999: CAPÍTULO BÔNUS: VOCÊ VAI FICAR BEM 999: CAPÍTULO BÔNUS: VOCÊ VAI FICAR BEM Zaya estava triste depois que perdeu Lil Thing, ela se recusava a sair do quarto e frequentemente pedia a Zale para levá-la ao túmulo de Lil Thing, que ficava perto do cemitério da família. Ela falava com suas irmãs para cuidarem de Lil Thing.

 
Às vezes, eram Zenith ou Zander que a acompanhavam até lá e seu pai ou mãe, mas Zaya ainda sentia-se muito triste. Lucia tentava animá-la, mas apesar do esforço de todos, não houve melhora.

 
As pessoas sentiam falta da sua traquinagem e do som de sua risada e Cano reduziu seu tempo de trabalho para passar com sua pequena, mas na maioria das vezes, Zaya dormia, ela o abraçava e dormia para afogar sua tristeza. Essa característica fazia Cano lembrar de sua companheira.

 
Compreensivelmente, pois esta era a primeira vez que Zaya enfrentava a morte. Sua primeira experiência com a mortalidade, seu primeiro entendimento de que tudo tem seu próprio tempo.

 
“Você quer ir comigo para a cidade do leste?” Cano perguntou a Zaya um dia. Era o segundo mês desde que perderam Lil Thing e não importava o que tentassem para animá-la, não funcionava.

 
Íris passava para ver sua filha de vez em quando, mas Zaya estaria dormindo se não estivesse no cemitério colocando novas flores para a família e para Lil Thing.

 
“Eu não quero ir,” disse Zaya, apoiando a cabeça no colo de Cano, quando foi procurar seu pai na sua sala de estratégia.

 
“Eu vou ficar um mês, você não quer me acompanhar?” Cano acariciava a cabeça de Zaya. Ele estava entre os poucos que ela permitia tocar em seu cabelo.

 
Quando ela era pequena, Cano costumava pentear seu cabelo com frequência. Seu pai ainda fazia isso agora, mas não tão frequentemente quanto antes.

 
“Zander irá com você…” disse Zaya sonolenta.

 
“Certo.” Cano não insistiu. “Mas, eu gostaria que você viesse. Lembro-me de você se esgueirando para seguir Lou quando era pequena para ir à cidade do leste. Você não quer vê-la agora?”

 
A construção da cidade já estava completa agora e Cano iria lá para inspecionar a área. Ele iria com Zander porque seu filho tinha que ver com seus próprios olhos o reino que construíram, enquanto Zenith ficaria no palácio e aprenderia a cuidar da feira do estado.

 
“Eu quero vê-la,” disse Zaya de repente com os olhos ainda fechados.

 
“Certo.” Cano beijou a bochecha de sua filha e logo após, Zaya adormeceu e não demorou muito, Íris veio trazer o almoço para ele.

 
Cano tinha estado muito ocupado, pois adiou todos os assuntos não urgentes para ficar com Zaya e agora isso o alcançou.

 
Zenith e Zander lançavam a seu pai um olhar sempre que Cano adicionava mais tarefas.

 
‘Você não vai se aposentar tão cedo, pai,’ Zander reclamou um dia. ‘Eu sinto que estou administrando o reino agora.’ Isso era apenas o que seu primogênito comentava quando estava frustrado.

 
Mas felizmente eles entendiam que sua irmãzinha precisava mais do pai naquele momento.

 
Por outro lado, Zander não parecia gostar de sua nova responsabilidade e do fato de que ele seria o novo soberano no futuro.

 
Ele ainda queria ser livre de responsabilidades e deveres, o que ele não podia fazer. Era sorte que Zenith estava lá para manter seu irmão gêmeo sob controle quando ele ia se desviar e tinha esses planos travessos como faziam quando eram pequenos.

 
“Como ela está?” Íris perguntou, enquanto se aproximava de sua filha e acariciava sua cabeça. Zaya estava dormindo profundamente.

 
“Ela concordou em ir comigo para a cidade do leste,” disse Cano, ele se inclinou para beijar a bochecha de Íris. Seu olhar entrelaçado com tanto amor.

 
Algumas pessoas, principalmente as mais velhas, sugeriram que ele tomasse uma ou duas amantes, já que era normal para o rei ter mais de uma mulher, mas o pensamento disso sozinho o deixava enojado. Ele não ia começar uma tradição contra a qual era muito contra.

 
E quando os rumores ruidosos tornavam-se mais altos, Cano os calava com um novo decreto; um transformador deveria esperar por seu companheiro destinado ou poderia escolher um, uma amante não era aceitável, já que um transformador deveria ser um ser monogâmico, foi por isso que tinham seu companheiro destinado, alguém que foi abençoado pela deusa da lua para passar a eternidade com você.

 
O decreto provou ser muito eficaz para impedi-los de falar sem controle.

 
Como Cano poderia pensar em estar com outra mulher além da mãe de seus filhos, a mulher que escolheu para estar ao seu lado, alguém que lhe deu a honra de compartilhar seu tempo juntos.

