Não Há Amor na Zona da Morte (BL) - Capítulo 64
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64: Capítulo 63. Um Curto Descanso 64: Capítulo 63. Um Curto Descanso “Ei,” quem o cumprimentou no saguão foi nada menos que o próprio Guia Chefe. “Você saiu um pouco e aconteceu alguma coisa?”
“A vida é uma aventura,” respondeu Zein, andando despreocupadamente em direção ao guia menor.
Na tarde de sábado, o prédio da guilda estava bastante vazio. Dois esquadrões de ataque ainda estavam invadindo masmorras de alta classe em outra área com os dois espers 5 estrelas que Zein ainda não havia conhecido até agora, e o restante dos espers estava aproveitando o fim de semana. Até mesmo a maioria dos trabalhadores civis estava livre no fim de semana, então havia apenas um punhado de pessoas na guilda.
“Você fez como eu te disse, certo?” Abel parou o guia mais alto, colocando a palma da mão contra o peito do outro.
“Claro,”
O guia menor concordou com a cabeça e, então, depois de alguns segundos de silêncio, perguntou cautelosamente. “Como está?”
“Dois mortos, dois quase explodiram, e o resto está bem machucado,” respondeu Zein secamente, em um tom de relatório comum. Baixas e mortes durante missões eram algo com o qual ele já estava familiarizado. De fato, ele achava que a pequena guilda teve sorte—um portão vermelho e apenas duas mortes. A Mobius estar lá rapidamente foi uma grande sorte, prevenindo a epidemia justo a tempo.
Mas para alguém como Abel, que vivia na zona verde onde as baixas eram mínimas, isso era uma tragédia. “Isso é pesado…” ele olhou para o pensativo Zein com preocupação. “Você está bem?”
Parecia meio ridículo, alguém preocupado com ele quando ele nem havia entrado na masmorra. Mas a preocupação vinha de um bom lugar, então Zein respondeu gentilmente. “Estou bem,” ele acrescentou brincando, “Conheci alguém interessante também, então não está tão ruim assim,”
“Ei!” Abel deu um tapa leve em seu braço superior, com um sorriso estampado no rosto. “Quem—”
“Zein!”
A pergunta de Abel foi cortada subitamente por uma voz alta vinda da entrada. Zein virou a cabeça e murmurou sobressaltado, “Bas?”
Bassena Vaski, que supostamente tinha uma sessão de fotos comercial na Capital, estava lá, com os olhos injetados de sangue e cheios de fúria.
O espaço silencioso parecia ecoar ainda mais o grito alto e os passos apressados conforme Bassena caminhava pelo saguão de mármore com pressa e olhos âmbar ferozes.
Zein piscou, surpreso que seu nome fosse pronunciado com tanta urgência pelo esper. “O quê—”
Antes que pudesse dizer uma única palavra, Bassena já estava na sua frente, rápido mesmo sem o poder de teleportação. O esper agarrou os braços superiores de Zein, olhando-o de cima a baixo com olhos fervorosos.
“Você está bem? Você não está machucado?”
Novamente, Zein apenas encarou o esper confuso. E um pouco fascinado. Ele nunca havia visto Bassena tão frenético antes, mesmo durante a expedição. O esper sempre era calmo—ou melhor, sempre ‘agia’ com calma.
Mas não havia nada para estar frenético, não é?
“Estou bem, por que você está assim?” Zein inclinou a cabeça. No meio do saguão, ainda por cima. Era sorte que não havia muitas pessoas ali no momento.
Bassena soltou um suspiro de alívio, braços apoiados nos ombros de Zein enquanto tentava acalmar a respiração. “Eu pensei que tinha uma epidemia…”
“Hã? Não te falei—” Zein fez uma pausa e verificou seu commlink. Era para ele ter enviado uma mensagem explicando a situação para Bassena, já que a ligação havia sido interrompida abruptamente. Mas parece que ele apenas digitou sem nunca enviar. “Ah…foi mal.”
Ele olhou para cima então, observando Bassena atentamente. Agora que ele prestava atenção, o esper chegou num terno formal de três peças e casaco, mesmo sendo uma tarde de verão. Seu cabelo parecia estar penteado com cuidado antes, mas tinha ficado bagunçado recentemente por movimentos rigorosos—como correr ou teleportar…
“Você voltou no meio do seu trabalho?” perguntou Zein, batendo nos braços ainda em seu ombro.
