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Capítulo 574: Bate-papo Florido
Suas palavras se perderam em um suspiro sufocado, os ombros tremendo sob o peso de suas próprias ações.
Xu Feng observava-o, com uma expressão indecifrável. Era exatamente sobre isso que ele queria conversar.
Sem evitar. Sem desculpas.
Ele já havia tocado no assunto quando voltou para Nanshan, mas eles não tinham tido a chance de conversar a sós — sem Min, sem quaisquer intermediários.
Apenas a verdade.
Isso não era uma caça às bruxas. Não se tratava de punição.
Xu Feng simplesmente queria pessoas de confiança ao seu redor. E ele confiava em Lee Hua. A parteira era dedicada à sua família desde o início. Mas dedicação não é o mesmo que lealdade. Confiança não era apenas sobre sentimentos — precisava ser testada e comprovada.
Em algum momento, a Propriedade Nanshan se tornou seu lar.
Essa percepção assentou algo profundo dentro dele.
Isso por si só deveria ter sido suficiente. Se Lee Hua estava disposto a proteger seu lar, essa era uma forma de lealdade. Mas, por algum motivo, Xu Feng precisava de mais. Ele precisava ter certeza.
Nem tudo era sempre alegria e arco-íris.
Afinal, nos filmes antigos, era sempre o mordomo. Nas histórias mais novas, era o membro da família ou o amigo mais próximo. Eram sempre os mais próximos de você que carregavam uma faca destinada às suas costas…
O silêncio se estendia entre eles, pesado e incessante.
Então, finalmente, Xu Feng falou.
Sua voz era calma, mas firme — inabalável.
“Já discutimos isso quando eu voltei. Normalmente, eu deixaria para lá. Não gosto de chover no molhado —”
Lee Hua estremeceu, sua respiração interrompida.
Xu Feng fez uma pausa, reconhecendo — okay, talvez não fosse a melhor analogia — mas ele precisava manter seu ímpeto.
“Mas.”
O corpo inteiro de Lee Hua se tensionou, congelado como se estivesse se preparando para o golpe final.
Xu Feng inclinou-se ligeiramente para frente, seu tom medido, deliberado.
“Eu queria conversar apenas nós dois. Sem Min, sem Si, sem San. Nanshan é especial para mim. Desta vez… e da última também.”
Os lábios de Lee Hua se separaram, sua respiração irregular, confusão piscando em seus olhos.
Xu Feng não iria explicar, entretanto.
Ele havia encontrado seus amantes aqui antes. Mais de uma vez.
Esse lugar… realmente era seu lar. Um lugar onde compartilharam momentos mais leves, um lugar de segurança. E ele queria que permanecesse assim, nesta vida e em todas as que viessem.
Não apenas para ele e seus maridos. Mas para as pessoas que o chamavam de lar.
Conhecer os irmãos Zhang, Chun, Ping — e agora os dois bebês sem nome, chamados ‘Bebê’ e ‘Segundo’, respectivamente, desde seus nascimentos — tornou sua visão mais clara.
Ele não estava apenas protegendo uma residência. Ele estava protegendo eles.
“Mesmo se eu tivesse morrido,” Xu Feng continuou, sua voz inabalável, “meus maridos honrariam meus desejos.”
Os olhos de Lee Hua se arregalaram.
“Eu pedi para você ficar,” Xu Feng disse simplesmente. “E meus maridos honrariam isso.”
Um único momento passou.
Então —
Lee Hua colapsou de joelhos.
O primeiro soluço arrancou de sua garganta, cru e sem filtro.
Lágrimas escorriam por suas bochechas, mas ele não as enxugava. Todo o seu corpo tremia enquanto ele abaixava a cabeça, suas mãos apertadas contra o colo como se estivessem agarrando algo invisível.
Xu Feng exalou suavemente.
O silêncio voltou, estendendo-se denso entre eles. Os únicos sons no pátio eram o canto distante dos pássaros e o ocasional sussurro do vento entre as árvores.
Os ombros de Lee Hua tremiam, suas mãos se fecharam em punhos apertados. Suas respirações eram superficiais e irregulares, como se ainda tentasse processar tudo o que Xu Feng havia dito.
Xu Feng suspirou em silêncio.
Esta não era a reação que ele queria. Não inteiramente.
Ele não o havia chamado aqui para quebrá-lo. Ele não estava buscando alguma exibição dramática de culpa.
Ele apenas precisava que Lee Hua entendesse.
Não apenas sobre Xu Feng, mas sobre a Propriedade Nanshan. Sobre a forma como as coisas tinham que ser.
Com passos lentos e deliberados, Xu Feng se levantou de seu lugar na mesa de jantar. Suas vestes balançavam levemente enquanto ele parava diante de Lee Hua, olhando para baixo para o homem que permanecia curvado.
“Eu não te chamei aqui para te ver assim,” ele finalmente falou, sua voz firme, mas sem crueldade. “Eu queria clarear as coisas.”
Lee Hua sugou um fôlego trêmulo, mas ainda não levantou a cabeça.
Xu Feng continuou, seu tom mudando para algo mais estável — inabalável. “Nanshan é meu lar. Isso não são apenas palavras. Não é apenas onde eu vivo. É onde minha família está. É onde me sinto seguro. E isso significa que preciso confiar nas pessoas que estão aqui.”
Nesse momento, Lee Hua finalmente levantou a cabeça. Seus olhos estavam vermelhos, mas havia algo mais neles agora.
Entendimento.
Resolução.
Seus lábios tremiam levemente enquanto ele sussurrava, “Eu quero isso também, Mestre Feng.”
