Navios da Estrela - Capítulo 38

38: Eu Adoro Ser o Problema 38: Eu Adoro Ser o Problema “Para onde vamos agora?” Eu perguntei enquanto me acomodava na cadeira do capitão com meu travesseiro e cobertor que lembrei de trazer de casa. Jun Li estava sentado em um dos consoles na frente da ponte, inserindo informações no computador.

“Eu pensei que poderíamos ir para a Galáxia T, Setor C030987x,” respondeu Jun Li enquanto girava na sua cadeira para me olhar. “O antigo capitão tinha alguns contatos por lá quando se tratava de vender armas adicionais que nós não usávamos mais.”

“Espera, o seu antigo capitão traficava armas por fora? Ele não ganhava dinheiro suficiente sendo o capitão de uma nave de guerra como esta?” Eu perguntei, confuso. Quer dizer, minha vida seria muito mais fácil se Jun Li viesse com contatos incorporados. Porque vamos encarar, não é como se eu soubesse como me tornar um traficante de armas. Eu não poderia exatamente procurar isso na Terra sem levantar algumas sobrancelhas, especialmente se eu pesquisasse: ‘Como se tornar um traficante de armas alienígenas.’ Ou talvez, se alguém realmente estivesse olhando meu histórico de pesquisa, eles apenas assumiriam que eu sou louco.

“Ele ganhava mais dinheiro do que precisava,” respondeu Jun Li. “Afinal, ele não tinha familiares para sustentar, então seu salário era mais do que suficiente para torná-lo um homem rico. O problema é que ele sempre queria mais.”

“Como assim?”

“Quer dizer, ele não estava satisfeito em ser o capitão de uma nave de guerra de última geração que, na prática, não passava de um navio científico.”

“O que ele queria fazer?”

“Ele estava no processo de arrecadar fundos para poder desafiar um dos generais de alto escalão do Império Sisalik. Ele queria o status de ser um general, mas não queria se dar ao trabalho de subir até o topo. Segundo as políticas dos Sisalik, se ele pudesse montar um exército e derrotar o general em uma batalha, então ele poderia assumir o comando.”

Eu ri quando ouvi isso. Eu nem queria pensar como a Terra seria se tudo o que fosse necessário fosse uma luta para determinar quem liderava o quê. O mundo já tinha conflitos suficientes para adicionar isso à mistura. “Pena que não pudemos usar ele para continuar fazendo dinheiro.”

“Pode haver um jeito,” refletiu Jun Li enquanto voltava a se virar para o console. “O único problema vai ser você.”

“Ai,” eu brinquei e mostrei a língua para ele. “Eu adoro ser o problema. Mas sério, qual é o problema comigo?”

“Você é de uma raça desconhecida e baixa estatura. Assim que alguém te vir, vai se lembrar de você,” disse Jun Li com um encolher de ombros. “O que significa que se alguém vier fazer perguntas, você não poderá simplesmente desaparecer noite adentro.”

“Eu iria querer desaparecer noite adentro? Eu preciso criar uma reputação para mim para que isso funcione bem. Talvez se destacar seja uma boa maneira de fazer isso.”

“Não se não quisermos que a Aliança saiba que quem está vendendo armas para seus inimigos é um humano. Eles têm um registro de todos os terráqueos atualmente no universo.”

“Mas se eu colocar minha armadura, eu não parecerei mais humano. Isso deve funcionar, certo?” Eu perguntei, refletindo sobre o assunto. Ele estava certo. Eu chamaria atenção demais, e eu não queria me colocar no radar da Aliança até que não tivesse outra escolha.

“Não podemos usar a armadura,” respondeu Jun Li, balançando a cabeça. “Ela grita Saalistaja, e ninguém acreditaria que um deles estaria disposto a vender qualquer tipo de arma para um estranho.”

“Tudo bem, deixe comigo. Temos o tecido à prova de balas, talvez eu possa criar um traje que consiga me disfarçar como uma pessoa e evitar que as pessoas saibam que tipo de espécie eu sou.” Eu já estava formulando algumas ideias. Eu tinha uma imagem na minha cabeça, mas se isso poderia ser criado era uma história completamente diferente.

“Quanto tempo vai levar para chegarmos à Galáxia T?” Eu perguntei, não muito certo de como tudo aquilo funcionava.

“De acordo com o tempo da Terra, deve levar cerca de dois meses de viagem. Vai levar menos tempo se fizermos três hiperpulos, mas eu não recomendo tantos para um novato,” falou Jun Li com um sorriso, olhando para mim por cima do ombro.

“Eu acredito em ser jogado na água profunda e deixado para afundar ou nadar,” eu respondi com um sorriso no rosto. Eu precisava aprender o máximo possível sobre meu novo mundo, e talvez um ou dois hiperpulos não fossem tão ruins… especialmente se isso significasse economizar tempo no processo.

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Nota para mim mesmo: o hiperpulo realmente foi tão ruim. Na verdade, eu estava praticamente certo de que deixei meu estômago em alguma parte da última galáxia.

Incapaz de me conter de vomitar, encolhi-me no chão do meu banheiro da suíte e encarei Jun Li que estava encostado na parede bem ao lado da minha cabeça. “Não dá para dizer que eu não te avisei,” ele disse com um sorriso antes que eu pudesse sequer abrir a boca.

“Você está certo, muito obrigado por me avisar que o hiperpulo ia me fazer sentir como se minha pele estivesse sendo arrancada do meu corpo e que meus órgãos internos poderiam não estar em sua última localização conhecida.”

“Não deve ter sido tão ruim,” deu de ombros Jun Li. “Eu não senti nada.”

Eu não vou atacar e matar meu parceiro, eu não vou atacar e matar meu parceiro, eu. Não. Vou. Atacar. E. Matar. Meu. Parceiro.

Talvez se eu repetisse isso algumas vezes na minha cabeça eu não sairia deste chão e mataria Jun Li.

Quer dizer, ele tinha um corpo reserva.