Navios da Estrela - Capítulo 61

61: Matar a Galinha 61: Matar a Galinha Havia mais uma citação do meu mundo que eu achava que deveria ser aplicada a essa situação. Eu só não sabia exatamente como eu queria fazer isso.

Eu olhei ao redor para todos os corpos e o sangue verde brilhante pintando o chão. “Eu te falei sobre a definição de insanidade, certo?” Eu perguntei à cabeça aos meus pés. “Aqui está outra para você. ‘Mate a galinha para assustar os macacos’. Neste caso, você é a galinha, mas se ninguém sabe quem fez o assassinato, então não pode haver aviso.”

Eu olhei mais uma vez para a cabeça e então novamente para o sangue. Não havia cheiro de queimado, nada indicando que fosse ácido, então talvez…

Eu procurei pelo apartamento algo que pudesse usar para escrever. Eu esperava por um pincel, mas pensei que talvez isso fosse pedir um pouco demais. Revistei todas as gavetas e armários do pequeno espaço, e o melhor que pude encontrar foi o que parecia ser um bastão realmente longo.

Tirando-o do armário, caminhei até a porta da frente e encarei sua superfície lisa.

“O que você está pensando?” perguntou Jun Li, entrando em comunicação pelo meu fone de ouvido. “Só posso supor que você está pensando em alguma coisa porque a sua é a única assinatura de vida no domicílio.”

“Sim,” eu disse distraído. “Os brincos são fantásticos. Mataram todos assim que dispararam um tiro. Eu só tive que ficar parado.”

“Então o que você está fazendo?”

“Pensando em que tipo de mensagem eu deveria enviar,” eu disse enquanto inclinava minha cabeça para o lado, esperando que talvez a mudança de ângulo me ajudasse a descobrir o que eu queria.

“Talvez eu possa ajudar?” ele perguntou, claramente pensando que eu estava louco.

“Eu preciso enviar uma mensagem para aqueles que planejaram isso de que não somos pessoas com quem se deve brincar. Por outro lado, seria uma maneira fantástica de anunciar o nosso novo negócio. Só preciso da coisa certa. Como um cartão de visitas interestelar, mas sem número.”

“Bem, por que você não escolhe Implacável?” ele perguntou. “Quero dizer, esse é o nome sob o qual eu tenho atendido os pedidos.”

“Sim, eu estava pensando nisso também,” eu admiti enquanto levantava o bastão para tocar meus lábios cobertos pelo véu enquanto continuava a pensar. “Mas então pensei que, se eu fizesse isso, estaria praticamente gritando que sou um humano.”

“Verdade,” disse Jun Li. “Embora o Inglês seja uma língua muito semelhante ao Etaviano, ainda é diferente. Que tal a sua língua?”

“Minha língua?” eu perguntei, levantando minhas sobrancelhas incrédulo. “Qual é a minha língua?”

“Qualquer que seja a língua da qual você tirou Jun Li e Sha Shou,” disse Jun Li.

“Chinês?” Pode ser uma das línguas que eu consigo falar, mas até onde eu sabia, Inglês era a minha primeira língua. Mas o AI tinha um ponto válido.

“Mas se eu escrever Implacável em chinês, basicamente estou escrevendo Jun Li. Isso não estaria colocando um alvo muito grande em suas costas?”

Jun Li soltou uma risada baixa. “Mesmo que alguém descubra a escrita, eu sou um AI; não poderia ter um alvo maior em minhas costas se eu tentasse.”

Continuei pensando sobre isso, mas precisava me apressar. Eu queria ser capaz de pintar a porta com o sangue verde, mas não sabia quanto tempo levaria para secar, e eu já havia perdido muito tempo pensando sobre isso.

Por isso eu sempre dizia que não tinha um osso criativo no corpo.

Soltei uma risada humorada. Eu já estava pensando demais, então poderia muito bem apenas terminar. Aceitando a sugestão de Jun Li de usar caracteres chineses, decidi usar um pouco de criatividade e torná-lo um pouco mais obscuro.

Tecnicamente Implacável poderia ser escrito de algumas maneiras diferentes se eu quisesse ir por esse caminho, mas eu tinha um jeito muito específico em mente. Mergulhei meu bastão no sangue, agradavelmente satisfeito por ele não derreter.

Um pouco decepcionado também, mas vamos ficar com agradavelmente satisfeito.

Levei o bastão até a porta e escrevi primeiro o caractere Li. Quando fiquei satisfeito com a saturação e a aparência dele, escrevi então o caractere Jun por cima. Dando um passo para trás para admirar meu trabalho, senti que faltava alguma coisa.

Um sorriso apareceu no meu rosto e alcancei meu pescoço, onde Sha Shou repousava sobre o tecido cobrindo minha garganta. Aplicando pressão no lado esquerdo, minha roupa foi completamente engolfada na armadura, deixando-me mais uma vez envolvido no apertado Nanos.

“Olá, Mei Xing. Como posso ajudá-lo?” disse Sha Shou pelos alto-falantes do capacete.

“Eu preciso adicionar algo que seja único para mim. Há uma arma ou algo que eu possa usar para adicionar aos caracteres?” eu perguntei enquanto olhava para o logo que havia conseguido fazer. De fato, se eu não tivesse escrito eu mesmo, talvez nem soubesse o que estava lendo.

“Tenho exatamente o que você precisa,” assegurou Sha Shou. As três longas lâminas de braço se desdobraram de suas bainhas no meu braço direito e se estenderam para além dos meus dedos.

“Perfeito,” eu disse com um aceno. Com um rápido movimento do meu braço, eu rasguei pelo símbolo de Jun Li que havia criado, deixando-o ainda tão legível quanto antes, mas com três sulcos profundos indo diagonalmente da direita para a esquerda.

Esmigalhador ficaria com inveja, eu tinha certeza.

“Obrigado,” eu disse para Sha Shou enquanto desativava minha armadura, e meu vestido apareceu perfeitamente preservado. Nem sequer uma marca mostrava que ele havia sido coberto por Nanos alguns segundos antes. Jun Li era definitivamente o presente que continuava dando.

Abrindo a porta, eu saí para o beco escuro e deserto e fechei a porta suavemente atrás de mim. Eu não sabia se eles seriam encontrados rapidamente ou se seriam encontrados de alguma forma. Mas eu havia acabado de criar o cartão de visitas para a minha loja de armas.

Quanto mais pessoas tentarem me subestimar, mais ele será visto.

Mate a galinha para assustar os macacos. Fiquei me perguntando quantas galinhas haveria no universo.