Navios da Estrela - Capítulo 49

49: Uma Pequena Explosão 49: Uma Pequena Explosão “Seria essa mesmo,” confirmou meu capacete. Precisava pensar em um nome para ela. Claramente tinha uma personalidade efervescente e chamá-la apenas de meu capacete parecia um pouco… esquisito.

“Droga,” murmurei, preparando-me para sair da nave novamente para retirar o drive da entrada e colocá-lo no centro de controle do caça.

“Ou eu poderia te ensinar a voar essa nave sem a ajuda do Jun Li,” continuou o capacete com malícia.

“Como?” perguntei cético. Quero dizer, não duvidaria do meu capacete tentando superar o Jun Li e sem se importar se isso me prejudicasse ou não.

“Essa nave inteira é de design e tecnologia Saalistaja. Não sei como eles conseguiram, mas conseguiram. E se é de design Saalistaja, então eu posso te dizer como voá-la,” disse meu capacete com confiança. “Afinal, eu também sou tecnologia Saalistaja.”

“Beleza,” disse enquanto caminhava até a frente da nave e para a ponte de comando com um único assento. Sentando-me na cadeira oversized, girei e vi uma tela de computador muito pequena. “E como eu te chamo, afinal? Acho que você realmente superou seu papel como programa de capacete.”

“Meu nome, traduzido para o idioma que você compreende, é Assassino Veloz.”

“Xun Jie Sha Shou,” traduzi ao pé da letra, tentando pensar em um nome. “Vou te chamar de Sha Shou.”

“O que isso significa?”

“Mais ou menos se traduz para Assassino,” disse, encolhendo os ombros. Agora eu tinha uma nave chamada Implacável e um capacete/armadura chamado Assassino. Acho que o universo estava direcionando minha vida para um caminho bem específico.

“Sha Shou. Eu gosto,” disse meu capacete de forma aprovadora.

“Então, Sha Shou. Me ensine como pilotar isso,” disse enquanto me inclinava para frente e encarava a tela do computador à minha frente. Parecia um sistema completamente diferente do que Jun Li tinha em sua ponte. Talvez eu não devesse ter ouvido Sha Shou e apenas recuperado o drive.

“Coloque sua mão no centro da tela à sua frente,” disse Sha Shou e eu fiz como ela pediu.

“Pronto,” disse, mas antes que pudesse terminar de falar, vi linhas pretas saindo da minha palma e atravessando a tela do computador. Parecia quase que tinha trincado o display assim que o toquei.

“Conectado,” disse Sha Shou com uma voz mais mecânica do que eu tinha ouvido em um bom tempo. “Pronto!” veio a voz mais alegre com a qual eu tinha me acostumado a associar com Sha Shou. “Tudo pronto!”

As luzes do cockpit piscaram por um segundo antes de se acenderem e eu pude ouvir a rampa se fechando na parte de trás da nave.

“O que eu faço agora?” perguntei ao tirar minha mão do monitor. Sentando-me para trás na cadeira, esperei que Sha Shou me ajudasse a pilotar o caça. Assim que tirasse essa nave da Nebulosa de Icrerth, eu poderia seguir para Thuzirus e vender meu primeiro lote de armas. Fácil fácil, limãozinho espremido.

“Tudo que você precisa fazer é inserir as coordenadas do Jun Li na sua unidade de pulso,” disse Sha Shou.

Descrente, inseri as últimas coordenadas conhecidas do Jun Li: 39.905714, 116.391297.

Assim que digitei o último número, a nave disparou para frente, a força me pressionando contra a cadeira. Vendo um cinto de segurança de cinco pontos, apressei-me em colocá-lo. “Não estamos indo para a direção errada?” perguntei. Eu havia me aproximado da nave por trás, o que significava que se estivéssemos voltando para onde Jun Li estava esperando, deveríamos ter virado e prosseguido na direção oposta.

“Estamos saindo desta nebulosa o mais rápido possível,” respondeu Sha Shou pelo alto-falante dentro da nave. “E você pode querer manter sua armadura até que consigamos sair desse espaço com sucesso,” continuou enquanto a velocidade do caça começava a aumentar.

“Explosão iminente, explosão iminente. Toda a tripulação, prepare-se para a explosão iminente da Nebulosa de Icrerth,” veio uma voz mecânica masculina pelos alto-falantes.

“O que está acontecendo?” perguntei, bastante preocupado. Quero dizer, ‘explosão iminente’ não soava como algo bom.

“Oh, nada,” respondeu Sha Shou, de forma nada estressada. “A nebulosa conseguiu criar um planeta com sucesso, então, vai haver uma pequena explosão conforme os gases restantes se dissipam. Provavelmente é bom que você tenha conseguido entrar na nave quando entrou. Não recomendo estar fora no espaço quando isso acontece.”

Estava prestes a abrir a boca quando o caça em que eu estava começou a tremer e sacudir, quase como se estivesse prestes a se desmontar. Então houve um grande empurrão por trás de nós e todos os instrumentos do painel de controle se iluminaram como uma árvore de Natal. A nave começou a girar e rodopiar fora de controle, meio como eu quando fui ejetado no espaço pela primeira vez.

“Alerta, alerta. Preparem-se para o impacto!” veio a voz mecânica pelos alto-falantes.

“Sha Shou?” perguntei agarrando as alças da cadeira do piloto com toda a força. Meu estômago sentia como se estivesse numa montanha-russa novamente. Estava a segundos de vomitar quando a nave parou de tremer e desacelerou.

“Sim, Mei Xing?” veio a voz alegre dentro do meu capacete.

“Isso não era o que eu chamaria de uma pequena explosão,” disse fazendo meu melhor para engolir o nó de bile na minha garganta. Me recusei a vomitar, mas isso era mais uma questão de orgulho do que qualquer outra coisa.

“Entendido,” disse meu capacete e eu praticamente conseguia vê-la encolhendo os ombros. Sorri um sorriso tenso enquanto assistia as luzes brilhantes e as cores da nebulosa desaparecerem ao meu redor como se nunca tivessem existido. “Mas pelo menos nos empurrou para longe do novo planeta então não precisamos nos preocupar com a força gravitacional.”

“Oba,” disse com uma voz monótona. “Quanto tempo até chegarmos ao Jun Li?”

“Bai Mei Xing!” gritou uma voz no meu ouvido. “Responda-me!” continuou Jun Li, e eu tive que sorrir com o pânico puro na sua voz. Aparentemente, a AI estava preocupada comigo.