Capítulo 1998: 1998. Ilha

Noah e o Rei Elbas precisavam alcançar a área mencionada por Sepunia para entender o que ela queria dizer com sua vaga descrição.

Uma zona morta se revelou aos olhos do trio após seguirem Sepunia pelas tempestades durante muitos anos. Rachaduras esparsas que levavam ao vazio contaminavam a área, e várias porções de solo flutuavam entre a brancura sem cair presas à força de sucção que essas fissuras naturalmente geravam.

As porções de solo tinham tamanhos, formas e ambientes diferentes. Noah viu uma montanha solitária de cabeça para baixo flutuando ao lado de uma pequena árvore que mal tinha terreno suficiente para espalhar suas raízes e uma planície relativamente grande cheia de lagos. Cenas estranhas semelhantes, com diversos cenários, ocupavam outras partes das zonas mortas e evitavam ativamente as tempestades à distância.

Todos os pedaços da região que sobreviveram à destruição do passado haviam desenvolvido um instinto de sobrevivência inato. O trio podia ver terras flutuantes mudando de direção de repente, e o mesmo acontecia até mesmo com as áreas menores. Noah mal podia conter sua curiosidade ao perceber que a terra que flutuava na zona morta também seguia esse comportamento.

“Como podem ter um instinto de sobrevivência sem estar vivos?” Noah se perguntou.

“Deve ser uma consequência das ações do Céu e Terra,” sugeriu o Rei Elbas. “Talvez eles espalharam a falha em vez de destruí-la. O mundo precisa colocar algo contra eles, então eles nunca tiveram sucesso em erradicar os significados que persistem nesta área.”

“Não posso mais ajudar vocês a partir deste ponto,” Sepunia anunciou. “Minhas memórias terminam aqui.”

“Devemos começar pelas terras maiores,” Noah disse, e o trio foi rapidamente até a montanha solitária vista logo após alcançarem a área.

Uma atmosfera estranha caiu sobre Noah, o Rei Elbas e Sepunia quando eles se aprofundaram na área. Inicialmente, eles acharam difícil explicar o que sentiam, mas a iluminação eventualmente surgiu em suas mentes. A pressão constante do céu diminuía ali. Algo estava enfraquecendo o poder do Céu e Terra.

“Quanto tempo já passou?” Noah riu, olhando para o céu.

Noah havia parado de usar proteções contra a radiância branca inúmeros anos atrás. Ele havia se acostumado tanto com essa pressão constante que parecia estranho estar relativamente livre dela. Mesmo a jornada no vazio não conseguia gerar as mesmas sensações.

“Você realmente quer contar?” o Rei Elbas perguntou enquanto seguia seu olhar. “Posso lhe dar uma resposta rapidamente.”

O Rei Elbas ainda protegia sua mente contra a radiância branca, mas ele não desperdiçava esse poder. Ele reunia a pressão que caía sobre ele e a fazia fluir em uma técnica destinada a expandir sua mente. Era assim que ele havia melhorado sua esfera mental até agora.

“Eu não me importo o suficiente para ouvir isso,” Noah riu.

“O Tempo só continuará a perder significado para você,” Sepunia afirmou. “Vocês dois são incrivelmente jovens comparados a outras existências em seu nível. Sua percepção ainda não substituiu milênios por eras.”

“Eu planejo quebrar o céu antes disso,” Noah revelou.

“Isso soa impossível,” Sepunia riu.

“Por favor, não use essa palavra,” suspirou o Rei Elbas. “Isso só o fará fazer coisas ainda mais loucas.”

O trio ficou em silêncio após alcançar a montanha. Noah, o Rei Elbas e Sepunia estudaram a superfície rochosa da estrutura para buscar a fonte desses efeitos estranhos, mas não encontraram nada digno de consideração.

A matéria ali tinha uma aura estranha. As rochas das montanhas pareciam ligeiramente diferentes, mesmo que seu tecido fosse tão normal quanto poderia ser. Elas carregavam efeitos especiais que o trio teve que inspecionar por um tempo antes de entender sua natureza. Esses materiais na verdade não estavam emanando aquele poder estranho. Eles haviam se transformado por causa dele.

