221: Eu Guardei Ressentimentos 221: Eu Guardei Ressentimentos “E você já está no sistema agora?” Eu perguntei, precisando saber exatamente o que estava acontecendo. Deixei a água do chuveiro levar o quanto pudesse, ainda sem querer tocar em nada que eu possa ou não ter vomitado.

Como Midnight conseguia me segurar agora, eu não fazia ideia. Era realmente um testemunho de sua devoção.

“Estou,” respondeu Jun Li, sua voz não mais chegando pelo fone de ouvido mas sim pelos alto-falantes. “Embora haja alguns sistemas que parecem estar muito danificados para eu consertar.”

“Que tipos de sistemas?” Eu perguntei, curioso. Midnight gentilmente me colocou de pé, mas me trouxe para mais perto, de modo que minha cabeça descansou contra seu peito. Eu senti seus dedos correndo pelo meu couro cabeludo, e eu estremeci. “Talvez você não queira fazer isso. Você não tem ideia do que tem ali.”

“Está tudo bem,” ele disse, e eu pude sentir algum tipo de sabonete fazendo mágica no meu cabelo.

“Elétrico e ambiental,” disse Jun Li, cortando o estado puramente extático que os dedos talentosos de Midnight conseguiram me colocar.

“O quê?” Eu perguntei, piscando rapidamente. “Você não tem acesso a esses sistemas? Mas se não tem eletricidade, então como as coisas ainda estão funcionando na nave?”

“Eu disse elétrico no sentido muito geral da palavra,” suspirou Jun Li, como se eu estivesse propositalmente tentando complicar sua vida. “Não consigo ligar nenhuma das luzes da nave, mas todo o resto está funcionando bem.”

“Luzes?” Eu perguntei; isso parecia uma coisa muito aleatória para não funcionar. Mas luzes. “Jun Li,” eu disse, levantando minha cabeça rapidamente, batendo as mãos de Midnight fora da minha cabeça. “Você pode usar a internet da Terra para encontrar a resposta para algo para mim?”

“Não é como se eu estivesse fazendo algo mais importante agora,” resmungou Jun Li. “Estou apenas tentando pilotar duas naves, fazer todos os reparos nesta nave, e—”
“Sim, sim, todas coisas muito importantes, tenho certeza. Mas eu preciso que você procure três regras. A segunda é não se molhar, a terceira é não alimentar após a meia-noite.” Já que esse enigma estava me deixando louco, poderia muito bem fazer Jun Li descobrir.

“Isso é tudo? Isso é o que você quer que eu procure?” exigiu Jun Li, claramente não impressionado.

“Por favor e obrigado,” Eu respondi, descansando minha testa de volta no peito de Midnight; eu soltei um longo suspiro. “Eu acho que isso tem algo a ver com essa situação. Especialmente quando vi os coelhos se multiplicando depois de se molharem.”

“Posso garantir que alimentá-los após a meia-noite também não é aconselhável,” veio uma voz baixa. Eu abri um olho e observei enquanto Au’dtair entrava no box do chuveiro conosco e me puxava para seus braços. “Alimentá-los os transforma de jovens pequenos e fáceis de matar em rainhas.”

“Encontrei sua resposta,” disse Jun Li, cortando a conversa. Encostei a parte de trás da minha cabeça no peito de Au’dtair e fechei os olhos novamente. “Mas isso não faz sentido. As regras são baseadas em um filme, uma lenda urbana.”

“O Coelho da Páscoa é um mito, uma lenda urbana,” eu contra-argumentei, deixando a água bater no meu rosto e olhos, limpando o vômito que se cristalizou sobre meus cílios. Eu realmente acreditava que nunca mais ficaria limpo.

Já mencionei o quanto não lido bem com vômito? Porque realmente não lido.

“E você está sugerindo que só porque algo é um mito no seu planeta, eles têm alguma base na realidade,” refletiu Jun Li.

“Olha, pelo que nós humanos estamos preocupados, o Coelho da Páscoa não existe; não há coisas como Alienígenas e naves espaciais que falam são encontradas apenas em programas de televisão,” eu disse, sem mais estar no humor para debater com Jun Li. Se houvesse algo nos filmes da Terra que ajudasse a situação, eu aceitaria.

Estou farto de lidar com rainhas. Elas nem estavam na minha lista de prioridades até Sha Shou nos contatar. Precisamos apressar e matá-las para que possamos passar para destruir a Aliança. O fato de eu também querer falar com um certo capitão pirata, nada obstante.

“Certo,” resmungou Jun Li, “A primeira regra é não expô-los à luz brilhante. A segunda regra é não molhá-los, e a terceira regra é não alimentá-los após a meia-noite.”

“Vou assumir que a primeira regra tem muito a ver com o motivo de nenhuma das luzes desta nave estar funcionando,” disse Da’kea, onde ele se apoiava na bancada. Ye’tab e Tha’juen estavam em posições semelhantes de cada lado dele.

“Muito provável. Diz aqui que a luz brilhante os mata,” continuou a AI. “Molhar faz com que eles se multipliquem, e—”
“Alimentá-los após a meia-noite, fazendo-os se transformarem,” murmurou Ye’tab. “Sim, pegamos essa.”

“E não importa o que façamos, temos que proteger a Abóbora e a Princesa da luz brilhante. Eu não quero que nada aconteça com eles,” eu disse, piscando rapidamente. Finalmente, meus olhos estavam descolando, e graças ao Midnight, meu cabelo estava limpo. Agora, tudo o que eu tinha que fazer era me secar, e eu poderia deixar este chuveiro e matar a rainha que me fez vomitar.

Eu guardo rancores. Não é minha culpa.

Como se minhas palavras os fizessem aparecer, Abóbora e Princesa pularam no balcão atrás dos outros homens, usando seus ombros como alavanca para se puxarem para mais alto.

“É engraçado. Os outros coelhos eu queria matar assim que os vi. Esses, nem tanto,” meditou Tha’juen enquanto acariciava a Princesa debaixo do queixo. “Só me pergunto onde eles estiveram. Nós não os vimos desde que você foi sequestrado.”

“Abduzido,” eu murmurei em voz baixa. “Vamos descobrir uma maneira de fazer as luzes da nave funcionarem ou uma maneira de trazer luzes grandes o suficiente para que possamos matar essas coisas e seguir nosso caminho alegre.”

“Sobre isso,” disse Jun Li lentamente. Eu inclinei para trás minha cabeça, batendo-a no peito de Au’dtair, e soltei um suspiro.

“Sim, Jun Li?” Eu perguntei, temendo o que quer que fosse sair da boca daquele AI.

“Algo está me impedindo de acessar o exterior. Eu perdi contato com minha nave principal.”