211: Grande Honra 211: Grande Honra Okay, para ser justo, realmente parecia o Coelho da Páscoa vindo do inferno, mas ainda era bem óbvio o que era. Tinha talvez seis pés de altura, com uma pelagem preta pura e orelhas que já tiveram dias melhores. E claro, tinha olhos vermelho-sangue e presas do tamanho dos meus dedos… mas o que estava crescendo em suas costas definitivamente poderia ter passado por um laço.

Aos seus pés havia ovos multicoloridos que, embora estivessem do lado maior, poderiam ter sido usados como adereço em qualquer shopping para celebrar a estação da primavera.

“Você conhece Istar?” perguntou Da’kea em um sussurro, como se só de mencionar seu nome fosse suficiente para convocá-lo dos buracos do inferno. Se bem que, se fosse tão fácil assim convocá-lo, teria nos poupado uma boa viagem.

“Não conheço isso,” eu disse, apontando para o holograma à minha frente. “Mas temos um conto de fadas na Terra sobre um coelho que deixa ovos nas casas das pessoas… isso não é um conto de fadas, é?”

Os homens sentados ao redor da mesa balançaram a cabeça. Maneira de arruinar a Páscoa, universo… maneira de arruinar a Páscoa.

“Então, como você mata isso?” perguntei, nem um pouco incomodada com a aparência da coisa. Talvez, com uma boa lavagem, pudesse ter parecido com um brinquedo de criança bem amado.

“A única maneira que encontramos eficaz é remover a cabeça sem ser espirrado pelo seu sangue,” disse GA, e eu me virei para olhar o homem.

“Porque o sangue é ácido. Entendi. Mais alguma coisa? Estaca de madeira no coração? Esfregar com alho ou derramar água benta? E prata? Balas de prata matariam ele?” O quê? Essas eram todas perguntas válidas, muito obrigado.

Se a Páscoa era sobre um coelho alienígena que colocava ovos na casa de todos para as pessoas encontrarem, então isso significava que tudo mais estava em jogo como sendo verdade também…

Espera.

“Vocês não têm um cara gordo e alegre de vermelho que deixa coisas para as pessoas, têm?”

——
Havia um som de eco perturbador enquanto a nave de combate X96 pousava na baía de lançamento de Sha Shou. Eu estava tentando o meu melhor para não pensar em cada filme de ficção científica que já assisti ou na longa lista de maneiras que isso poderia dar errado. Começando com a fase um do plano de Da’kea.

Já que ele era o único que havia lutado contra essas coisas antes, eu estava disposta a conceder a ele e sua experiência. Mas ter fé em alguém não impedia os sinos de alarme de soarem quando ele disse a Jun Li para levar a nave de volta ao navio principal e esperar nosso contato.

A parte lógica do meu cérebro concordava com sua decisão. A última coisa que queríamos era que um coelhinho pulasse a bordo do X96 quando menos esperávamos e fosse transportado de volta para Jun Li, apenas para viver sem pagar aluguel em uma nave gigante porque não tínhamos ideia de que ele estava lá até ficar com fome. Vi isso em um filme, então estava disposta a aceitar essa decisão.

No entanto, isso também nos deixava completamente sozinhos em uma nave abandonada no meio do nada, com centenas de coelhos tentando nos matar. Sem nenhum meio de sair, estávamos em uma posição incrivelmente vulnerável. Vi esse enredo em um filme também. Acho que não preciso dizer a ninguém como terminou para os protagonistas.

Basicamente, era um caso de danado se fizer, danado se não fizer, e até eu ter uma ideia melhor, morderia a língua e seguiria o líder.

Todos nós estávamos usando algum tipo de armadura. Até Meia-noite, que não tinha os nanotrajes que o resto de nós tinha, foi convencido a usar um traje de proteção feito do material à prova de balas. Ele protestou por um bom tempo, mas até eu encontrar algo mais seguro, ele teria que aguentar e lidar com isso.

Eu nem mesmo fiz uma única piada sobre um lobo usando um traje de gato. Não é como se ele realmente fosse entender de qualquer forma.

Da’kea, sendo o mais familiarizado com esta nave, liderou o caminho, seguido por Meia-noite e Ye’tab de cada lado. Eu fiquei no meio enquanto GA e Tha’juen nos protegiam. Cada homem de Saalistaja optou por manter seu canhão de plasma nos ombros pronto para uso, embora eles também tivessem suas lâminas de pulso e dois chakrams em cada mão.

Eles recusaram me dar uma de suas lâminas, mas tudo bem; eu tinha algumas surpresas na manga se a merda atingisse o ventilador. Meia-noite, aparentemente o tradicionalista que era, levou apenas sua espada. No entanto, na minha humilde opinião, a palavra espada era um eufemismo. Parecia ser semelhante a uma claymore, mas só que mais comprida, a ponta da lâmina quase arrastando no chão atrás dele.

Tinha que pesar uma tonelada, se o tamanho era algo a se considerar.

Ele recusou-se a se juntar aos caras em qualquer treinamento de combate corpo a corpo, então eu não tinha ideia de como ele se sairia numa luta. Mas conhecendo-o, sua recusa tinha mais a ver com não querer machucar os outros homens do que qualquer outra coisa.

Da’kea parou em frente à escotilha fechada e soltou um suspiro suave. “Foi uma honra caçar com vocês. Que possamos nos encontrar do outro lado do covil do Senhor das Trevas e nos gabar de nossos abates.”

Não. Eu não ia lidar com essa merda agora.

“Vai se foder,” eu rosnei, afastando Meia-noite e Ye’tab antes de cutucar Da’kea no peito. “Não viemos aqui para morrer, então pare com essa história de honra. Nós vamos sair por aquela porta e chutar bundas. Não vamos parar até que cada último Coelho da Páscoa esteja acabado e então vamos queimá-los até que não sejam nada além de um monte de cinzas. Se alguém acha que está tudo bem morrer ou morre, esteja ciente de que vou ressuscitá-lo e matá-lo eu mesmo. Entendido?”

Grande honra, o caralho.