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- Capítulo 101 - 101 Churrasco 101 Churrasco Liana deu um aceno displicente
101: Churrasco 101: Churrasco Liana deu um aceno displicente com a mão. “Damien cuidará de Blaze. Aquele traidor cruzou a linha quando atacou Anne. Damien não vai deixar isso passar.”
“E Jackson?” A voz de Richard estava afiada; seu olhar fixo nela. “O que você planeja fazer com ele?”
Um pequeno sorriso frio surgiu nos lábios de Liana. “Jackson será controlado. Eu o calarei com alguns contratos e dinheiro. Ele é previsível, e sabe melhor do que morder a mão que o alimenta.” Ela fez uma pausa, recostando-se na cadeira. “É política, Richard. Você e eu sabemos que não é sempre sobre quem está certo, mas quem tem a vantagem.”
Richard exalou profundamente, seus olhos sondando os dela. “Às vezes eu me pergunto se Damien sabe o peso do mundo que estamos passando para ele.”
O sorriso de Liana desapareceu, seu rosto se tornando sério. Por um momento, algo cintilou em seus olhos, algo mais suave, mas isso desapareceu tão rápido quanto veio. “Ele descobrirá,” ela disse, sua voz agora mais baixa. “Ele é inteligente. E forte. Eu gostaria que Damien fosse realmente meu filho.”
O cômodo mergulhou em um silêncio imediato, o peso de suas palavras pendurado entre eles como uma nuvem escura. Richard se endireitou, franzindo a testa enquanto olhava para ela. “Liana,” ele disse, seu tom um aviso. “Ele é seu filho. Era isso que você queria, não era?”
Os lábios de Liana se comprimiram em uma linha fina, seu olhar desviando, como se ela estivesse perdida em alguma memória distante. “Sim, era o que eu queria,” ela admitiu, embora sua voz carregasse uma ponta de algo que deixou Richard desconfortável. “Mas às vezes eu me pergunto se ele herdou demais da natureza de sua mãe.”
Richard sentiu um nó apertado formar em seu peito. Havia anos que não falavam sobre isso—décadas até. Eles nunca haviam discutido abertamente o que aconteceu há 27 anos. O segredo que os unia, o que juraram manter enterrado.
“Você sabe que não falamos sobre isso,” Richard disse baixinho, sua voz pouco mais que um sussurro.
Liana encontrou seu olhar, sua expressão indecifrável. “Talvez devêssemos,” ela respondeu, sua voz agora mais dura. “Passamos anos fingindo, Richard. Mas fingir não faz desaparecer.”
Richard balançou a cabeça, não querendo adentrar aquelas águas perigosas. Não esta noite. “Damien é nosso filho,” ele disse firmemente, como se repetir isso tornasse mais verdadeiro. “O que está feito, está feito.”
Liana lançou a ele um olhar longo e medido antes de se levantar da cadeira. Ela alisou o vestido e aproximou-se dele, parando a poucos centímetros de onde ele estava.
“O passado tem uma maneira de nos alcançar, não importa o quanto tentemos fugir dele.”
Ela virou-se e caminhou em direção à porta, seus saltos ecoando contra o piso de madeira. Ao chegar ao batente da porta, olhou por sobre o ombro, seus olhos encontrando brevemente os de Richard.
“Não estrague isso, Richard.” Com isso, ela desapareceu no corredor, deixando Richard sozinho na luz fraca do escritório, os segredos não ditos pairando no ar entre eles.
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O sol estava baixo no céu, projetando longas sombras pelo claro no meio da floresta onde o churrasco da matilha estava a todo vapor. O cheiro de carne grelhada enchia o ar, misturando-se com o aroma terroso dos pinheiros e o ocasional rugido de risada de um dos lobos mais jovens. Mesas alinhavam as bordas do claro, empilhadas com pratos de comida, e a fogueira no centro crepitava com calor. Deveria ter sido uma reunião festiva, relaxada—um momento para a matilha se unir. Mas havia algo errado. Uma tensão não dita zumbia por baixo da superfície.
