Navios da Estrela - Capítulo 93

93: Jantar e Show 93: Jantar e Show “Bom,” eu disse com um sorriso. Eu estava me sentindo mais do que um pouco territorial sobre algo ou alguém que eu ainda nem tinha visto, mas eu não era de reprimir minhas inclinações naturais. “Agora, que tal você me alimentar?”

Eu olhei em volta e vi que meu anjo da guarda havia construído uma versão muito melhor de uma fogueira do que eu jamais poderia ter sonhado. Por cima havia um espeto onde a carne estava sendo lentamente cozida. Havia uma alça para girar a carne, mas, visto que suas duas mãos estavam enroladas em mim naquele momento, um lado do jantar estava definitivamente sendo melhor cozido do que o outro.

Mas nesse caso, é a intenção que conta. “Obrigada,” eu disse, olhando para onde eu imaginava que a cabeça dele estivesse. Em nenhum lugar na extensa biblioteca do Jun Li tinha uma imagem de um Saalistaja, então eu não tinha nada que pudesse visualizar, mas isso não significava que eu não tinha uma imaginação muito ativa.

“Mas eu acho que a carne vai queimar se continuar assim,” eu ri. Eu fui lentamente abaixada ao chão, e eu senti um braço permanecer atrás de mim até que eu estivesse estável. Era realmente um sentimento doce. Depois de se assegurar de que eu estava bem, eu senti o braço dele deslizando lentamente pelas minhas costas, e em segundos, eu vi o espeto sendo girado.

Fui até um tronco que não estava lá antes e me sentei na frente do fogo. As noites na selva eram muito mais frias do que eu pensava que seriam, e sem minha armadura para regular a temperatura do meu corpo, comecei a tremer.

Senti o olhar dele virar para mim quando meus dentes começaram a bater. Apesar de estar na frente do fogo, não era suficiente para aquecer o resto do meu corpo. “Desculpe,” eu disse, com um sorriso forçado no rosto. Eu não ia perder essa interação com um alienígena meio decente simplesmente porque eu não conseguia parar meus dentes de bater. “Estou com frio,” continuei. Eu estava prestes a estender a mão para o meu colar e ativar minha armadura quando senti algo me impedir.

Olhei para cima para ver uma pele branca como a neve voando na brisa enquanto era enrolada em torno de mim. Segurando as bordas, eu me aconcheguei na maciez e no calor. “É uma pele linda,” eu disse enquanto acariciava a suavidade. Eu sempre tive uma obsessão não natural com peles. “No meu planeta, os animais com as peles mais desejáveis foram caçados quase até a extinção. Foi decidido que para que a população crescesse, as peles seriam… não proibidas, mas socialmente inaceitáveis.”

Continuei acariciando a pele envolta em mim, imaginando como seria dormir numa cama de peles. Como eu disse, uma obsessão nada saudável.

“Muitas… peles.” Mais uma vez, as palavras foram repetidas com a minha própria voz, mas eu não me importava com isso.

“Eu suponho que você tenha muitas peles. Eu ouvi dizer que sua espécie são caçadores. Ou estou errada?” eu perguntei, inclinando a cabeça para o lado. Como a alça e o espeto ainda estavam girando, eu só podia assumir que ele estava sentado ao redor da alça.

“Caçadores,” minha voz disse de volta para mim. “Muitas, muitas peles.”

Eu ri das palavras dele, enquanto no fundo, eu estava impressionada por ele realmente estar tentando se comunicar comigo. “Quando eu ganhar dinheiro, vou comprar algumas peles de você. Mas eu aviso que precisarei de muitas.”

Houve uma resposta de um barulho que soou como dentes batendo vindos da direção da fogueira. “Você está rindo de mim?” eu perguntei com um sorriso.

“Rindo de você,” eu concordei de volta. Revirando meus olhos, eu coloquei a língua para fora na direção geral onde eu achava que meu anjo da guarda estava. “Você não vai estar rindo quando eu tirar todas as suas peles de você,” eu o avisei. Eu não estava realmente planejando isso, mas de jeito nenhum ele iria ter essa pele branca de volta tão cedo.

E com isso, eu quis dizer que ele teria que tirá-la das minhas mãos frias e mortas.

“Leve todas. Eu caço mais.” Em vez de minhas próprias palavras serem remixadas de volta para mim, isso foi dito em uma voz masculina baixa e gutural. A pronúncia não estava correta, mas eu tinha que dar o crédito a ele por uma espécie que não tem lábios: ele fez um bom trabalho.

“Você diz isso agora,” eu respondi balançando a cabeça. “Mas em algum momento, você vai ficar irritado por me dar todas as suas peles.”

“Irritado?” ele sibilou, as duas letras ‘s’ sendo mais fáceis para ele do que a maioria das outras palavras.

“Bravo, chateado, não feliz,” eu respondi com um encolher de ombros. “Mas a comida está pronta,” continuei, querendo mudar de assunto. Eu estava planejando um futuro na minha cabeça onde ele me daria todas as peles que eu pudesse querer até que eu pudesse construir um ninho de peles e dormir lá todas as noites.

O que quer que estivesse passando pela minha cabeça nunca era algo que havia passado pela minha mente antes. Eu realmente não sabia se deveria estar feliz ou preocupada com o fato de que minhas tendências psicopatas pareciam estar se acalmando para permitir outras emoções.

Uma faca apareceu aparentemente do nada e começou a cortar a carne diretamente do espeto. “Konjin,” veio uma palavra grunhida, e eu quase não consegui entender o que ele estava tentando dizer. “Konjin,” ele repetiu, e o prato de comida se elevou por um segundo antes de ser entregue a mim.

“Konjin,” eu repeti o melhor que pude com minha habilidade limitada. Eu não tinha certeza se ele estava tentando dizer carne ou o tipo específico de carne que era, mas de qualquer maneira, não importava muito. “Konjin,” eu disse novamente enquanto mordia a oferta.

Desta vez, a carne estava ainda mais suculenta e deliciosa do que de manhã, e eu gemi em aprovação. “Konjin é delicioso,” eu disse com um sorriso muito satisfeito.

“Coma,” veio uma palavra rosnada. O ‘t’ no final saiu com uma fricativa dental muito forte, e eu suponho que isso tinha menos a ver com a língua dele e mais com as presas em sua mandíbula exterior.

“Você não vai comer?” eu perguntei, confusa. Havia muito mais comida aqui do que eu poderia comer sozinha.

“Mostrar.”