210: Se o Senhor das Trevas Permitir 210: Se o Senhor das Trevas Permitir Eu observava meus quatro companheiros Saalistaja andarem pela nave como se estivessem se preparando para a guerra. Eu teria que admitir que não era o sentimento mais reconfortante.

Meia-noite me envolveu com seus braços enquanto Da’kea continuava a afiar todas as suas armas, e eu teria que admitir, era uma quantidade impressionante delas. Ye’tab estava constantemente em sua unidade de pulso enquanto GA e Tha’juen treinavam no ginásio recém-acabado.

Mas o que piorava tudo era que ninguém estava falando. Tipo, ninguém mesmo.

“Ok,” eu disse durante um jantar uma noite. Eu tinha tido mais do que o suficiente do tratamento silencioso, e como nós íamos encontrar com Sha Shou em pouco mais de 20 horas, eu precisava saber no que eu estava me metendo. “Alguém pode por favor me dizer o que está acontecendo enquanto ainda estou perguntando educadamente?”

Havia um sorriso forçado no meu rosto que talvez tenha dado a pista aos rapazes de que eles estavam no topo da minha lista negra.

“Por milhões de anos, os Saalistaja preferiram uma espécie de presa,” começou Da’kea devagar, afastando seu prato de carne crua de si. “Sempre as consideramos as mais difíceis de matar, e apenas os caçadores mais habilidosos poderiam caçá-las e tomar seu troféu.”

“Mas as coisas saíram do controle,” continuou Ye’tab enquanto ele também se recostava na cadeira para me olhar. “Elas eram procriadoras prolíficas nas quais uma rainha poderia ter centenas de descendentes em um pouco menos de duas rotações planetárias. Elas botavam ovos sem parar e depois os colocavam em uma população muito densa para que os descendentes recém-nascidos tivessem uma fonte de alimento por perto.”

“E a fonte de alimento delas?” perguntei, meu espaguete já não descendo tão bem no meu estômago quanto antes.

“Qualquer coisa que se movesse?” sugeriu Tha’juen.

“Não exatamente,” respondeu GA, revirando os olhos. “Elas preferem ambientes quentes e uma fonte de alimento que seja várias vezes o tamanho delas. Na verdade, elas são uma das principais razões para o grande declínio nas populações em todo o universo.”

“Mas você disse que elas desapareceram por um tempo. Com certeza, isso teria permitido que a população se recuperasse,” eu apontei.

“E acredite, isso aconteceu. No entanto, as populações originais foram reduzidas a apenas alguns de cada espécie, e a maioria delas eram crianças. Como a maioria de nós tende a viver uma vida longa, nossos sistemas reprodutivos não costumam começar até termos pelo menos cem anos. Mesmo assim, talvez tenhamos apenas um filho a cada poucos anos,” disse Da’kea. “Mas eu divago. Alguns daqueles no conselho Ancião Saalistaja disseram que querem trazer de volta as caçadas tradicionais e as presas tradicionais.”

“O que, eu presumo, é essa coisa que você está tão desesperado para não nomear?” perguntei. Quando as pessoas vão aprender que só porque algo era uma tradição, havia provavelmente uma razão pela qual não estava mais sendo praticada?

“É sim. Eu só posso supor que alguém no conselho deu uma rainha para minha prole colocar em um planeta para que as caças pudessem ser retomadas,” suspirou Da’kea.

“Ok,” eu respondi com um encolher de ombros. “Então como matamos eles e garantimos que não haja nenhum restante?”

“A pele deles é notoriamente difícil de perfurar,” afirmou Ye’tab. “Eles sangram ácido vermelho, então você precisa ter certeza de que nada disso te toque. Poderia penetrar nossa armadura em questão de segundos, e a única maneira de se salvar seria cortar o que quer que tenha tocado.”

“Eles têm uma audição excepcional e podem se misturar com qualquer ambiente, mas preferem climas quentes e secos. Como moradias ou estruturas de algum tipo,” acrescentou GA, sua expressão séria enquanto olhava para mim. “Apenas nossos melhores caçadores já conseguiram abatê-los, e mesmo assim, normalmente era necessária a cooperação de pelo menos três deles para fazer isso.”

“Ouvi dizer que eles são rápidos e ágeis, saltando grandes distâncias sem sequer tentar. Eles podem estar em você sem aviso, e então você está frito,” disse Tha’juen. “Mas eu nunca cacei um antes.”

“Nem eu. A prática já estava morta quando eu era jovem o suficiente para ser ensanguentado em minha primeira caça,” rosnou GA. “Mas estou ansioso por esse desafio.”

“Posso apontar que você está falando de uma proporção de três para um, onde vocês têm a vantagem dos números maiores. No entanto, de acordo com Sha Shou, havia centenas de ovos a bordo, e quase todos eles eclodiram…” Eu não queria terminar minha frase. Os números pareciam esmagadores.

“Não temos escolha,” disse Da’kea. “Se não fizermos isso, poderia ser o fim do universo como conhecemos.”

Oh, claro, por que não adicionar um pouco mais de pressão sobre tudo o mais.

“E jogá-los no espaço não é a resposta?”

“Eles podem e sobreviverão a isso, flutuando até encontrarem um planeta ou uma nave que possam alcançar,” disse Ye’tab, puxando algo em sua unidade de pulso. “A pele deles é tão grossa que eles poderiam sobreviver à reentrada em um planeta.”

“Eu meio que duvido disso,” eu resmunguei. Eles podem ser a versão Saalistaja do bicho-papão, mas isso não os tornava deuses. “Se realmente faz tanto tempo que vocês os encontraram, tenho certeza de que as histórias são muito exageradas.”

“Posso garantir que não são. Como caçadores, mantemos registros muito detalhados de nossa presa, até o último detalhe. A única maneira de garantir uma caçada bem-sucedida é saber tudo sobre sua presa,” disse Ye’tab, e eu podia dizer que ele realmente não estava impressionado comigo duvidando de sua informação.

“Então como você sugere que eu os mate?”

“Você não, você não pode. Você vai ficar aqui em Jun Li, onde é seguro, e se o Senhor das Trevas permitir, voltaremos para você,” disse Da’kea em um tom que não permitia discussão. Pena para ele; eu era horrível em obedecer.

“Você pelo menos tem uma foto dessa terrível criatura?” perguntei, virando para olhar para Ye’tab. Se alguém tivesse uma foto, seria ele.

Ye’tab assentiu, e de repente, sua unidade de pulso exibiu uma imagem 3-D na mesa.

“Vocês estão de brincadeira comigo?” eu exigi, olhando para os quatro homens. Eles tinham que estar brincando. “Sua presa invencível é o maldito coelhinho da páscoa?”