Capítulo 1161: AURORA (40)

“Você não deveria saber de uma coisa tão desprezível,” Draghar apertou a mandíbula fortemente.

Aurora então se aproximou de Draghar, ela podia ver a agitação nos olhos de seu parceiro, quando ela tinha aprendido sobre o passado que ele estava tentando esconder dela.

“Draghar, por quanto tempo você vai encobrir isso?” Aurora o olhou severamente. “Você não acha que eu mereço saber tudo sobre você? Eu vou te contar tudo sobre mim. Responderei a quaisquer perguntas que você possa ter sobre mim. Não esconderei nada de você.”

Draghar balançou a cabeça, ele se afastou de novo de Aurora, como se tivesse uma doença mortal que pudesse infectar a garota e isso só a deixava mais frustrada com a atitude do homem.

“Tudo é diferente Aurora, você não tem um passado como o meu!” Draghar rosnou para a garota à sua frente. Mas então ele balançou a cabeça vigorosamente de novo. O pensamento de que Aurora tivesse o mesmo passado que o dele assustava Draghar até o fundo da alma.

Ele não esperava que isso acontecesse com Aurora e estava muito grato que a garota não tivesse que sentir dessa maneira. Ela tinha a família perfeita e nada mais aliviaria Draghar do que saber disso.

É só que, quando você se acostuma a se fechar e enterrar todas as memórias amargas, que poderiam ser consideradas uma desgraça, você fica desacostumado a compartilhá-las, e no caso de Draghar, especialmente com Aurora…

Draghar não queria que Aurora soubesse disso, porque ele se sentia tão humilhado agora. Droga, Rosa!

Draghar se sentia tão vulnerável e ele não gostava desse sentimento, porque o lembrava de seu velho eu, que era fácil de manipular e seu valor próprio estava sendo pisoteado quando ele mostrava seu lado frágil e fraco.

E agora, com Aurora sabendo disso, por alguma razão Draghar se sentia muito irritado, porque ele sentia isso de novo.

“Draghar, você não pode me evitar o tempo todo.” Aurora tentou se aproximar dele, mas Draghar levantou a mão e a encarou.

“Por favor, não se aproxime de mim por agora,” ele disse de forma rígida, seu corpo tremendo e seus olhos castanhos virando negros, indicando o conflito interno que ele estava sentindo naquele momento.

“Não.” Aurora então avançou corajosamente e abraçou o corpo de Draghar. “Por que você está bravo? Você achou que eu iria te olhar diferentemente depois de descobrir sobre isso?” Aurora não entendia mesmo, ela não entendia o que Draghar temia dela saber isso.

“Por favor, fique longe de mim Aurora, eu posso te machucar,” Draghar rosnou novamente. Seu corpo enrijeceu no momento em que Aurora o abraçou quando suas emoções estavam bagunçadas e desorganizadas.

“Você não vai me machucar Draghar.” Aurora insistiu. “Eu quero que nós discutamos isso. Há algo errado com a forma como nos comunicamos se você não quer falar sobre o que está te incomodando. Se você precisa de tempo, eu vou te dar, eu vou esperar por você, mas não evite isso.”

Draghar rosnou para ela novamente e gritou com Aurora em voz alta, usando sua voz de alpha para tirar a garota do caminho. “SAIA!”

Aurora estremeceu quando viu Draghar se tornar violento. Nunca lhe ocorreu que Draghar ficaria tão irritado e usaria sua voz de alpha nela.

E isso fez Aurora dar dois passos para trás, olhando para Draghar com olhos incrédulos.

“Você gritou comigo e usou uma voz de alpha em mim?” na verdade a voz de alpha não tinha muito efeito sobre Aurora, porque ela mesma tinha sangue de alpha, mas ainda assim a maneira como Draghar gritou com ela fez Aurora não conseguir aceitar isso.

Draghar percebeu seu erro, mas o olhar nos olhos de Aurora o assustou. Ele já havia sido cercado por esses olhos uma vez e sua parceira era a última pessoa que ele esperava que lhe desse esses olhos novamente.

As palavras de desculpa que quase escaparam de seus lábios antes, agora ele não conseguia dizer, porque isso era o que ele sempre fazia no passado. Ele sempre se desculpava sempre que olhavam para ele assim.

Claro, não importa o quão forte Draghar fosse agora, havia uma parte dele que ainda era muito frágil e não tinha se curado do trauma prolongado que ele suportou quando era criança.

O que havia acontecido com ele não era algo que ele pudesse facilmente esquecer só porque queria…

“Draghar…” Aurora estava confusa com o que estava acontecendo e ela não sabia como agir. Este era seu primeiro relacionamento com um homem e não era apenas a atitude de Draghar que a confundia, ao mesmo tempo, ela ainda estava tentando se adaptar a uma alcateia completamente diferente.

E isso não era uma coisa fácil.

Agora, Aurora se sentia sozinha e Draghar não estava ajudando em nada gritando com ela assim e tratando-a sem reservas.

Aurora se sentia em um lugar estranho com estranhos…

Este relacionamento a frustrava. Ela pensava que ter um ao outro e seus sentimentos fortes, então era suficiente para Aurora seguir Draghar onde quer que ele fosse.

