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Capítulo 586: Árvores Tocantes
Xu Feng não era a pessoa mais desastrada do mundo, mas mesmo ele sabia que andar com os dois bebês nos braços — já sonolentos e pesados de sono — era um risco que ele não precisava correr. Era diferente quando estavam seguros contra ele em um carregador, aconchegados e seguros.
Ele poderia fingir que o orgulho era mais importante que a cautela, mas não era o caso. Não quando se tratava de seus filhos.
Segurança em primeiro lugar. Sempre.
A noite tinha terminado em caos.
Mas esse tipo de caos… isso poderia ser seu novo normal.
Com Xiao Long e Da Long limpos e trocados em pijamas frescos — um par de macacões combinando azul claro e verde claro estampados com pequenos aviões — a guerra deles contra o sono estava quase acabando.
Os dois meninos já estavam pela metade no reino dos sonhos, suas cabecinhas balançando levemente enquanto seus corpos lutavam para ficar acordados. Membros espasmando pela força de vontade de permanecer acordados.
Xu Feng movia-se lentamente pelo quarto das crianças, esfregando as costas de Da Long em círculos suaves e ritmados enquanto o embalava. O peso macio de seu filho em seus braços era reconfortante, mesmo com a exaustão se aproximando. Do outro lado do quarto, Xiao Long estava encostado no peito de Xuan Yang, os olhos mal abertos, mas ainda observando.
Ainda esperando.
Xu Feng bufou suavemente. Esses dois eram algo mais. Eles tinham uma preferência e, nesta noite, deixaram claro — eles queriam o pai ger.
Pelo menos eles não estavam chorando mais.
Com movimentos cuidadosos, ele colocou Da Long em seu berço, seus dedinhos ainda cerrados ao redor da manga de Xu Feng mesmo enquanto o sono o dominava completamente. Seu aperto só relaxou após mais alguns toques silenciosos em suas costas. Uma vez satisfeito, Xu Feng virou-se para seu outro filhote, já estendendo a mão para Xiao Long.
Um sussurro silencioso da porta o fez pausar.
Os outros quatro filhos haviam chegado.
Xiao An e Xiao Momo foram conduzidos para dentro, cada um esfregando os olhos sonolentos enquanto caminhavam pelo quarto das crianças com passos silenciosos. Atrás deles, os novos bebês seguiam, um sendo carregado por Xu San e o outro por Xu Si.
Xu Feng observava-os com diversão silenciosa. Mesmo colocar todas as crianças para dormir era uma provação, mas essa era a nova normalidade. Os dois filhos de Lee vinham dormindo com os filhotes desde que voltaram para a propriedade Nanshan — seria justo separar os recém-chegados?
Xiao An e Xiao Momo permitiriam isso?
Ele murmurou, esfregando absentemente a cabeça de Xiao Long enquanto o menino se ajeitava em seu peito.
Seu quarto das crianças estava grande o suficiente agora, mas e no futuro?
Onde dormiriam as crianças se o número crescesse?
Ficariam em um pátio separado? Tomariam um dos anexos não utilizados da propriedade? Ou — seriam criados entre os servos?
Seu olhar se voltou para os berços e camas pequenas ordenadamente dispostas ao redor do quarto das crianças.
Ele não havia pensado nisso antes — não completamente. Ele já estava administrando uma casa, mas estava também administrando uma creche… e um centro noturno?
Era algo para se pensar. Mas não esta noite.
A Noite não espera por ninguém.
Um a um, as crianças sucumbiram ao sono, o ritmo suave de sua respiração preenchendo o quarto das crianças até que os únicos que restavam em pé eram três adultos.
E mesmo isso não duraria muito mais.
O pátio lá fora estava silencioso. Nem mesmo seus cachorros latiam ao longe. O ar noturno estava fresco, mas o calor dentro do quarto das crianças mantinha o frio afastado.
Havia coisas para discutir. Coisas para planejar. Mas Xu Feng mal conseguia manter a consciência a essa altura. A exaustão que vinha se insinuando nas bordas de sua consciência durante toda a noite finalmente o atingiu em sua plenitude.
Seus membros se sentiam pesados.
Seus pensamentos vagavam.
E justo quando um bocejo sacudia seu corpo, fazendo suas pálpebras tremeluzirem —
Ele estava no ar.
Braços fortes o envolveram sem esforço, levantando-o do chão como se ele não pesasse nada.
Xu Feng nem sequer pestanejou.
Não havia ponto em lutar contra isso.
O calor de seu iceberg o envolveu como um casulo, e ele se permitiu derreter nele.
O dia tinha sido longo. Amanhã provavelmente seria tão ocupado quanto. Se Xuan Jian queria carregá-lo, quem era ele para recusar?
Os olhos semicerrados se ergueram para ele, um leve sorriso sonolento brincando em seus lábios. “Você está me mimando.”
Xuan Jian não respondeu com palavras — ele apenas o segurou mais perto, seu aperto firme mas cuidadoso enquanto o carregava para fora do quarto das crianças.
Xu Feng suspirou baixinho, permitindo que seus olhos se fechassem.
A porta do quarto das crianças ficou aberta — não que fosse necessário. Ele suspeitava que a audição de Xuan Jian era melhor do que a dele e de Xuan Yang juntos. Os dois acordariam no momento em que qualquer uma das crianças se mexesse.
O ar quente do quarto os cumprimentou antes mesmo que ele percebesse que haviam cruzado o limiar. Diferentemente do salão principal onde haviam jantado mais cedo, seus quartos privativos eram equipados com piso aquecido, fazendo com que o frio da noite se dissipasse no momento em que entraram.
