Capítulo 1172: AURORA (FIM)

“Você não podia ter feito isso comigo…” Gerald murmurou enquanto o medo se apoderava de seu coração.

Draghar olhou para Gerald com um sorriso zombeteiro. “Por que não seria possível?” ele então se abaixou e pegou algo do chão, mas o que ele pegou apenas fez Gerald ficar ainda mais histérico.

Gerald gritou no topo de seus pulmões como uma garotinha inocente e assustada, isso feriu os tímpanos de Draghar, enquanto o grito ecoava nesse quarto pequeno.

Qualquer um que ouvisse o grito conseguiria imaginar o quão assustado o transmorfo estava. Eles começariam a pensar que tipo de horror o havia feito gritar assim.

Enquanto isso, Draghar ria com gosto, aproveitando todos os gritos que seu irmão emitia.

O que Draghar pegou do chão e fez Gerald gritar de terror, não era um objeto, mas o cadáver de Chio, o alfa desta matilha Rio Azul, o qual Draghar havia torturado anteriormente, enquanto esperava a consciência de Gerald retornar.

O corpo de Chio já estava visivelmente esmagado enquanto o sangue ainda escorria de sua pele descascando e quase apodrecendo. Pela expressão no rosto dele, Gerald poderia ao menos imaginar, que tipo de morte ele havia enfrentado antes.

“Não, não… não faça isso comigo Draghar… por favor…” Gerald implorou. A arrogância que ele exibia um momento atrás, quando tinha Aurora como sua prisioneira, não mais podia ser vista. Este homem até chorou, implorando por perdão do irmão que ele odiava. “Eu não farei de novo… Eu prometo que não farei de novo…”

Gerald cerrava sua mandíbula firmemente enquanto seu leve movimento fazia sua pele queimar. A dor era tão excruciante que ele se perguntava, que água era essa…

“Não fará de novo?” Draghar perguntou sarcasticamente. Ele então jogou o corpo em decomposição de Chio pelo banheiro e pegou uma grande garrafa de líquido metálico. “Você realmente tem uma chance de ser capaz de fazer algo novamente? A única coisa que você pode fazer agora é me alegrar com seu sofrimento.”

Então, sem aviso, Draghar despejou o líquido na água da banheira.

Foi então que os gritos e rugidos de Gerald foram ouvidos novamente e isso durou mais do que antes, mostrando o quão doloroso era.

“Isto é prata, líquido de prata,” Draghar disse casualmente quando os gritos de Gerald haviam diminuído um pouco. Talvez esse homem estivesse muito cansado e não lhe restasse mais energia.

“Não… não…” disse Gerald com voz fraca. Sua cabeça parecia que ia explodir e seu cérebro iria derreter.

“Não?” Draghar bufou. “Você machucou minha mulher, você deveria ter previsto isso.”

Então, Draghar tirou uma adaga, a mesma adaga que Collin havia usado para esfaqueá-lo antes.

Draghar então esculpiu uma palavra na testa e bochechas de Gerald com a borda afiada da adaga. Bastardo.

E isso forçou Gerald a gritar novamente tão alto que ele sentiu suas cordas vocais danificarem.

“Que pena… você é muito estúpido para perceber isso…” Draghar clicou a língua e então empurrou a cabeça de Gerald com a ponta da adaga, para dentro da água cheia de prata.

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“Você demorou muito,” Torak disse enquanto observava Draghar sair do banheiro onde estava torturando Gerald.

Torak estava lá desde o primeiro grito de Chio até a voz suplicante de Gerald pedindo por misericórdia de Draghar para não matá-lo. Torak ouviu tudo e ele gostou.

“Eu terminei há dez minutos, mas então lembrei que você havia pedido isso,” Draghar então levantou uma sacola plástica transparente em sua mão direita e colocou a sacola no chão, na frente de Torak. “Tenha cuidado, ainda há alguma prata ali.”

Após dizer isso, Draghar se afastou de Torak. Agora que sua vingança havia sido realizada, não havia mais nada que Draghar quisesse fazer além de estar ao lado de Aurora imediatamente. Ele queria ver sua mulher naquele exato instante.

Enquanto isso, dentro da sacola, acabou sendo a cabeça de Gerald. Draghar lembrou que Torak queria ver o que havia dentro da cabeça do homem que havia machucado Aurora. Foi isso que Torak disse quando eles invadiram a área da casa da matilha, algumas horas atrás.

Assim, Draghar cumpriu sua promessa trazendo a cabeça de Gerald para ele.

Por outro lado, quando Torak viu o que estava dentro da sacola plástica transparente, ele franziu a testa e murmurou irritado enquanto lançava um olhar cortante para as costas de Draghar, que se afastava.

“Garoto irritante.”

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“Ela vai ficar bem,” Raine disse suavemente enquanto se aproximava de Draghar que estava sentado imóvel por horas ao lado da cama de Aurora, segurando sua mão firmemente.

Draghar não disse nada. Ele havia permanecido em silêncio desde que retornou da matilha Rio Azul e terminou o que deveria ter sido feito há muito tempo.

Torak havia visto Aurora várias vezes e parecia muito preocupado com a saúde de sua filha, pois ela tinha uma capacidade de cura lenta, mas então o alfa se tornou muito compreensivo e deixava Draghar ao lado de Aurora de tempo em tempo, apenas os dois.

