Capítulo 1173: KAYDEN

“Você não deveria se desculpar e voltar para sua alcateia agora?” perguntou Sean a Kayden enquanto tomava seu segundo copo de uísque.

Ele nem mesmo entendia por que ele poderia estar aqui e acompanhar seu primo que estava fugindo de casa.

“Não,” respondeu Kayden secamente e essa era a mesma resposta que ele dava a cada pergunta e sugestão que Sean lhe fazia.

Uma semana atrás, Kayden teve uma grande discussão com seu pai, Torak, na qual nem sua mãe conseguiu mediar como de costume.

E no final da briga, Kayden escolheu sair de casa. Ele precisava de uma vida além da sombra de seu grande pai.

Para outros, talvez ter um pai como Torak Donovan fosse uma honra.

Bem, Kayden sentia o mesmo até perceber o pesado fardo da responsabilidade que tinha de carregar ao estar sob o nome de seu pai.

Cada olhar que o observava o julgava e o comparava ao seu pai. Não só isso, Kayden começou a sentir que todos esperavam que ele fosse maior que seu pai ou pelo menos tão grande quanto seu pai na execução de sua função como alfa.

Com todas essas expectativas irracionais, isso fez com que Kayden se sentisse muito inseguro para assumir o cargo de seu pai.

Não era que Kayden se menosprezasse, ele não era ruim, é que quando se tratava de superar o que seu pai havia realizado, ele se sentia como se fosse nada…

Kayden realmente cuidava de seu pai. Torak era uma figura que sempre foi um exemplo para ele, por isso, ele sempre quis ser como seu pai, mas as esperanças e expectativas das pessoas ao seu redor faziam Kayden se sentir sufocado e isso piorava a cada dia.

Especialmente quando o lado dele, que sentia que não seria capaz de ser como seu pai começava a ressurgir, Kayden inconscientemente odiava Torak e, ao sentir isso, ele odiava a si mesmo.

“Ei, pelo menos me diga por que você fugiu de sua alcateia?” Sean perguntou, ele olhou para seu primo que parecia muito perturbado.

Ele estava bastante feliz porque eles eram transmorfos onde podiam conversar em voz baixa e ainda assim conseguiam se ouvir neste clube noturno, onde a música estava alta.

Kayden não respondeu à pergunta e tomou mais um gole de sua bebida.

Vendo a atitude de seu primo, Sean estava realmente frustrado. “Não consigo entender por que seu pai ainda não o encontrou até agora.” Se Torak quisesse encontrar Kayden, claro que ele teria sido capaz de descobrir onde seu filho estava em questão de horas, mas até esta semana, nenhum transmorfo perseguiu Kayden.

“Talvez minhas palavras o tenham machucado e ele não queira mais me ver,” respondeu Kayden sem pensar duas vezes.

“Absurdo.” Sean não conseguia acreditar que seu tio, Torak Donovan, simplesmente deixaria seu filho amado ir. “Acho que seu pai só queria que você fosse mais responsável pela sua vida, para que você assumisse a posição de alfa dele.”

Neste ponto, ao olhar para os problemas que Kayden estava enfrentando, Sean se sentia sortudo por seu pai, Kace, não ser um alfa, então ele não teria dúzias de pessoas que seriam sua responsabilidade no futuro.

Ah! Só de imaginar isso já deixava Sean enjoado…

“Congelando todos os meus cartões?” Kayden virou-se para Sean e deu a seu primo um olhar sinistro. “Ele queria me matar.”

“Na verdade não… Acho que o Tio Torak só quer que você fique sem dinheiro e volte para casa.” Fazia mais sentido, mas Sean também entendia que Kayden não estava falando sério quando disse que seu pai queria matá-lo.

E antes que os dois pudessem continuar a conversa, duas mulheres se aproximaram. Ambas as mulheres usavam roupas muito curtas e maquiagem demais com lábios vermelhos sedutores.

Na verdade, nenhuma delas era ruim, é só que nem Kayden nem Sean realmente gostavam desse tipo de mulher.

“Ei, quer nos pagar uma bebida?” perguntou uma delas, que então se sentou ao lado de Kayden e a outra mulher se sentou ao lado de Sean.

Felizmente, o som da música alta impediu que os dois ouvissem os rosnados de desaprovação dos dois homens.

Claro que Kayden e Sean pareciam muito atraentes para qualquer mulher que os visse. Seus rostos e corpos eram a combinação perfeita que todas as mulheres desejam dos homens com quem saem.

Na verdade, muitas mulheres já tinham prestado atenção nos dois homens, mas apenas essas duas, que eram corajosas e um pouco sem vergonha o suficiente, e tinham coragem para se aproximar abertamente dos dois.

“Você pode pedir qualquer bebida, eu pagarei por ela, mas nos deixe,” disse Kayden em voz firme. Ele não gostava que mulheres ficassem muito próximas a ele, e Sean também não.

Só que Sean conseguia disfarçar seu desgosto melhor.

