Capítulo 1969: 1969. Comparação

O Arquiteto Divino era um monstro que havia estudado inúmeros métodos de inscrição e todos os materiais que o Céu e a Terra tinham a oferecer. Ela era uma existência única dentro do sistema dos governantes devido à sua expertise, então as palavras do Rei Elbas não a surpreenderam.

O Arquiteto Divino podia imediatamente comparar as quatro formas de energia aos diferentes tipos de existências. Ela podia até começar a criar uma teoria vaga, mas sentia que algo estava errado.

“Consigo entender como você conecta bestas mágicas à energia primária e cultivadores ao “Sopro”,” disse o Arquiteto Divino através do fantoche, “Mas como você preenche os outros pontos. Você acha que os híbridos estão próximos da energia superior na sua teoria?”

“Eu nunca pensaria em algo tão impreciso,” o Rei Elbas balançou a cabeça enquanto a decepção transparecia em sua voz. “A maioria das bestas mágicas está no mesmo nível da energia primária, mas algumas delas podem superar isso. Eu conheci uma que eu colocaria próxima à energia superior nesta comparação.”

O Rei Elbas queria aplicar a mesma divisão dos tipos de energia às existências. Os primeiros seguiam o caminho do mundo, a mesma jornada que levou à derrota inicial do Céu e da Terra. Por outro lado, o outro queria focar nas leis que as entidades precisavam desenvolver e nutrir para alcançar o nono patamar e acima.

Existiam dois caminhos, e por isso precisavam ter as mesmas divisões. O caminho do mundo possuía energia primária, “Sopro”, energia superior e energia final como seus combustíveis, mas não existiam rótulos para as leis. Cultivadores e híbridos vagamente as classificavam pela amplitude, mas isso não era uma descrição precisa de seu poder inerente. Esse rótulo era quase suficiente para explicar seu potencial.

O Rei Elbas acreditava que diferenças similares existiam entre as leis, mas elas não dependiam da espécie de um ser vivo. Uma besta mágica podia se equiparar ao ponto mais fraco no caminho do mundo, a energia primária, ou estar no segundo nível mais forte, a energia superior.

“Como você consegue diferenciá-los?” o Arquiteto Divino perguntou. “Você me chama de imprecisa, mas suas avaliações são fundamentalmente pessoais. Você não pode agir como o único juiz desta classificação que apenas você parece enxergar.”

“Você me pediu para explicá-la,” respondeu o Rei Elbas enquanto seu sorriso arrogante permanecia no rosto. “Eu posso destruir seu fantoche, pegar seus materiais, tomar as recompensas de nossa aposta e ir embora. Todo o resto é puro entretenimento.”

O Arquiteto Divino permaneceu em silêncio. Ela não acreditava que o Rei Elbas havia descoberto um sistema que todos os outros especialistas no mundo, incluindo ela mesma, tinham ignorado. No entanto, a poderosa especialista não podia negar o que estava acontecendo. Seu oponente conseguiu defender-se de um ataque que o contrapunha perfeitamente, e ela não entendia como algo assim poderia acontecer.

As conexões com o céu se fecharam, mas um objeto apareceu no céu e caiu em direção ao Rei Elbas durante o evento. Um gigantesco cubo branco irradiando poder de nível médio desceu entre a brancura e parou bem em frente ao especialista.

“Eu vou pagar por suas respostas,” anunciou o Arquiteto Divino, e o Rei Elbas armazenou felizmente o cubo dentro de seu corpo.

“Respostas, você diz,” o Rei Elbas riu. “Tudo é tão simples que fico surpreso que você não conseguiu sequer alcançar o terceiro nível corretamente.”

O Rei Elbas terminou de ajustar sua coroa, e o objeto liberou uma intensa luz dourada após o processo. Ele permaneceu no auge do oitavo rank, mas parecia mais puro do que qualquer outro material no mundo.

“Bestas mágicas normais estão no fundo, com a energia primária,” explicou o Rei Elbas. “Cultivadores estão no mesmo nível do “Sopro”, obviamente. Céu e Terra garantiram que lhes fosse atribuído esse papel, então apenas alguns podem avançar. Ainda menos podem entender que existe um caminho adiante.”