Xu Feng relaxou ainda mais.
Mais reformas estavam por vir. O aquecimento seria estendido por toda a propriedade. Era caro, sim, mas agora eles tinham os fundos. E Xu Feng queria que seu povo vivesse confortavelmente.
Xu Zeng até concordou sem reclamar. O tesouro que ele ganhou com tanto esforço estava sendo gasto livremente — com sua permissão.
Mais mudanças estavam a caminho.
Xu Feng sorriu levemente ao pensar nisso.
O calor do quarto se infiltrava em sua pele, e ele mal percebeu como suas roupas estavam sendo removidas, o tecido deslizando dos seus ombros com facilidade.
Eles o conheciam muito bem.
Ele não gostava de dormir com suas roupas de fora. Prefiria roupas frescas, limpas e soltas antes de ir para a cama — era um de seus pequenos hábitos. E sem dizer uma palavra, seus maridos garantiram isso.
Ele passou a noite cuidando de seus filhos.
E agora, eles estavam cuidando dele.
Enquanto Xu Feng era vestido com algo macio, confortável, feito apenas para dormir, uma voz tranquila ressoou perto de seu ouvido.
“Durma, Feng’er.”
E—
Ele não resistiu.
.
.
.
A carruagem estava cheia de um suave zunido de excitação, uma mistura de risadas eufóricas e pequenos suspiros enquanto as crianças mais velhas maravilhavam-se com o mundo lá fora.
Os dois menores, Pequeno Tesouro e Grande Tesouro — Xu Feng ainda não lhes havia dado nomes permanentes, mas por enquanto, eram seus tesouros — estavam aconchegados em cestos forrados com cobertores quentes. Suas formas minúsculas eram praticamente engolidas pelos macacões azuis macios que usavam, seus rostinhos redondos espiando por entre os tecidos.
Ao lado deles, Xiao Long e Da Long usavam macacões combinando com temas aquáticos, ambos azuis, mas com detalhes bordados diferentes. Xiao Long tinha peixinhos bordados em seu peito, enquanto Da Long tinha uma baleiazinha.
Do outro lado, Xiao An e Xiao Momo estavam sentados em seus lugares, os olhos arregalados de curiosidade enquanto eles espiavam pelas janelas da carruagem. Suas roupas também eram retiradas do estoque pessoal de Xu Feng — roupas modernas de seu antigo mundo.
Momo, o pequeno ger, usava um elegante traje de menino, completo com um colete de tricô macio que o fazia parecer mais velho do que sua idade. A roupa de Xiao An era destinada a uma criança de cinco anos — servia bem o suficiente, mas estava claro que se ela fosse mais alta, as roupas modernas não funcionariam.
Xu Feng fez uma nota mental para verificar se aquele era o maior tamanho que ele tinha em seu estoque. Ele teria de fazer algumas roupas sob medida para Xiao An, se fosse o caso.
Todos os quatro bebês estavam acomodados em cestos temporários, seguramente ajeitados ao lado deles com um carrinho dobrado embaixo do assento da carruagem.
Xu Feng sabia que essa viagem não seria fácil. Seis crianças, todas com menos de cinco anos, e apenas cinco adultos para gerenciá-las. Xu Si, Xu San e Lee Hua estavam ocupados com a propriedade e o início das reformas, o que significava que hoje, a responsabilidade de cuidar dos seis filhos recaía sobre ele, Xuan Yang, Xuan Jian, Xu Zeng e Xu Hu Zhe.
Deveria dar certo.
Certo?
Guomin estava destinado a assumir como seu motorista oficial em breve, mas por hoje, eles mantiveram as coisas como estavam. Xu Feng racionalizou que deixá-lo para trás apenas desta vez não causaria problemas. Ele precisava ver como estava sua loja na cidade de Yilin, e não havia maneira melhor de acabar com rumores do que aparecendo em público, exatamente como era — inapologeticamente ele mesmo.
E além do mais, esconder-se nunca havia funcionado mesmo…
A viagem estava suave, com as rodas da carruagem deslizando sem esforço pelas estradas bem trilhadas que levavam em direção à cidade de Yilin. O balanço suave embalava o Pequeno Tesouro e o Grande Tesouro para um sono leve, seus dedinhos enroscando-se nas bordas de seus cobertores. Xiao Long e Da Long não estavam muito atrás, seus pés cobertos por macacões ocasionalmente chutando antes de também adormecerem.
Mas Xiao An e Xiao Momo? Eles estavam completamente acordados.
Seus olhos se enchiam de admiração enquanto observavam a paisagem passando.
“Olha! Olha!” Xiao Momo exclamou, apontando empolgadamente para os vastos campos que se estendiam pelo horizonte. “Árvore!”
Xiao An concordou rapidamente, suas mãozinhas agarrando a borda da janela enquanto tentava ver mais, como se nunca tivessem visto árvores antes. “E aquelas árvores! São maiores que em casa!”
Xu Feng riu, observando os dois. “Esta é a primeira vez que saem da propriedade em um tempo, não é?”
Xiao An virou-se, seus olhos brilhantes olhando para ele de forma astuta. “Sim!”
Xiao Momo concordou avidamente. “Podemos sair e tocar nas árvores?”
Xu Feng piscou. “Não.”
As duas crianças gemeram de decepção, mas antes que pudessem reclamar mais, Xuan Yang interveio com um sorriso raro e divertido. “Na primavera, quando vocês forem um pouco mais velhos e o tempo estiver mais quente.”
Xiao Momo resmungou, mas não discutiu. Xiao An, por outro lado, voltou sua atenção para a janela, contente em continuar observando em silêncio.