“Por quê? Eu não vi nenhuma outra mulher com você todo esse tempo,” disse a mulher loira sentada ao lado de Sean, que tentou esfregar seu corpo na frente do transmorfo, mas Sean tentava evitar.

“Senhoras, me desculpem, mas nós dois estamos disponíveis,” Sean disse, salvando a ambos. “Mas se vocês só querem algo para beber, podem pedir o que quiserem.”

“Disponíveis?” disse uma delas com voz sombria e apoiou o queixo no ombro de Sean, isso fez o corpo do homem enrijecer. Ele não gostava desse gesto. “Vocês dois estão sozinhos? Não me digam que estão em um encontro um com o outro,” disse a mulher em tom de brincadeira, ela não pretendia ser séria ao dizer isso.

“Você está certa,” Kayden respondeu, levantando-se imediatamente. Ele sentiu que se essas mulheres o incomodassem mais um pouco, ele cometeria um ato ainda mais violento do que isso. “Nós estamos em um encontro e vocês nos incomodaram.”

Depois de dizer isso, Kayden imediatamente pegou a mão de Sean e o levou para longe do local, deixando as duas mulheres em silêncio, em seus lugares e sem poder dizer mais nada.

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“Você está arruinando minha reputação,” Sean resmungou quando chegaram ao estacionamento, onde ambos dirigiam seus próprios carros. “O que esse gesto com a mão significa?” Sean perguntou desconfiado quando viu Kayden estendendo sua mão para ele.

“Me dê seu cartão,” Kayden disse. “Não tenho mais dinheiro.” Como seu pai tinha congelado seu cartão, Kayden não podia usar seu dinheiro e não havia como ele viver na cidade sem nenhum dinheiro.

“Acabei de ser roubado?” Sean murmurou, olhando para o primo com incredulidade. “Você parece um delinquente. Pelo menos diga a palavra ‘por favor’.”

“Por favor,” disse Kayden imediatamente, em um tom uniforme. Se Sean queria ouvir essa palavra para que ele pudesse dar-lhe seu cartão, então Kayden a diria quantas vezes fosse necessário.

“Você sabe que seu pai é bilionário? Como você pode me pedir dinheiro? Por que você simplesmente não vai a uma das empresas do seu pai e pega o dinheiro de lá?” Sean resmungou.

Kayden bufou quando ouviu isso. “Você acha que eu não conheço a fortuna do seu pai?” ele disse sarcasticamente. “Me dê seu cartão e eu o devolverei depois que o meu tiver sido consertado.”

Sean revirou os olhos quando ouviu isso. “E quando será isso? Daqui a dez anos? Vinte, ou cem?” Qualquer um saberia que um transmorfo tem uma vontade muito forte e eles tendem a ser muito teimosos sobre qualquer coisa.

“Logo,” Kayden respondeu secamente, ainda estendendo a mão. “Não seja mesquinho em momentos como este Sean, eu vou pegar à força se você não me der o cartão.”

“Você realmente parece um delinquente agora. Eu sou dois anos mais jovem que você! Você não deveria me proteger?” ele resmungou. Kayden era um primo irritante neste momento.

“Eu sou mais velho que você, portanto, escute o que eu tenho a dizer,” Kayden disse com autoridade.

E no final, com o coração pesado, Sean deu a Kayden seu cartão com um resmungo. “Meu pai vai me matar se ele descobrir isso.”

“Então não deixe que ele descubra,” Kayden disse casualmente e deu um tapinha leve no ombro de Sean. “Obrigado.”

Depois de conseguir o que queria, Kayden saiu rapidamente, pelo menos com este cartão ele conseguiria sobreviver por alguns meses antes de conseguir um emprego.

Kayden realmente queria rir de si mesmo. Ele poderia conseguir qualquer coisa e fazer o que quisesse simplesmente voltando para casa e consertando seu relacionamento com seu pai, mas ele apenas complicava as coisas para si mesmo.

“Procurar um emprego…” Kayden bufou. Antes disso, ele gerenciava dez das empresas do pai, o que significava que ele empregava várias milhares de pessoas, mas agora ele estava procurando um emprego?

Kayden queria rir da ironia que enfrentava…

Já estava muito tarde e Kayden dirigia o carro sem rumo, tentando encontrar um hotel na cidade, onde ele pudesse ficar algumas noites e planejando qual seria seu próximo passo.

Claro, voltar para sua alcateia estava sempre na sua lista de tarefas, mas o pensamento disso o irritava muito consigo mesmo.

Como a maioria dos alfas teimosos, assim é Kayden…

É só que, quando Kayden estava dirigindo o carro, do nada alguém pulou na frente dele e o fez parar subitamente.

Era uma mulher e quando a mulher levantou a cabeça e olhou para trás para Kayden, o transmorfo permaneceu imóvel no seu assento, encarando a garota, enquanto seu coração batia erraticamente.

Kayden sentiu seu mundo parar e girar novamente com a garota como seu centro de gravidade…