“…sim, por quê?”
Tentando levantar os braços do ombro, Zein encarou o esper com sobrancelhas franzidas. “Por que você faria isso?”
“…por quê?” Bassena levantou o rosto abaixado, os olhos arregalados em perplexidade.
“Não é nem uma ruptura do calabouço,” disse Zein. Ele nem estava dentro da masmorra em si. Zona da Morte tinha uma ruptura do calabouço diária como um relógio, e ele havia sobrevivido a tudo que havia enfrentado. Mesmo se acontecesse uma epidemia, Bassena deveria saber que Zein tinha capacidade suficiente para sobreviver por conta própria. “Não é como se eu fosse morrer em uma simples epidemia—”
“Não diga isso!”
Mais uma vez, Zein piscou surpreso, enquanto seu corpo era puxado para um abraço apertado. “Não…diga isso…”
Ambos, a voz e os braços em volta dele estavam tremendo. A cabeça pressionada em seu ombro parecia pesada e… triste. Era estranho, e nada parecido com o Bassena Vaski que ele conhecia. Isso não era preocupação… era medo. Havia algo mais nisso do que a preocupação de Zein estar perto de um lugar perigoso.
“Tudo bem,” Zein ergueu a mão e afagou as mechas loiras. “Vamos para outro lugar primeiro,”
Não havia muitas pessoas na guilda neste momento, mas não era como se estivesse vazio. Desde Abel e as recepcionistas até membros da guilda e trabalhadores que passavam pelo piso térreo—todos eles pararam e observaram desde que Bassena pisou no saguão de mármore pela primeira vez.
Quando Zein sentiu o agarro do esper em si afrouxar, ele deu mais um tapinha no homem. “Vamos para o seu escritório.”
* * *
“O que foi isso?” Zein não perdeu tempo e perguntou assim que removeram a máscara assim que entraram no amplo escritório no décimo terceiro andar.
Embora, em vez de um escritório, parecesse mais um espaço de convivência. Zein sentou-se no grande sofá que parecia ser bom para dormir, de frente para uma tela ampla que o fazia lembrar de um outdoor. Ele gostaria de olhar em volta mais, mas seus olhos foram atraídos para o esper ao seu lado, que estava recostado com um antebraço sobre os olhos fechados.
O casaco e o terno haviam sido retirados, deixando Bassena apenas de camisa e colete, parecendo ainda mais miserável do que antes, embora ele não estivesse mais tremendo. Zein esperou pacientemente, até o braço descer e o esper finalmente falar.
“Minha mãe…morreu em uma ruptura do calabouço,” Zein endureceu então, enquanto Bassena acrescentava. “Ah, mas ela não era uma civil. Ela era um esper, uma do tipo maga.”
Naquele momento, Bassena virou a cabeça, e os olhos âmbar olharam para o guia. “Ela era forte, uma 5 estrelas, pelo menos quando ainda estava ativa.”
O esper pegou a mão de Zein, e o guia percebeu o quanto era fraca, como se o homem estivesse tendo cuidado. Zein entendeu então, por que Bassena estava tão frenético. Não era como se o esper não soubesse que ele era forte o suficiente para se proteger, mas porque ele sabia que ser forte não era o suficiente para mudar o fio do destino.
“Ela nem estava no local da invasão. Ela estava de férias para se recuperar, e então a masmorra perto da villa teve uma ruptura,” havia um sorriso amargo no rosto do esper. “É bastante irônico, não é?”
“…o que é?”
“É como se um soldado morresse em um acidente de carro depois de sobreviver à guerra,” Bassena riu baixinho. “Ela disse ‘não se preocupe, é só uma epidemia’ e então…”
“Okay,” Zein tirou a mão da cabeça do esper e a colocou sobre a de Bassena, o polegar acariciando a testa franzida. “Ok, eu entendo. Me desculpe,”
Bassena piscava a cada movimento do polegar acariciante de Zein. Os olhos âmbar, que pareciam perdidos e cansados, começaram a se acalmar. Bassena então mudou de posição, baixando-se para deitar a cabeça na coxa de Zein.