Anne estava próxima à margem do claro, braços cruzados, enquanto observava Ryan brincar com outras crianças. Sua mandíbula estava apertada, e seus olhos estreitados na direção de Damien enquanto ele conversava com outros lobos. Ela não estava com humor para festa. Não depois do que Damien tinha confessado. Toda sua família era uma teia de segredos. Seus dedos tocavam de forma distraída a marca de mordida em seu pescoço. Parecia mais pesada agora, sabendo de tudo que ela acarretava.
Damien, por sua parte, estava fingindo. Fingindo que estava tudo bem, fingindo que seus pais eram os justos e benevolentes Alfa e Luna. Suas mãos estavam cerradas em punhos ao seu lado, a frustração queimando em seu peito. Ele estava cansado de tudo—isso das mentiras, da manipulação, das expectativas. Ele olhou para Anne, parada à parte, e culpou a si mesmo por isso.
Emily e Chris não estavam melhores. Emily não tinha falado com Chris desde sua confissão. Ela não podia acreditar que ele tinha guardado um segredo tão grande dela. Ela estava furiosa e, ainda assim… conflituosa. Ela nunca tinha visto Chris tão vulnerável, tão dilacerado. Mas agora ela não sabia o que pensar. Sua revelação tinha abalado sua confiança.
O som de passos se aproximando pela floresta desviou a atenção de Anne de seus pensamentos fervilhantes. Emily e Heather surgiram entre as árvores, parecendo deslocadas, como se tivessem acabado de entrar em um mundo ao qual não pertenciam. O claro ficou quieto por um momento, lobos olhando em sua direção, curiosos e cautelosos. Convidados humanos não eram uma visão comum em uma reunião da matilha, mas Anne havia insistido, e Alfa Richard tinha dado sua aprovação.
Emily hesitou à margem do claro, seus olhos varrendo a multidão. “Sinto que acabamos de entrar em um especial da National Geographic,” ela murmurou para Heather, tentando ignorar a sensação de ser observada pelo que pareciam ser centenas de lobos.
Heather a cutucou. “Vamos ficar bem. Apenas… aja normalmente. Bem, o mais normal possível.”
Os lobos não estavam exatamente escondendo o que eram, e Emily nunca os tinha visto tão… livres. Havia membros da matilha em formas meio transformadas, garras e presas à mostra, seus olhos brilhando levemente ao anoitecer. Era inquietante.
Anne forçou um sorriso enquanto caminhava para cumprimentar Emily e Heather. “Vocês conseguiram,” ela disse, embora sua voz não tivesse o calor usual. “Eu sei que é muito para absorver.”
“Eufemismo do ano,” Emily retrucou, embora seu sarcasmo usual estivesse amortecido pela inquietação que sentia. Ela observava os lobos, que claramente a estavam avaliando. “Eles são sempre tão… lobisomens?”
Anne riu, embora soasse vazio. “Depende do dia.”
Damien se aproximou, sua expressão tensa enquanto se juntava a Anne. “Emily, Heather,” ele as saudou com um aceno, tentando parecer mais composto do que se sentia. “Que bom que vocês conseguiram vir.”
Emily cruzou os braços. “Não perderia por nada,” ela disse secamente, seus olhos se voltando para Chris, que estava do outro lado do claro. Ele a observava, mas não fez nenhum movimento para se aproximar.
Heather, percebendo a tensão entre todos, pigarreou. “É… uma reunião e tanto,” ela disse, tentando aliviar o clima. “Primeira vez em um churrasco de lobisomens. Não estava na minha lista de coisas a fazer antes de morrer, mas aqui estamos.”
Damien deu-lhe um sorriso forçado. “Gostamos de manter as coisas interessantes.”
“Venham, juntem-se a nós.” Damien disse e os levou para dentro.