257: O PRIMEIRO PROBLEMA 257: O PRIMEIRO PROBLEMA “Vou pegar um remédio para você,” disse Rowan, ao colocá-la na cama e aconchegá-la. Zaya enrolou o corpo e abraçou o cobertor. Ainda com os olhos fechados, ela assentiu.

Depois disso, Rowan saiu para pegar o remédio e algo para ela comer, mas Zaya não conseguia comer nada. Apenas conseguiu tomar duas colheradas de arroz antes de parar. Ela ia vomitar se se forçasse a comer mais do que isso.

Rowan ficou com ela até ela adormecer e então foi para o seu quarto ao lado, onde Addie estava à espera dele.

“Se vai reclamar, saia,” disse Rowan, ele tinha que ler alguns relatórios que havia postergado há muito tempo. Ele havia se ausentado por mais tempo do que esperava, portanto era natural que tivesse muitas coisas a fazer.

“Não estou aqui para reclamar, só queria lembrá-lo de que nosso povo nunca viu um usuário de magia e tê-la como sua rainha irá criar um rebuliço entre nosso povo.” Addie então acrescentou. “Seu inimigo adorará instigar o povo com essa questão.”

“Pelo que me lembro, foi você quem me encorajou a persegui-la.”

“Sim, mas… eu quis dizer… não algo tão sério como isso…” Addie coçou a cabeça. “Só pensei que você gostaria de se divertir com ela, mas não de verdade tomá-la como sua rainha.” Ele balançou a cabeça. “Isso está muito além do que eu esperava.”

“Você precisa elevar suas expectativas.”

Addie apertou os lábios. “Você está falando sério sobre… ela? Quer dizer… você realmente gosta dela?”

Rowan levantou a cabeça e olhou para ele por um tempo sem dizer nada. “Ela é uma poderosa usuária de magia,” ele finalmente disse.

“Você vai usar a habilidade dela.”

“Eu gosto dela.”

“Você gosta dela porque ela é útil.”

“Acho que você tem muito tempo livre para fazer suposições.” Rowan levantou-se e caminhou em direção a Addie, acenando com a cabeça para os relatórios na mesa. “Leia todos e me dê um resumo de cada relatório.”

“O quê? Não!”

Addie se lamentou, mas Rowan já havia saído. Ele foi para o quarto ao lado e observou Zaya dormindo. Ela estava suando, encolhida como se tivesse um pesadelo terrível.

Rowan presumiu que Zaya simplesmente estava com um enjoo muito forte, então ele não pensou em mais nada quando ela passou o resto da viagem para Marca El em seu quarto. Ela se recusou a sair e tomar um pouco de ar fresco, então ela preferiria se sentir um pouco melhor.

Ela escolheu passar o tempo dentro do quarto e comeu muito pouco, dormindo mais.

Após duas semanas, finalmente chegaram no porto de Marca El. Essas duas semanas haviam sido terríveis para Zaya, mas ela não pôde confidenciar isso a ninguém.

Essa era uma das razões pelas quais ela não conseguia voltar para Ogregon, mesmo querendo muito partir. Ela não havia tido trauma do oceano antes, pois havia ido para o continente Karam com seus irmãos e pai quando era pequena, mas ela desenvolveu um medo intenso de grandes quantidades de água durante seu treinamento no Reino Sagrado.

“Melhorou?” Rowan perguntou, ajudando-a a entrar na carruagem.

Eles chegaram no meio da noite e não havia nenhuma festa de boas-vindas ou algo parecido, mas Zaya não se importava nem um pouco com isso. A última coisa que ela queria era dar um sorriso falso para as pessoas que ela não conhecia.

“Sim.” Zaya apoiou a cabeça no ombro dele. Ela fechou os olhos e adormeceu novamente.

***
Zaya não se lembrava como havia chegado ao seu quarto, mas tinha certeza de que era Rowan quem a carregara. Ela não tinha energia suficiente para andar sozinha, não achava que havia inspecionado o quarto antes de cair nessa cama grande.

A cama era tão grande quanto a que ela tinha no palácio, com quatro pilares ao redor. O quarto tinha um aroma de canela no ar.

Zaya esticou o corpo, se enrolou novamente antes de olhar para o teto. Ela não estava mais em Ogregon ou no mar. Ela estava em Marca El. A terra estrangeira que nunca havia visitado antes. Ela nunca pensou que acabaria neste lugar.

No entanto, por mais que quisesse dormir novamente, não seria bom acordar tão tarde. Ela sabia melhor do que deixar alguém fofocar sobre ela em seu primeiro dia ali.

Portanto, ela resmungou e reclamou quando se empurrou para se sentar e então olhou para seu reflexo no espelho.

Ela fez uma careta.