No entanto, isso mostrou-se um equívoco. Havia muitas coisas que eles tinham que conversar e discutir, mas Draghar não estava ajudando nesse sentido…

Seus pais sempre conseguiam se comunicar entre si quando enfrentavam um problema, mas por que ela não podia fazer isso com Draghar?

“Draghar!” Aurora gritou por Draghar quando ele de repente se transformou em sua besta negra e se chocou contra o vidro na cozinha, enviando estilhaços afiados enquanto fugia dali.

Felizmente, Aurora não estava muito perto da janela, então ela não se machucou quando isso aconteceu.

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Aurora esperou até tarde da noite, mas Draghar não voltou. Ela estava frustrada e tentou encontrá-lo, mas ela não sabia por onde começar.

Aurora precisava de alguém para conversar, para contar o que ela deveria e precisava fazer em uma situação como essa. No entanto, ela sentia que realmente não tinha ninguém aqui para conversar.

E a única coisa que cruzou a mente de Aurora foi sua mãe.

Portanto, com as mãos trêmulas, Aurora tentou contatar sua mãe. Ela sabia que estava muito tarde da noite e que sua mãe provavelmente tinha adormecido.

Mas, ela não conseguia pensar em mais nada…

Portanto, ela prometeu, se sua mãe não atendesse essa ligação então Aurora não tentaria pela segunda vez.

No entanto, na realidade, Raine atendeu a ligação de sua filha no quarto toque. Sua voz ainda soava um pouco sonolenta, mas acordada o suficiente para ouvir os soluços de Aurora.

“O que foi, querida?” Raine perguntou suavemente quando ela ouviu os gritos de Aurora ficarem mais altos e isso acordou Torak, que estava dormindo ao lado dela, os olhos do alpha ardendo ao ver sua parceira receber uma ligação de sua filha.

Enquanto isso, Aurora não entendia por que ela de repente chorava incontrolavelmente quando ouviu a voz calorosa de sua mãe…

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Após falar com sua mãe por um tempo e se sentir muito melhor, Aurora escolheu deixar o quarto e procurar por Calleb, o beta com certeza poderia ajudá-la a encontrar Draghar, pois até o nascer do sol ele ainda não tinha voltado.

Aurora estava grata por não ter que falar com seu pai. Claro que a resposta do pai não era algo que pudesse ajudá-la a aliviar sua ansiedade naquele momento.

Aurora sabia onde ficava o quarto de Calleb depois de perguntar a uma jovem mulher que estava segurando seu filho. Ela apontou para a extremidade muito distante da ala direita da casa da matilha.

Considerando que ainda era cedo, Aurora achou que Calleb ainda estivesse dormindo. Então ela bateu na porta primeiro.

Mas, mesmo depois de cinco minutos Aurora ficou lá, ainda não houve resposta do beta.

Calleb já estava acordado e fazendo suas tarefas? Porque era isso que Calleb fazia quando não estava em sua própria casa.

Mas então, quando Aurora tentou girar a maçaneta da porta, ela encontrou a porta destrancada.

“Calleb,” Aurora chamou cuidadosamente enquanto entrava no quarto. Este quarto estava incrivelmente bagunçado.

Aurora nem conseguia descrever o quão bagunçado estava o quarto, ela nem acreditava que alguém pudesse viver em um lugar assim.

Por causa de todas as coisas espalhadas no chão, Aurora acidentalmente pisou em algo que fez com que ela gritasse de dor e finalmente se chocasse contra um armário de exibição, o que fez os objetos dentro dele chocalharem bastante alto e fazerem barulho.

“Quem é?” gritou uma voz feminina.

A voz assustou Aurora. Ela ficou parada no lugar. Pelo que Aurora sabia, Calleb ainda não havia encontrado sua parceira, mas por que havia uma mulher em seu quarto? Ela acabou de encontrar essa garota sortuda?

“Quem está aí?” A voz da mulher soou ainda sonolenta e então houve um som de farfalhar e alguém caminhando em direção a Aurora.

No entanto, quem se aproximou de Aurora foi Calleb. “Você? O que está fazendo aqui?” Calleb perguntou, bocejando.

“Calleb, quem é essa?” a mulher perguntou novamente e agora ela estava seguindo Calleb para ver quem tinha entrado em seu quarto.

E que surpresa foi para Aurora quando ela encontrou Clarice lá, meio nua e usando apenas o cobertor para se cobrir. Ela não reconheceu o cheiro dela por causa de outro cheiro neste quarto.

A surpresa era evidente na expressão facial de Clarice, enquanto ela rapidamente juntava suas coisas e corria para fora do quarto.

“Você… e Clarice…” Aurora gaguejou quando viu o que estava acontecendo e entendeu o que eles tinham feito. “Vocês dois são parceiros?”

Calleb riu quando ouviu Aurora dizer isso. Ele acenou com a mão despretensiosamente. “Não, nós somos apenas amigos na cama. Ela não é minha parceira.”

“Mas vocês…” Aurora balançou a cabeça vigorosamente. “Como vocês dois podem ficar juntos, mesmo que ela não seja sua parceira?”

Calleb franziu a testa e deu de ombros de forma despretensiosa. “Por que não?” ele perguntou de volta.