 
A antiga tradição não se encaixava na visão de Cano para o futuro reino.

 
“Vou sentir saudades de todos vocês,” disse Íris em voz baixa. “Vou pedir ao Lou para trazê-los de volta com a frequência possível.” Apenas levaria um minuto ao comerciante cortar a distância entre a cidade capital e a cidade do leste.

 
Cano sorriu quando ouviu isso. “Lou vai ficar irritado.”

 
Íris riu. “Bem, você gosta quando o faz passar por dificuldades.”

 
“É o contrário.”

 
Cane e Iris passaram a tarde conversando um com o outro, enquanto Zaya dormia profundamente, tendo sido acordada apenas por um breve momento para comer sua refeição e depois adormecer novamente.

 
Iris não pôde comparecer porque tinha que estar ao lado de Zenith, enquanto ele cuidava dos assuntos de estado e ficava no palácio.

 
Esta seria a primeira vez que Zander sairia com seu pai, e também servia para que o rei apresentasse seu herdeiro ao público.

 
Quando estavam no meio da conversa, Zander bateu na porta e entrou na sala depois que Cane lhe deu permissão.

 
“Não faça muito barulho, sua irmã está dormindo.” Cane apontou para Zaya, que se enrolava no sofá.

 
Zander se aproximou da irmã e beijou sua testa levemente antes de ir até seu pai e entregar-lhe o relatório que ele precisava.

 
“Não acredito nisso, você esqueceu isso de novo,” disse Zander em tom leve, mas Iris percebeu e sua expressão mudou. Cane deixou para lá.

 
“Há muitas coisas das quais eu tenho que cuidar.” Cane acrescentou. “Também estou ficando velho.”

 
“Bobagem.” Zander sentou-se no sofá e colocou a cabeça de Zaya em seu colo, enquanto acariciava seu longo cabelo. Seus cachos pareciam tão fofos. “Você governará pelo menos até eu lhe dar dois netos.”

 
Iris riu disso, mas isso não tirou o olhar preocupado de seus olhos.

 
“Não vou entregar o reino depois de ficar velho demais até para andar,” disse Cane. Ele planejava passar seus dias com Iris, passeando pelo continente, não passando-os em seu leito de morte e acorrentado lá por ser velho demais para uma viagem.

 
Zander apertou os lábios. A ideia de tomar o trono ainda lhe incomodava. “Zenith é mais adequado para ser o rei,” ele murmurou em voz baixa. Ao contrário de seu irmão, ele não sabia o que estava fazendo e costumava perder a direção.

 
No entanto, Iris e Cane estavam sentados longe demais para ouvir isso.

 
Alguns dias depois, eles foram para a cidade do leste. Lou criou o portal para eles e os levou para o mesmo lugar que os trouxe alguns anos atrás, mas desta vez, todas as construções estavam concluídas e tudo parecia novo e surpreendente.

 
Lou estava satisfeito com seu trabalho e Cane concordou que o comerciante tinha feito um ótimo trabalho.

 
“Aqui. Para você.” Lou entregou um coelho branco a Zaya, assim que chegaram à sua estalagem. “Não chore mais.”

 
Os olhos de Zaya se iluminaram e ela abraçou seu coelho. “Obrigada, tio Lou.” Ela puxou o manto de Lou, para que ele se inclinasse, porque ela queria beijá-lo, mas o comerciante recusou.

 
Vendo isso, Cane agarrou sua nuca e o fez se inclinar, para que sua filha pudesse dar-lhe um beijo.

 
“Cane!” Lou rosnou.

 
Eles passaram o dia inspecionando algumas coisas e se encontraram com alguns comerciantes. Cane fez Zander consciente da situação aqui e de como os negócios funcionavam.

 
Nos dias seguintes, eles estiveram ocupados conversando mais com as pessoas.

 
“O que aconteceu?” Cane se aproximou de Zander depois que ele colocou Zaya para dormir. Ele sentiu que algo estava errado com seu primogênito. Ele sabia porque Zander não estava se comportando como de costume. Ele estava ansioso o tempo todo, inquieto e desconfortável.

 
“Nada.”

 
Cane ficou ao lado dele na varanda e não demorou muito para ele fazer seu filho se abrir sobre o assunto que o incomodava.

 
“Eu não acho que eu seja talhado para ser um rei.” Ele então acrescentou. “Zenith é mais material de rei do que eu.”

 
Quanto mais ele aprendia sobre os assuntos do estado, mais via as realizações de seu pai e não achava que iria alcançar tal nível de conquistas.

 
“Por que você pensa assim?”

 
“Eu sou um desastre.”

 
Isso vinha da sua crença de que ele não seria tão bom quanto seu pai, desde que aprendeu sobre quão notáveis foram as ações do seu pai para este reino. Esta cidade do leste era a prova disso.

 
“Você é meu maior desastre, então.” Cane bagunçou seu cabelo como quando ele era criança. “Você vai ficar bem. Eu sei que vai ficar bem.”