Noiva Substituta para o Alfa do Norte - Capítulo 31

31: MANHÃ CAÓTICA, SANGUE FOI DERRAMADO 31: MANHÃ CAÓTICA, SANGUE FOI DERRAMADO Alvorada ficou ligeiramente surpresa com a resposta de Zander, porque estava alinhada com o que Zenith havia lhe dito na noite anterior.

 
Os dois estavam brincando com ela? Mas, observando como interagiam um com o outro, Alvorada não achava que esse era o caso.

 
Podia imaginar Zander fazendo algo assim, devido à sua natureza brincalhona, mas Zenith não era alguém que perderia seu tempo com tais artimanhas.

 
“Meu Rei, parece que você acordou do lado errado da cama. Não vê?” Alvorada apontou o dedo para si mesma. “Eu não seria capaz de ferir um único fio de cabelo dele se ele me levasse a sério.”

 
“Ouvi dizer que ele está te treinando.”

 
“Sim, mesmo assim…”
 
“E vocês dormem juntos.”

 
“Mas, eu não tenho nenhum motivo para matá-lo.”

 
“Você tem muitas oportunidades de matá-lo enquanto ele dorme.”

 
Alvorada estava chateada. Rei ou não, aquele homem não a ouvia de forma alguma. “Isso é ridículo!” Alvorada levantou-se e provavelmente sua voz estava alta demais, fazendo com que todos os guerreiros voltassem seus olhares para ela.

 
“Você realmente precisa controlar sua raiva. Você está cheia de ódio.”

 
Alvorada não conseguia ver o rosto do rei claramente, mas seus olhos azuis estavam afiados, tão afiados que ela sentia como se ele pudesse ver através de sua alma.

 
Ele não estava enganado ao dizer que Alvorada tinha muita raiva dentro de si. Ela tentava esquecer a vida que viveu nos últimos cinco anos, mas, no fundo, sabia que seu ressentimento nunca havia realmente desaparecido.

 
“Sentem-se, você atraiu bastante atenção desnecessária,” Zander disse calmamente. Ele não parecia abalado com o súbito arroubo de Alvorada.

 
“Eu não tenho nenhum motivo para matá-lo.” Alvorada repetiu o que havia dito. Ela sentia que essa acusação infundada era perturbadora. Mas, ela se sentou novamente.

 
Ela perdeu o apetite, mas não podia sair correndo daquela sala. Não seria educado e ela continuava lembrando a si mesma de que estava falando com o rei. Já era bom o suficiente que ela não fosse punida por levantar a voz diante de seu soberano.

 
“Havia esta profecia quando éramos pequenos.” Zander apoiou os cotovelos nos braços da cadeira e entrelaçou os dedos. Ele parecia muito casual ao mencionar a profecia, mesmo que ela contivesse a morte de seu irmão. “Ele morrerá pelas mãos de sua companheira escolhida.”

 
“E você acredita nisso assim, sem mais nem menos?”

 
“Não.” A resposta veio muito rápida, mas soou convincente o suficiente.

 
“Você não acredita, mas ainda assim quer me matar.” Suas palavras não correspondiam às suas ações. Não seria normal ela estar zangada?

 
“Melhor prevenir do que remediar.”

 
O canto dos lábios de Alvorada tremeu. “Você é muito honesto, Meu Rei.”

 
“Eu sou um rei honesto, benevolente, caloroso como o sol, amável e generoso.” Zander deu uma risada ao ver a expressão de nojo no rosto de Alvorada. “É isso que as pessoas dizem sobre mim, certo?”

 
“É verdade que as pessoas precisam conhecer alguém melhor antes de fazer um julgamento.” Talvez não fosse tão ruim ter uma conversa com ele, mas Alvorada estava um pouco cansada de suas palhaçadas. “Eu vou enfatizar aqui que eu não o matarei, está bem? Então, pare com suas tentativas de me matar pelos pecados que eu nem mesmo cometi.”

 
Zander não respondeu, simplesmente a encarou, mas Alvorada não conseguia entender o significado por trás daquele sorriso.

 
Mas, de repente, Alvorada sentiu essa aura assassina que inundou a sala de jantar e, quando virou a cabeça para ver a fonte dessa tensão, viu uma enorme besta negra avançando em direção ao rei e tudo aconteceu muito rápido.

 
Todos estavam gritando, a pressão era insana e, pelo canto do olho, Alvorada viu Dario e Axel se transformarem em suas bestas também para impedir a besta negra de atacar o rei.

 
Felizmente, Pyro agiu muito rápido e criou uma barreira entre os dois irmãos, enquanto o beta e o gamma tentavam acalmar seu alfa.

 
[Tire as mãos dela!]
 
A força do vínculo mental era muito forte, fazendo Zander franzir levemente a testa.

 
[Eu posso te perdoar se você me desrespeitar em particular, mas não deixarei passar se você continuar assim diante de tantos olhos.]
 
Este era um aviso. Zander era o rei e ele não permitiria ser desrespeitado em frente a seus súditos, mesmo que fosse pelo próprio irmão.

 
No entanto, algo estava errado. Zenith normalmente não seria tão imprudente assim. Esta deve ser a primeira vez que ele enlouqueceu e perdeu a compostura.

 
[Tire as mãos dela!]
 
A besta negra rondava perto da barreira que Pyro havia criado. Todos os guerreiros dentro da sala estavam muito tensos, eles prendiam a respiração para ver como seu alfa enlouquecia e atacava o rei abertamente.