“Você está falando daqueles com potencial para alcançar o auge?” perguntou o Arquiteto Divino.

“Não me interrompa com suas suposições terríveis,” o Rei Elbas zombou. “Céu e Terra fizeram do nono rank uma mera escolha. Como você pode usar este objetivo para avaliar existências quando o céu tem incontáveis cultivadores inúteis que não passam de um insulto à jornada?”

“Cuidado com suas palavras,” ameaçou o Arquiteto Divino.

“Por quê?” o Rei Elbas riu. “Você pagou por elas.”

“Então mantenha-as no tópico,” respondeu o Arquiteto Divino.

“O caminho de Céu e Terra é falho,” continuou o Rei Elbas enquanto sua expressão se tornava séria. “Todos sabem disso, e o mesmo se aplica a você. Apenas existências delirantes podem acreditar que os regentes irão mantê-los em sua forma atual se eles acabarem alcançando o décimo rank.”

O Arquiteto Divino não respondeu, mas seu silêncio parcialmente confirmou seu acordo com essas palavras. Suas contramedidas e preparações contra Céu e Terra demonstravam o quanto ela confiava pouco nos governantes.

“Aqueles que se opõem a Céu e Terra e rompem com seu sistema começam a se aproximar do terceiro nível, a energia superior,” explicou o Rei Elbas. “O ato de rebeldia gera poderes que vão além das regras do mundo. Meus companheiros são uma clara expressão deste estado superior. Seria impossível para eles vencerem cultivadores que empunham poder muitos níveis acima do deles de outra maneira.”

“Eu posso aceitar isso,” anunciou o Arquiteto Divino, “Mas o mundo ainda tem outra forma de energia, mesmo que inalcançável. Você está insinuando que pode alcançar esse estágio?”

“Ah, não,” corrigiu o Rei Elbas. “Eu já o alcancei. Não consegue ver? Minha existência está no mesmo nível da energia final. Estou simplesmente seguindo a jornada de cultivo em vez do caminho do mundo.”

O Rei Elbas abriu os braços como se seu gesto pudesse explicar suas palavras, mas o Arquiteto Divino não pôde ver nada único dentro dele através das percepções do fantoche. Seu oponente parecia um cultivador de rank 8 regular, ligeiramente mais forte que seus pares.

“Acho que viver com Noah Balvan e aqueles que se orgulham do título de Demônios mudou suas prioridades,” suspirou o Arquiteto Divino depois que não conseguiu encontrar nada que pudesse confirmar as palavras do Rei Elbas. “Eu não sei como você parou o ataque anterior, mas não vou deixar você roubar mais meu tempo.”

O fantoche fechou a boca e avançou. O Arquiteto Divino entendeu que o Rei Elbas havia desenvolvido algo capaz de parar suas contramedidas, então ela confiaria na superioridade física de sua criação para vencer.

Essa abordagem era bruta e direta, mas também tornaria mais fácil para o Arquiteto Divino ver quais contramedidas o Rei Elbas havia inventado para se defender das trocas anteriores.

O Rei Elbas suspirou enquanto o fantoche cruzava o céu e chegava no topo dele em menos de um segundo. Suas garras desceram em direção à sua figura brilhante, mas produziram um som metálico ao atingir o escudo gerado pelas runas douradas em sua pele.

“Isso foi bastante lamentável,” proferiu o Rei Elbas. “Eu costumava admirar sua fama como mestre de inscrição. Parte de mim até esperou encontrá-la nas Terras Imortais. Imagine minha decepção ao descobrir que você não é diferente dos brutos em meu grupo.”

O Rei Elbas ergueu a mão e selou seu aperto no pulso do fantoche. O tecido da criatura não era completamente sólido, mas rachaduras apareceram em sua superfície assim mesmo.

“A existência é a própria fundação de nosso poder,” anunciou o Rei Elbas. “Eu tenho a melhor versão possível da minha lei, então consigo expressar muito mais poder sem desperdiçar muito combustível. Veja como a energia no oitavo rank supera o que deveria ser o melhor objeto no nível médio do nono rank.”

O Rei Elbas apertou ainda mais seu domínio, e o pulso se despedaçou. A mão do fantoche transformou-se em uma nuvem de energia final que fluiu para dentro de seu oponente.