235: Esotu aterrorizado(a) com você 235: Esotu aterrorizado(a) com você Depois de um rápido jantar de lasanha, deitei no peito de Meia-noite e deixei que o resto dos caras se acomodasse em meu ninho para a noite.

Fiquei surpreso que Tha’juen optou por dormir conosco em vez de na cama, mas fiquei feliz por tê-lo. Só sei que certamente precisaria de mais peles se isso fosse se tornar um evento regular.

Dormimos todos cerca de quinze horas, claramente precisando do sono depois de lidar com as rainhas Istar. Comendo o café da manhã, esperamos pela outra notícia ruim que estava por vir.

“Pippa está na linha há dez minutos, recusando desligar,” disse Jun Li enquanto eu mordia um pedaço crocante de bacon. Estávamos mais uma vez todos sentados à minha mesa usual na cafeteria, mastigando nossa comida.

Revirei os olhos e olhei para minha comida. Estava quase acabando, mas sabia que a princesinha mimada não iria esperar muito tempo. Por como as coisas iam, me surpreendi que Jun Li conseguiu fazê-la desligar ontem à noite.

“Tá bom,” resmunguei, pegando meu copo extra grande de café na mesa. Jun Li me assegurou que os replicadores de comida podiam fazer qualquer coisa que eu quisesse, mas eu não estava disposta a arriscar com minha comida habitual. E fazer ele tentar replicar meu café? Ha!

Os homens se levantaram silenciosamente e me seguiram para fora da sala e corredor afora até a ponte de comando. Eu realmente deveria adicionar alguma obra de arte ou algo assim nas paredes desse corredor, visto que passava por aqui tantas vezes. As paredes brancas e prateadas estavam realmente começando a me lembrar de um cenário de hospital…
Ou de um manicômio.

Talvez fosse isso. Nunca fui abduzida, apenas presa dentro desse pesadelo sem fim de aliens, Alianças e o demônio conhecido como Pippa Flynn.

Olhei por cima do ombro para os cinco homens que me seguiam, conversando entre si de maneira amigável.

Talvez nem tudo fosse um pesadelo…

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“O que você quer?” perguntei, tomando um gole do meu café antes de colocá-lo no apoio de braço ao lado da cadeira do capitão.

Estudava a mulher humana do outro lado da tela e inclinei a cabeça para o lado. Como podia ela estar sempre tão bem-arrumada em qualquer hora do dia ou da noite? Claramente, tinha que praticar algum tipo de magia negra para conseguir isso. Simplesmente não era normal!

“Você precisa se entregar e enfrentar a justiça,” disse Pippa, apoiando-se na cadeira do capitão na ponte de comando da Stargazer. Olhei para ela, meu cérebro tentando compreender suas palavras. Talvez fosse porque eu não tinha dormido tanto quanto deveria ou porque ela estava falando uma língua diferente, mas do jeito que eu via, ela não estava fazendo sentido nenhum.

“Desculpa, não estou entendendo o que você está dizendo. Você quer que eu enfrente a justiça? Por quê?” perguntei. Peguei meu café e tomei um longo gole. Realmente não estava a fim dessa porcaria agora.

“Por todas as pobres e inocentes pessoas que você matou,” afirmou Pippa, se endireitando e erguendo o queixo. Ooooh, o levantar de queixo. Estou morrendo de medo. Deveria me entregar agora mesmo.

“Não matei nenhum inocente… ainda,” declarei calmamente enquanto Meia-noite colocava uma pele sobre meu colo. O macho inteligente sempre sabia exatamente o que fazer para me alegrar. “Mas estou certa de que você pode mudar minha opinião sobre isso.”

“Como é que é?” exigiu Pippa, levantando a mão para o pescoço em choque. “Esses pobres Sisalik naquela nave que você destruiu eram completamente inocentes. Era um navio de pesquisa para….”

“Porra. Vamos lá, Pippa. Você consegue dizer. Repita comigo… Por. Ra. Do.” Eu disse, com um sorriso enorme no rosto. Adorava apertar o botão dela sempre que podia, e dessa vez não foi diferente. “E você realmente sabe o que eles estavam fazendo naquele navio?” Continuei, o sorriso desaparecendo enquanto me lembrava daquela garotinha.

“Pesquisa, ora bolas,” disse Pippa, claramente usando todo o poder cerebral que tinha naquela.

Mas algo estava começando a me incomodar. Se ela realmente era tão estúpida a ponto de não conseguir viver, como foi que sobreviveu tanto tempo no universo?

“Sim,” concordei com um aceno, meu cérebro agora se lançando em outro mistério completamente diferente… um que, se eu estivesse certa, mudaria tudo. “Então, por que você está ligando?”

“Você precisa se entregar,” repetiu Pippa, soltando um bufar de frustração. Ela era realmente tão boa atriz? Ou eu estava dando crédito demais para ela?

“Não vai acontecer,” eu disse, voltando minha atenção completa para a humana na minha frente. “Tem mais alguma coisa?”

“Se você não vai se entregar, pelo menos vamos nos encontrar pessoalmente. Onde você quiser. Acho que está na hora de nos encontrarmos cara a cara,” disse Pippa, olhando direto para mim.

“Claro,” eu concordei com um aceno. “Me avise qual o Starbucks mais próximo de você, e vamos nos encontrar lá.”

“Mas não há Starbucks fora da Terra.”

“E você não sabe a localização da Terra. Puxa, que pena. Acho que então não conseguiremos nos encontrar,” eu dei de ombros, o sorriso sarcástico no meu rosto ficando cada vez maior.

“Você está realmente com tanto medo da Stargazer que não vai se encontrar? Você pode trazer seu experimento governamental com você, se estiver tão apavorado,” disse Pippa, com um sorriso sarcástico no rosto. “Ou você tem medo de mim, uma velhinha?”

“Estou apavorada com você,” admiti, olhando para a mulher à minha frente.

Se eu fosse capaz de sentir medo, talvez de fato tivesse medo dela. Mas como estava, ela não sabia que eu não tinha essa emoção.

E acho que ela queria que eu tivesse medo dela.

Mas por quê?

Era realmente porque ela queria ser assustadora? Ou era simplesmente porque ela queria ser mais dominante que eu?

Era algo que eu teria que descobrir, e logo. Porque se tem uma coisa que aprendi desde que fui despertada, é que o universo pode te mastigar e cuspir em um segundo se você der chance.

E ainda assim, Pippa continuava de pé.