Não Há Amor na Zona da Morte (BL) - Capítulo 96
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96: Capítulo 93. O Sangue da Aliança 96: Capítulo 93. O Sangue da Aliança A primeira coisa que ele fez ao acordar na madrugada de hoje foi acessar a pasta criptografada e desbloqueá-la.
Havia uma conclusão abrangente, mas também havia documentos detalhados separados que levavam a essa conclusão, incluindo a nota e a fotografia das cartas de Lucia para suas amigas, os registros de sua atividade em Eiyuta e notas de sua história com Marshall Todres.
O que Zein mais olhou, no entanto, foi uma única foto borrada. Era da licença de guia de sua mãe, retirada de um arquivo datado de mais de trinta anos atrás, então a qualidade não era muito boa. A única outra fotografia de sua mãe era uma pequena foto de grupo da equipe do Centro Guia de Eiyuta – então, parecia que ela não fazia parte de nenhuma guilda.
O relatório mencionava que eles ainda não haviam descoberto como ela conheceu o esper que a imprimiu, apenas especulações sobre uma certa comissão. Obviamente, eles não tinham ideia de quem era esse esper e ela nunca mencionou nomes ou afiliações em suas cartas para aquelas mulheres.
— Esses são um par de olhos inconfundíveis, — disse Bassena quando Zein lhe mostrou a foto.
Pode ser de baixa qualidade, mas era o suficiente para discernir seu rosto e os marcantes olhos azul-profundo de fênix. Aqueles olhos e a tez clara — assim como Zein, sua mãe também era uma beleza.
— Então você pegou o cabelo e os lábios do seu pai, — Bassena lançou um olhar ao guia, cujos olhos se estreitaram ao mencionar o pai. Suas sobrancelhas também se franziram, como se desprezasse a menção do esper sem nome. — Você o odeia?
—… Eu não sei, — Zein respondeu depois de um longo silêncio. Até agora, essa pessoa não lhe causou uma boa impressão. Levando Lucia de repente, basicamente a sequestrando de Eiyuta, colocando-a em perigo…
— Eu não sei como ele a imprimiu, se foi consensual ou… eu não sei, — Zein mordeu sua bochecha para conter a onda de emoções. Ele não sabia se sentia raiva, decepção ou nojo.
Era toda a razão pela qual ele odiava o conceito de impressão entre um esper e um guia.
E então ele simplesmente morreu assim, após imprimir alguém e engravidá-la. Uma jovem mulher, sozinha e grávida, acabou nas mãos de um escroque como Todres. Ela era mais jovem do que Zein agora quando o teve e morreu pouco depois.
Zein não conseguia decidir qual era pior; ter um pai abusivo que o vendeu, ou ter um pai que fez tudo aquilo com sua mãe.
Bassena não disse nada, embora quisesse dizer muitas coisas, querendo acalmar aquela rara agonia no rosto do guia. Era raro para Zein soar dolorido, expor suas emoções, depois de anos e décadas sempre escondendo-os atrás de sua máscara.
Por enquanto, ele apenas desejava que Zein pudesse desabafar e não reprimir isso em uma ferida purulenta como de costume. Por enquanto, ele ficaria contente e grato por Zein querer compartilhar isso com ele.
Zein respirou fundo e seguiu o que Bassena fez antes; apoiando-se na grade e abaixando a cabeça. Havia outra coisa que vinha incomodando muito sua mente desde ontem.
— Então… — ele começou a falar em uma voz um tanto fraca que perdeu a fúria anterior. — Parece que nem mesmo compartilhamos sangue,
Zein não mencionou explicitamente, mas estava claro quem ele queria dizer. Os gêmeos que ele havia criado por treze anos, que ele pensava serem pelo menos seus meio-irmãos… acabaram sendo apenas um par de estranhos. Claro, às vezes ele tinha esse pensamento de que talvez eles não fossem realmente relacionados. Mas, como não havia prova disso antes, ele se apegava à ideia de que havia um vínculo especial entre eles.
Mas agora…
— O que isso importa? — Bassena respondeu secamente. Zein levantou a cabeça, virando-se para o esper, que estava olhando para o horizonte com um sorriso sutil e uma expressão calma. — Ter laços de sangue é tão importante assim?
—…não é? — Zein respondeu com uma voz levemente rachada, o que fez o sorrido no rosto do esper se alargar.
— É? — Bassena virou para olhar o guia, que parecia mais pálido do que o usual. — Você acha que seus irmãos escolheriam seus pais em vez de você?
Os olhos azuis, que estavam tremendo antes, piscaram duas vezes. Bassena respondeu sua própria pergunta com um sorriso. — Eu não acho, — os olhos âmbar se desviaram para o horizonte novamente, enquanto o sorriso se transformava em um sorriso malicioso. — Assim como eu não escolheria os Vaski em vez de Joon e Radia.
O esper esticou o ombro e se apoiou na grade novamente enquanto fazia uma expressão nostálgica. — Era engraçado, sabe; tanto meus parentes de sangue quanto esses dois me batiam e repreendiam tanto, mas eu tinha uma sensação totalmente diferente deles.
— Diferente como?
Com uma risadinha, Bassena continuou. — Com meus parentes de sangue, apenas doía e era insensível. Mas com Joon e Radia… Eu sentia que eles estavam tentando me fazer me submeter para eu poder me acalmar. Eles nunca tornavam isso perigoso ou fatal para mim, dando-me pequenas palestras e conselhos no final de cada luta. Em vez de me sentir ferido… Eu apenas senti que alguém finalmente estava me dando o tratamento certo, — os olhos âmbar se curvaram nas memórias, — Acho que eu apenas sentia a boa intenção deles, mesmo com o punho duro de Joon e as palavras severas de Radia.
