele fez isso. Ele queria me proteger, me manter segura. Mas… outro lado de mim sente que há segredos demais nesta matilha. Muitas coisas são feitas nos bastidores, e não tenho certeza se estou bem com isso.”
Emily franziu a testa, seu olhar desviando para Damien, que parecia sentir que estavam falando dele mas não se aproximou. “Pois é, eu entendo,” ela disse baixinho. “Não é fácil quando você percebe o quão fundo as coisas vão. Mas você confia nele?”
Anne ficou em silêncio por um longo momento, seus olhos pensativos. “Eu confio. Eu só… preciso descobrir como lidar com tudo isso.”
Emily assentiu, entendendo a complexidade da situação de Anne. Ela mesma ainda estava lidando com suas próprias questões sobre a confissão de Chris. Confiança era algo difícil de encontrar neste mundo, mas era necessária se eles pretendiam sobreviver nele.
“Você deve perdoá-lo.” Emily disse de repente.
Anne olhou para cima, surpresa com a declaração de Emily. “Perdoá-lo?” ela repetiu, incerta de como prosseguir.
Emily assentiu, seus olhos cheios de empatia. “Perdão não significa esquecer ou desculpar o que ele fez, mas vocês dois passaram por muita coisa.” Ela se inclinou mais perto e sussurrou. “E se você ficar brava com ele, isso não vai fazer a bruxa da mãe dele feliz?”
Anne riu.
“Você está certa,” Anne admitiu, seus ombros relaxando um pouco. “Eu não posso deixar que ela nos separe. Não de novo.” Ela olhou novamente para Damien, observando-o mover-se pela multidão, a testa franzida enquanto ele falava com alguns membros da matilha. Ele parecia cansado, como se o peso de tudo estivesse pressionando-o mais do que o normal.
“Obrigada, Em. Eu precisava ouvir isso.”
Emily assentiu, sua expressão séria de novo. “Mas falando sério… se você precisar dar um soco na cara de Damien, eu estarei aqui para segurá-lo para você.”
Anne riu, balançando a cabeça. “Vou lembrar disso.”
“Como estão as coisas entre você e Chris?” Anne perguntou.
Emily soltou um longo suspiro, cruzando os braços enquanto chutava a terra solta embaixo dos seus pés. “Complicado,” ela murmurou.
Anne levantou uma sobrancelha. “Complicado como?”
Emily hesitou, olhando de volta para a reunião onde Chris estava em pé com alguns membros da matilha, parecendo tão distante e tenso quanto sempre. “Ele disse que eu sou o par dele.”
As sobrancelhas de Anne subiram de surpresa. “Espera, ele finalmente confessou?”
Emily assentiu, ainda parecendo conflituosa. “Sim. Ele me contou tudo. Mas… eu estava brava com ele. Não só por causa disso, mas porque ele me contou sobre a manipulação de Damien com o Detetive Fred. Sobre o encobrimento do incidente com você.”
A expressão de Anne se suavizou com compreensão. “Ele te contou?”
Emily assentiu, suas mãos caindo para os lados em frustração. “Sim. Eu não sabia nem o que fazer com isso inicialmente. Quer dizer, eu estava irritada. Eles estavam mantendo segredos, e por quê? Para nos proteger? Eu entendo essa parte, mas eu odeio sentir como se estivesse sendo mantida no escuro. Como se eu não pudesse ser confiável.”
Anne suspirou, cruzando os braços e olhando em direção à fogueira. “Eu entendo.”
Emily soltou uma risada suave, balançando a cabeça. “É como se eles achassem que estão fazendo um favor ao não nos contar toda a verdade.”
“Exatamente.” Anne assentiu em concordância. “Mas… nós duas sabemos que as coisas não são tão preto no branco. Este mundo, ele é complicado, e às vezes eles fazem as coisas erradas pelo que acham que são os motivos certos.”
Emily franziu a testa, ainda insegura. “Então, o que eu supostamente devo fazer com isso? Apenas perdoá-lo por me manter no escuro?”
Anne ficou em silêncio por um momento, seu olhar se suavizando. “Sabe, Chris é muito como Damien nesse sentido. Os dois carregam o peso da responsabilidade, e às vezes isso significa tomar decisões que eles acham que vão nos proteger, mesmo que acabe nos machucando.”
Emily deixou escapar um riso abafado. “Então, o quê? Eu deveria simplesmente deixar passar.”