Seu cabelo parecia ter sido atingido por um tornado todas as vezes que acordava. Rapidamente, Zaya puxou seus cachos para domá-los e fazê-los parecer mais apresentáveis antes de sair da cama e caminhar para fora da porta.

O corredor estava vazio e isso a confundiu. Ela pensou que haveria um guarda ou dois, ou até uma empregada que a esperaria, já que era o que acontecia em Ogregon ou no Reino Sagrado.

“Olá? Tem alguém aqui?” Zaya caminhou pelo corredor vazio e ouviu algumas pessoas conversando de um dos quartos.

Não tendo outra escolha, Zaya se aproximou e encontrou uma porta preta, de onde vinham as vozes. A porta estava entreaberta, assim ela pôde ouvir a conversa de dentro.

Para seu alívio, ela viu Rowan sentado à cabeceira da mesa. Ela ficou feliz por tê-lo encontrado aqui, mas não podia entrar, pois ele estava no meio de uma discussão acalorada com outros três homens.

Zaya foi ensinada a ser uma dama e espionar não era um bom hábito, mas o que fazer? A curiosidade venceu.

Ela se agachou ao lado da porta que estava entreaberta e ouviu a conversa deles.

“… Você não pode tê-la como sua rainha, meu rei. Isso será um desastre.” O primeiro homem parecia agitado com a decisão de Rowan. “Você ainda não discutiu isso com o seu conselho!”

“Ela é uma bruxa, mas tem linhagem de transformador, e se ela der à luz um monstro?”

Zaya ergueu as sobrancelhas quando ouviu isso, ela espiou para ver quem havia dito isso e deu uma olhada. Ela marcaria esse homem.

Essas pessoas nunca haviam visto um monstro, mas tinham a audácia de dizer que ela poderia dar à luz um monstro?

Zaya viu um homem em sua armadura, olhando para Rowan com uma decepção pesada nos olhos. Infelizmente, Rowan estava de costas para Zaya, então ela não conseguia ver a expressão dele, mas ele não disse nada. Ele deixou aqueles idiotas falarem, o que irritou Zaya um pouco porque ele não a defendeu.

Que dia maravilhoso. Ela acabara de chegar na noite passada e já tinha pessoas contra ela.

“Pelo que ouvi, ela viveu no Reino Sagrado, cresceu lá e o Reino Sagrado era o reino que abrigava a magia negra, e se ela usasse magia negra?”

Esses idiotas…

Zaya clicou a língua. Eles claramente precisavam ser educados sobre magia.

“E se ela quisesse tomar este reino e na verdade ela está aqui porque tem uma agenda oculta? Você deu a ela cem mil cavaleiros, não acha isso estranho?”

Rowan deve ter olhado para aquele homem para ele fundamentar sua acusação, porque ele explicou em detalhes sobre a sua acusação.

“Como você pode trocar cem mil cavaleiros por apenas quinhentos usuários de magia? Me perdoem… mas acho que ela o enfeitiçou… provavelmente, ela já usou seu charme em você, meu rei.”

Os outros cavaleiros ali apoiaram, concordaram com essa afirmação.

“Se a palavra se espalhar, o povo se revoltará. Ninguém quer um rei que foi enfeitiçado por uma bruxa.”

Zaya espiou mais ainda conforme ouvia a voz de descontentamento dos outros três homens crescendo, enquanto Rowan não dizia nada. Ele adormeceu? Por que ele não a defendia?

“O que você está fazendo aqui, princesa?” Addie perguntou-lhe em voz baixa, se agachando ao lado de Zaya, dando-lhe um susto. “Você não deveria estar espionando a conversa. Uma princesa não deveria fazer isso.” Sem falar no fato de ela estar literalmente agachada ao lado da porta.

Zaya o encarou. “Eles estão falando mal de mim, por que o seu rei não diz nada?” Ela ignorou completamente a queixa de Addie sobre seu comportamento. “Quem são eles?” Ela falou em voz baixa.

De alguma forma, Addie espiou para ver quem estava dentro. Esta não era uma reunião planejada, mas esta manhã cedo os três generais ouviram o que aconteceu e foram imediatamente confrontar o rei.

“General Declan, General Zake e General Xander.”

“Aquele, o mais feio, que está sentado à esquerda de Rowan.”

Addie ficou sem palavras, os três generais tinham por volta de trinta e poucos anos, mas eram bonitos, então para Zaya dizer que o General Declan era o mais feio, ele deve ter dito algo que a ofendeu.

“General Declan, ele é responsável pela segurança em torno da cidade capital, especialmente o palácio,” Addie explicou.

“Meu rei, perder cem mil cavaleiros é uma grande perda para nós!”

“Você não deveria ter deixado aquela pequena bruxa o enfeitiçar.”

“Por favor, pense três vezes antes de fazê-la sua rainha.”