Ele olhou para o guia novamente, que estava ouvindo silenciosamente com uma ruminação no rosto. — Tenho certeza de que seus irmãos sentiram isso também,
Zein olhou para o jardim sereno sob seu quarto, tomando um gole de sua bebida aguada para acalmar a mente. Mas ele parecia mais calmo, seu rosto bonito não estava mais cheio de carrancas como antes.
— Você acha? — Zein perguntou calmamente, parecendo inseguro de maneira atípica.
Bassena pegou o copo vazio das mãos do guia para guardá-lo, respondendo calmamente. “Não podemos escolher de quem nascemos, assim como não podemos escolher quem desperta e quem não desperta,” Bassena inclinou-se e olhou para cima em direção ao guia com um sorriso brilhante e genuíno. “Mas assim como há pessoas despertas que escolhem viver como civis, podemos escolher a ligação que fazemos em nossas vidas.”
Zein olhou para o sorriso luminoso e sentiu seus olhos cintilarem. Havia um suave formigamento no canto do seu coração, enquanto ele batia confortável, calmamente, completamente à vontade. Quase parecia uma mentira, a agitação que ele sentira até um momento atrás.
Com um leve sorriso, ele perguntou ao esper, provocadoramente. “Quem te disse isso?”
Bassena riu disso, com os lábios curvados maliciosamente. “Haha, tão óbvio assim?” os olhos âmbar suavizaram-se, e a resposta veio com uma certa ternura. “Eu li isso no diário da minha mãe.”
Ela provavelmente diria isso ao Bassena ela mesma se ela vivesse o suficiente até seu filho poder entender tal noção. Mas pelo menos, seus pensamentos e palavras foram bem preservados, embora tenha levado a Bassena mais de uma década para recuperá-los.
“Mm…” Zein olhou para cima por um instante, em direção ao céu nublado que prometia uma forte chuva de verão. Parecia o céu da zona vermelha, mas não tanto o estado do seu coração, pela primeira vez.
Zein foi lembrado mais uma vez que sua vida e a do Bassena não eram tão diferentes. Viver na zona superior não significava estar livre de sofrimentos. Enquanto Bassena tinha pessoas como Han Joon e Radia Mallarc para o colocar na linha, Zein tinha a vovó ao lado, Alma, e–em certa medida–Zach para mantê-lo ancorado à terra dos vivos.
Claro, a maior razão seriam os gêmeos… seus irmãos. Sim, eles eram seus irmãos, não importa o quê. As contas em seu colar lhe diziam isso.
Com um raro sorriso suave, sua mão pousou no cabelo loiro platinado, despenteando os fios macios enquanto os olhos azuis ainda olhavam ao longe. Quase parecia que ele fazia isso distraidamente, mas Bassena gostava de qualquer maneira.
“Obrigado,” Zein murmurou, ainda com aquele sorriso suave que fazia os olhos azuis brilharem lindamente.
Bassena olhou de lado para o guia, a bochecha pressionando contra seus braços adornada com um leve rubor. Ele realmente se sentia como um adolescente tímido na frente de sua paixão toda vez que Zein mostrava esse lado terno que sempre estava oculto sob um exterior severo e frio.
Ele queria pensar que era o único que podia desfrutar desse lado de Zein. Como aqueles leves tapinhas em sua bochecha, ou esse gentil despentear de seus cabelos.
“Quero pedir uma recompensa, mas sinto que isso já é uma recompensa,” ele murmurou com uma risada suave, que lhe rendeu mais um daqueles sorrisos suaves.
Eles ficaram assim por um tempo, enquanto o ar ficava ainda mais úmido e o vento forte começava a soprar. Quando sentiram a primeira gota de chuva, Zein abriu os lábios.
“Eu troco a informação com algo,”
“Bem, isso é típico do Radia,” Bassena riu em resposta. Mas logo parou depois de ver o olhar solene do guia.
“Bas,” o esper enrijeceu ao ouvir seu nome sair dos lábios do guia. “Parece que eu também sou um fragmento de Setnath.”
A chuva começou a cair justo então, caindo com um som intenso. O vento enviava gotas de água espirrando neles, mas nem Zein nem Bassena recuaram. Os olhos azuis olhavam para baixo, encarando Bassena como se esperassem uma resposta.
Ou talvez um julgamento.
Ele olhou para os olhos âmbar, que tremeram levemente. Mas foi só por alguns segundos, antes de se estabilizarem novamente. Zein não culpava o esper por se sentir chocado com a revelação, apenas esperando que o homem dissesse algo.
Se é que tinha algo a dizer.
Mas não demorou muito para os lábios do esper se abrirem em um sorriso. “Obrigado,” Bassena disse suavemente, “por me contar.”
Dessa vez, foram os olhos azuis que tremeram levemente. Zein não tinha ideia do que esperava–será que ele pensava que Bassena ficaria de mau humor porque ele contou ao Radia primeiro? Mas ele sentiu como se algo pesado tivesse sido retirado de seu coração naquele momento.
Num movimento rápido que pareceu um reflexo, a mão que acariciava o cabelo de platina movimentou-se para embalar e puxar a cabeça do esper, enquanto Zein se inclinava e pressionava levemente os lábios no templo de Bassena, na leve cicatriz na testa do esper.
Bassena piscou enquanto sua visão se preenchia com a clavícula do guia, tão atônito que não conseguiu reagir adequadamente, apenas congelado no aperto do guia.
Antes que pudesse sair do seu estupor, Zein já havia recuado o braço e batido na sua bochecha surpresa. “A chuva está ficando mais forte, vamos entrar,”
Bassena quis dizer que não se importava em ficar na chuva torrencial se fosse com Zein, mas ele apenas engoliu essas palavras e saboreou o gosto remanescente em seu templo.