A aura que preenchia a zona morta parecia ter os mesmos efeitos da influência dos Diabos. Ela podia contaminar a matéria e forçá-la a expressar sua influência, mas tudo era mais tênue ali. Essas rochas não podiam repetir o processo por conta própria. Elas apenas ecoavam uma pequena parte do poder da fonte.

‘Onde está a fonte?’ Noah se perguntou, mas nenhuma das terras que flutuavam na zona morta parecia atender a esses requisitos.

O Rei Elbas e Sepunia logo chegaram à mesma conclusão. A fonte não estava ali, então eles só poderiam realizar uma busca detalhada. O trio voltou para dentro das tempestades e concluiu a longa exploração além das bordas da zona morta. Os especialistas esperavam que uma das áreas próximas pudesse ter vestígios daquele poder, mas esse sentimento eventualmente desmoronou.

Noah, o Rei Elbas e Sepunia voltaram para dentro da zona morta após confirmarem que as terras e tempestades próximas não tinham nada. A resposta tinha que estar naquela aura estranha, mas eles não acreditavam que a fonte desse poder estivesse entre aquelas terras flutuantes fracas. Eles inspecionariam todas elas, se a situação exigisse, mas uma resposta melhor eventualmente apareceu.

Noah e o Rei Elbas precisaram apenas trocar um olhar antes de se aproximarem de uma das rachaduras. O mundo escuro se expandiu enquanto uma série de linhas douradas preenchia as bordas da fissura. Os dois especialistas se prepararam para espiar no vazio, e Sepunia não hesitou em se juntar a eles com excitação emanando de sua figura.

“Vocês não precisam criar algo caso a viagem pelo vazio dê errado?” o Rei Elbas perguntou.

“Eu estou com os pioneiros nesse campo,” Sepunia sorriu. “Por que eu precisaria fazer qualquer coisa?”

“Outra bruta para salvar,” o Rei Elbas suspirou.

Uma corda feita de matéria escura se materializou no mundo escuro e se enrolou na cintura de Sepunia. A matéria escura quase se fundiu com o robe que ela havia confeccionado com seu poder logo após acordar.

Noah fixou parte do mundo escuro na brancura e prendeu uma corda nele antes de pular na rachadura. Mergulhar nas fissuras que ficavam no meio do mundo podia ser mais perigoso do que sair do céu devido à mudança de dimensão, mas isso não era nada para um especialista em espaço.

Sepunia pulou após Noah, e o Rei Elbas logo a seguiu. Os dois encontraram Noah logo abaixo da brancura, com seus olhos fixos em uma ilha massiva que flutuava no vazio. Ele estava com a testa franzida, e a razão por trás desse gesto se tornou óbvia imediatamente.

A ilha continha seres vivos. Múltiplas auras emanavam dessa vasta estrutura, e algumas delas estavam no nono rank. No entanto, nenhuma energia alcançava aquela terra, então os especialistas não conseguiam explicar como essas criaturas poderiam ter sobrevivido sem destruir o ambiente.

“Elbas?” Noah perguntou, mas seu amigo balançou a cabeça mesmo após inspecionar a ilha com alguns de seus sensores.

“Eu sinto obstruções,” o Rei Elbas revelou. “É claro que alguém está tentando isolar aquela área. Eles não foram tão longe a ponto de criar um espaço separado, mas fizeram um trabalho decente, no entanto.”

“Não é nessa hora que você avança?” Sepunia perguntou enquanto lançava um olhar expectante a Noah.

“Eu não sou tão imprudente,” Noah reclamou.

“Você definitivamente é,” o Rei Elbas zombou, mas ele ainda deu o primeiro passo em direção à ilha.

Noah e Sepunia rapidamente o seguiram, e uma visão peculiar se desenrolou diante de seus olhos quando eles se aproximaram da ilha. Eles viram estranhas criaturas magras que lembravam dragões andando em sua superfície escura.