Por um longo momento, ele permaneceu ajoelhado lá, suas mãos agarrando suas vestes como uma tábua de salvação.
“Eu não preciso ouvir o porquê,” Xu Feng disse após uma pausa. “Ou quaisquer explicações.”
Lee Hua piscou, surpreso.
Xu Feng exalou e então continuou, sua voz agora mais suave e mais certa.
“Mas se você quer ficar—se você realmente quer ser parte deste lar, protegê-lo—não apenas contra estranhos mas às vezes até contra nós mesmos…” Ele deixou as palavras se assentarem antes de adicionar, “Então eu adoraria que você ajudasse Xu Si e Xu San.”
Os soluços de Lee Hua tornaram-se mais pesados, seus ombros tremendo violentamente.
Não de medo.
Não de arrependimento.
Mas de alívio.
A represa havia se rompido e o fluxo de emoções já não poderia ser contido.
Xu Feng deixou o momento esticar entre eles, permitindo que as emoções se assentassem.
Não era sobre esquecer.
Não era sobre apagar erros.
Mas às vezes, tudo que alguém precisava era a chance de acertar as coisas.
E Xu Feng havia dado a ele essa chance.
Por enquanto, isso era suficiente.
“…Obrigado,” Lee Hua sussurrou, voz mal acima de um sopro.
Xu Feng não tinha dúvidas—Si e San haviam feito um trabalho incrível mantendo a propriedade Nanshan funcionando. Jovens como eram, eles eram dedicados, trabalhadores e se equilibravam mutuamente. Mas seu mundo era pequeno.
Eles não tinham sido expostos à variedade de pessoas que iam e vinham, suas vidas eram, em sua maioria, passadas na negligenciada propriedade Nanshan.
Suas interações eram limitadas aos membros da casa existente, os moradores da vila e os mercadores ocasionais. Eles nunca haviam entrado em residências nobres ou testemunhado como diferentes classes realmente funcionavam.
Lee Hua, por outro lado, tinha experiência de sobra.
Como parteiro, ele entrou e saiu de incontáveis lares, entregando várias crianças ger para famílias de todos os patamares—ricos e pobres, nobres e comuns. Ele havia visto como lares poderosos operavam, como eram estruturados e onde as linhas de autoridade eram traçadas.
Si e San poderiam aprender muito com ele.
E então, havia Zhang Hui.
Xu Feng estivera observando-a desde o momento em que se conheceram. Ela poderia ser confiável?
Ele não sabia.
Mas Xu Hu Zhe e até mesmo Xu Zeng pareciam pensar que sim.
Ele confiaria nela?
Não completamente. Ainda não. Mas confiança não precisava ser distribuída cegamente—ela poderia ser cultivada. E para isso, alguém precisava de uma mão guia.
Enquanto Si era ótima monitorando de um ponto de vista um tanto quanto igual, ela era ótima em sondar informações e ser criativa.
San tinha como foco principal o Pátio Florescente. Ela era uma excelente administradora, mas Xu Feng não queria que ela estivesse encarregada das pessoas também. Suas forças residiam em gerir a propriedade em si, não o crescente número de servos e residentes.
Aquela função?
Perfeita para Lee Hua.
Ele não precisava ser o mais social, mas tinha o olhar para manter as pessoas sob controle.
Xu Feng lançou um olhar para o ger ajoelhado em sua frente, ainda se recuperando de seu colapso emocional. O silêncio entre eles se esticou por um momento antes de Xu Feng finalmente falar:
“Você aceita a posição?”
Os olhos vermelhos de Lee Hua se arregalaram em choque. Ele encarou Xu Feng como se tivesse ouvido mal.
Então, como se as palavras finalmente tivessem penetrado, seu corpo todo se inclinou para frente.
“Sim!”
Mas antes que Xu Feng pudesse sorrir com o entusiasmo, Lee Hua sacudiu a cabeça, murmurando, “Eu não mereço—”
Xu Feng não estava disposto a jogar o jogo da humildade.
Ele levantou uma mão, cortando efetivamente qualquer bobagem autodepreciativa que Lee Hua estava prestes a dizer.
“Eu confio em você.”
As palavras eram simples, mas o peso por trás delas era inegável.
Lee Hua parou, os lábios se abrindo em descrença.
Xu Feng continuou, seu tom firme, inabalável. “Eu sei que você é capaz. Você vê através das pessoas. É exatamente por isso que quero você nesta posição.”
Lee Hua ainda parecia atônito, mas engoliu em seco, assentindo.
Xu Feng inclinou a cabeça para trás levemente, satisfeito.
“Bom. Então trabalhe para ser digno da confiança de nossa família.”
Lee Hua aquietou-se, assentindo novamente—mais firmemente desta vez.
Xu Feng tomou isso como um bom sinal e prosseguiu.
“Acho que Zhang Hui poderia ser uma boa mão direita para você.”
Lee Hua piscou, surpreso.
“Ela parece ser boa com crianças,” Xu Feng continuou. “Eu não sei que outras habilidades ela tem, mas deixarei isso para você e San descobrirem. Vejam onde ela se encaixa melhor.”
Lee Hua simplesmente o encarou, com a boca levemente aberta como se ainda tentasse acompanhar.
“Nosso lar vai mudar muito hoje.” Xu Feng exalou. “Mas eu confio em você, San, e Si para lidarem com isso. Vamos ter mais pessoas aqui, e elas vão precisar de muitos cuidados. O inverno é rigoroso, mas vou garantir que ninguém passe fome ou frio.”
Xu Feng havia começado a divagar, já listando os preparativos em sua mente—comida, roupas, renovações… O inverno está chegando, e Nanshan não estava pronto. Tudo precisava ser acelerado—