 
[Ou o quê?]
 
[Ou eu celebrarei o dia em que me tornei filho único.]
 
Isso era tudo. Era uma ameaça ao rei. Zander não sabia o que estava acontecendo na cabeça de Zenith, mas ele já havia cruzado tantas linhas.

 
“Voltem à forma humana!” Zander rugiu. Ele se levantou de seu assento. Mesmo usando sua máscara, dava para perceber o quão enfurecido ele estava.

 
Não teve efeito algum em Zenith, mas Dario e Axel imediatamente voltaram à forma humana, sentindo a forte onda de poder que emanava da voz do rei.

 
“VOLTEM À FORMA HUMANA!” A voz do rei retumbou dentro da sala de jantar e isso causou dor física a todos que a ouviram.

 
Alvorada agarrou seu peito, era muito doloroso, como Zenith poderia suportar quando a ordem era direcionada a ele. Na verdade, ele nem mesmo se mexeu.

 
Era preciso mais do que apenas teimosia para conseguir se opor ao rei naquele momento.

 
Vendo que sua ordem não teve efeito sobre seu irmão, Zander arrancou uma faca da mesa e puxou Alvorada para mais perto de si, pressionou a lâmina contra o pescoço dela, o que fez sangue escorrer da ferida.

 
Todo mundo prendeu a respiração ao ver isso. As coisas iam ficar muito ruins muito rápido agora.

 
Mas desta vez, nem Zenith nem Zander trocaram palavras através do vínculo mental, eles se encararam. Se olhares pudessem matar, então essa deveria ser a definição disso.

 
O jeito como eles se olhavam era simplesmente insano.

 
Mas, no final, Zenith voltou à forma humana. Seu rosto estava escuro de raiva, seu corpo tremia com a intenção de matar que ele direcionava a seu irmão, o rei.

 
Sempre haveria pessoas ao redor de Zander para dizer a ele como seu irmão um dia usurparia o trono, ele não acreditava nisso, mas agora, ele sabia que Zenith faria isso se significasse manter essa mulher segura dele.

 
O que estava acontecendo com Zenith?

 
Até Dario e Axel estavam pasmos com a mudança drástica do alfa.

 
Enquanto isso, Alvorada se sentia entorpecida. Ela respirava lentamente, tentava se recompor, mas as imagens continuavam passando em sua mente.

 
Ela havia sentido esse tipo de medo aterrorizante antes, quando foi atacada pelos renegados e sua mãe foi morta no ataque.

 
Alvorada sentiu a sala de jantar oscilar entre o presente e o passado. Ela não sentia a dor no seu pescoço quando a lâmina cortou sua pele e seu sangue manchou seu vestido, mas tudo o que sentia era a dor de perder sua mãe e o quanto ela estava assustada quando um dos renegados quis matá-la também.

 
O renegado envolveu suas mãos em volta de seu pescoço e a pressionou para baixo, ele ia estrangulá-la até a morte. Apesar das tentativas de Alvorada de afastar os dedos viscosos dele de seu pescoço, ele não se moveu. Ela se lembrava de como suas mãos estavam cobertas de sangue.

 
O sangue de sua mãe.

 
Ela se lembrava de como sua versão de cinco anos de idade continuava chamando por sua mãe, mas ela não respondia, nunca havia respondido desde aquele dia…

 
Todas as memórias passadas voltaram à sua mente. O mesmo aconteceu com o ressentimento dela em relação a seu pai e sua nova família, Alvorada realmente não esqueceu o que aconteceu, apesar de agir normalmente todos os dias.

 
Essa explosão de memórias dolorosas era avassaladora e o que Zander estava fazendo com ela, as trouxe de volta.

 
Era demais.

 
Alvorada não conseguia respirar.

 
Ela sentia aquela mão viscosa envolver seu pescoço novamente.

 
O sangue de sua mãe ainda fresco em suas mãos.

 
Seus ouvidos zumbiam dolorosamente e tudo se tornou negro.

 
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“Ela vai ficar bem, Alfa, não precisa se preocupar,” Sylvia informou o rei. Ela era a curandeira real. Pyro se deu ao trabalho de trazê-la imediatamente da cidade capital antes que Zenith se descontrolasse ao ver Alvorada desmaiar.

 
Zander também não esperava isso. Ele nem sequer pressionou a lâmina com força suficiente para matá-la. Sim, ele a feriu, mas não era o suficiente para tirar a vida dela.

 
No momento, o quarto estava cheio de uma tensão muito sufocante. Dario sentia como se quisesse se rastejar para fora dessa situação. Era demais para seu coração sensível.

 
Entretanto, mesmo após a confirmação de Sylvia, isso não aliviava a pressão. Os dois irmãos continuavam emanando intenção de matar um ao outro.

 
“Obrigado, Sylvia,” Pyro disse. “Quando você acha que ela vai acordar?” Zenith não perguntou sobre isso, mas o beta real o conhecia bem o suficiente para dizer que essa era uma pergunta importante.

 
“Ela vai ficar bem assim que se acalmar. Ela estava em choque.” Sylvia contemplou. “Acho que ela vai acordar em algumas horas.”

 
Zenith acalentava o corpo de Alvorada em seus braços. Sua voz era muito profunda quando ele falou. “Saiam.”

 
Desta vez, Zander finalmente falou também. “Todos saiam, eu vou ter uma conversa com ele.”

 
Mas, não era uma boa ideia deixá-los sozinhos…