Torak pediu a Raine para deixar o homem sozinho, mas já havia passado muito tempo e ela sabia melhor como lidar com situações assim, pois ela também havia enfrentado a mesma situação muitas vezes, e entendia que isso não era nada agradável.

“Venha aqui…” Raine estendeu a mão e gentilmente abraçou a cabeça de Draghar. “Não se culpe assim, Aurora não iria gostar…” ela disse suavemente enquanto acariciava as costas de Draghar.

Ele não sabia o que o afligia, mas sentiu como se algo tivesse picado seus olhos e quando piscou, lágrimas caíram nos ombros de Raine.

Claro que isso o pegou de surpresa. Draghar nem se lembrava da última vez que havia chorado.

Ele não chorou nem mesmo quando viu Aurora machucada, é claro que seu coração doeu, mas ele sabia que suas lágrimas não trariam milagres e não fariam Aurora voltar para ele.

Portanto, ao invés de mostrar seu lado fraco, ele tentou ser forte. Suprimiu todos os seus sentimentos.

Especialmente após o incidente com Aurora. Draghar continuou se culpando por trás daquela alta muralha que havia construído. Ele falhou em salvar sua parceira e em protegê-la…

No entanto, quando Raine o abraçou calorosamente e esfregou suas costas enquanto dizia que não era culpa dele, algo dentro de Draghar se quebrou. A alta e forte muralha que ele construiu para se alienar estava rachada…

Draghar sentiu um amor de mãe que nunca havia recebido.

Ele não se lembrava de sua mãe o ter abraçado assim quando ele estava triste ou com dor.

Portanto, quando ele sentiu o calor desse abraço, Draghar não conseguiu segurar suas lágrimas.

“Eu sei que isso é difícil e você fez o seu melhor para salvar Aurora, e Torak e eu somos gratos por isso,” Raine sussurrou suavemente no ouvido de Draghar, ela não conseguiu conter as lágrimas ao dizer isso.

Essas palavras que Raine disse sinceramente, apenas fizeram Draghar perceber que ele precisava de palavras assim…

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“Estou irritada. Estou irritada,” Aurora resmungou quando Raine cortou seu cabelo curto porque quando Collin arrumou seu cabelo, ele fez um corte muito bagunçado e isso fez com que Raine, inevitavelmente, tivesse que aparar um pouco mais para deixá-lo arrumado.

“Seu cabelo vai crescer de novo, querida,” Raine disse suavemente, e então se inclinou e beijou a cabeça da filha. “Você está linda.”

Raine sabia o quanto Aurora amava seu longo cabelo cacheado e, pelo que ela podia se lembrar, ela nunca havia cortado acima da cintura, mas agora, até Raine podia ver a marca feita por Draghar, aparecendo por baixo do suéter branco que ela usava.

Se apenas Torak e Kayden vissem isso, teria sido ‘divertido’.

“Não olhe para mim,” Aurora resmungou enquanto via Draghar se aproximando dela, caminhando ao lado de seu pai.

Parecia que este incidente os aproximou um pouco mais, embora não pudesse se dizer que os dois se davam muito bem, porque afinal, ter dois alfas ao mesmo tempo no mesmo lugar não era uma boa ideia.

Esta manhã, depois que Aurora se sentiu melhor, Raine a levou para arrumar o cabelo.

E agora eles estavam os dois no quintal com a vista das montanhas ao fundo.

Raine gosta deste lugar.

Enquanto isso, vindo da direção da casa da matilha, Draghar e Torak caminhavam em direção às suas respectivas parceiras.

“Por quê? Você está linda,” disse Draghar enquanto se ajoelhava na frente de Aurora, segurando sua mão e pressionando-a aos seus lábios.

Isso fez Torak franzir a testa, embora ele não dissesse nada, parecia que o supremo alfa ainda não estava acostumado com a visão de sua filha sendo tocada por outro homem.

“Eu sei que sou linda, mas não gosto deste cabelo curto,” Aurora resmungou, ela fechou os lábios e isso fez Draghar rir baixinho e abraçá-la com força.

“Estou feliz que você esteja assim aborrecida,” Draghar sussurrou no ouvido de Aurora e bagunçou seu cabelo curto, tornando-o ainda mais desarrumado.

“Pare com isso,” Torak repreendeu, com uma carranca no rosto. “Aurora, venha aqui.”

Torak abriu os braços e sua filha correu para os braços de seu pai, que então penteou seu cabelo gentilmente e beijou sua testa.

“Eu não concordo com o seu parceiro em muitas coisas, mas concordo quando ele diz que você é muito linda, querida,” Torak disse em voz baixa e pareceu satisfeito quando sua filha riu.

Enquanto isso Draghar só podia resmungar com palavras incoerentes.

Mas, então, o olhar de Torak caiu sobre a marca que estava no pescoço de Aurora. Era uma marca que Draghar havia feito, o que significava que o relacionamento deles havia avançado além da imaginação de Torak.

“Essa marca…” Torak lançou um olhar afiado para Draghar. “Você…”

E como Raine havia esperado, isso seria divertido…

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