“De novo?” Zein levantou uma sobrancelha, lembrando-se do tempo durante a expedição quando Bassena usou sua coxa como travesseiro também como forma de retribuição. “Eu tenho que fazer isso toda vez que me desculpar com você?”
A resposta veio apenas como uma risada, e Zein suspirou, cedendo ao capricho do esper. Talvez porque ele realmente se sentisse culpado por falhar em enviar a mensagem e ter deixado esse cachorrinho gigante preocupado. Se fosse por uma desculpa injustificável, Zein teria repreendido o homem, mas ele entendia tal trauma.
Ele percebeu então que eles tinham algo em comum. Mas a fonte de seu trauma era diferente; enquanto Zein se desencadeava sobre o destino dos civis em uma ruptura do calabouço, Bassena estava marcado pelo próprio surto.
E também, por causa das olheiras escuras sob os olhos do esper. Estavam cobertas por maquiagem, já que ele havia feito uma sessão de fotos pelos últimos dois dias, mas agora estavam visíveis depois de seu surto momentâneo, sem falar de saltar de um helicóptero, se teleportar para o complexo e correr para o saguão.
O esper realmente parecia precisar muito dormir, então Zein apenas deixou que ele dormisse. “Você dormiu alguma coisa essa semana?”
“Eu não sei?” Bassena riu. “Eu acho que não,”
“Você consegue funcionar assim?” Zein deu um tapinha leve na testa do esper.
“Eu me viro,” com essa resposta curta, os olhos âmbar se fecharam e eles passaram algum tempo em silêncio pacífico. Zein também começou a ser embalado pela sonolência, até que Bassena decidiu falar novamente.
“Eu descobri há quatro anos,” Bassena disse de repente, pegando a mão de Zein e a colocando em sua cabeça, como se pedisse para o guia acariciá-lo novamente. “Descobri que o acidente foi intencional.”
“O quê você quer dizer?”
Chutando os sapatos para fora e esticando as pernas completamente no sofá, Bassena olhou para o teto e sorriu friamente. “O surto; foi causado por humanos,” Zein parou sua mão ao ouvir a resposta, mas não era toda a revelação sombria. “Assim como a doença da minha mãe, e o momento das férias dela para convalescença,”
Zein franziu a testa por um instante. “Isso tem algo a ver com o motivo de você estar dentro daquela masmorra?”
O esper riu, olhando para o rosto do guia com um sorriso. “Você é rápido,” Bassena olhou para a pintura abstrata na parede em seu campo de visão e continuou. “Sim, meu clã tentou me matar lá por saber disso, então eu os matei.”
Não era o tipo de coisa que alguém diria com orgulho, mas Bassena falou. Ele estava orgulhoso disso, vingando a mãe e a si mesmo com as próprias mãos, derrubando sua própria guilda e clã quando tinha apenas vinte e três anos. Ele não se importava por ser chamado de traidor, assassino, cobra, demônio—ele não se arrependia de nada.
Havia até um senso de inocência e brutalidade infantil em sua voz estranhamente alegre enquanto falava sobre isso. Mas o homem deitado na coxa de Zein parecia um filhote dócil precisando de dormir naquele momento.
“Você sabe por que eles fizeram isso?”
“A principal razão era provavelmente a riqueza da herança dela, mas… não era só isso…” a voz alegre enfraqueceu então. O corpo alto virou de modo que ele encarasse o encosto do sofá, e a cabeça platinada se aninhou levemente ao lado do guia.
Zein pensou que Bassena tinha decidido dormir sem continuar, mas uma resposta veio. “Por minha causa,” o esper murmurou. “Eles achavam que eu era muito mimado pela minha mãe e usaram a morte dela como combustível para me empurrar em um treinamento extremo—não, aquilo não era treinamento, parecia tortura…”
Havia muita emoção na voz—raiva, tristeza, culpa. “Mas eu queria ser forte, exatamente como eles planejavam. Eu fui moldado na víbora raivosa dos Vaski,” a voz tensa riu de repente. “Ah…eu era um desastre naquela época—cruel, indomável, enfrentando tudo com raiva. Eu era constantemente lembrado da morte da minha mãe, diziam que foi porque eu não era forte o suficiente…”
Zein se recostou no sofá e, involuntariamente, começou a acariciar as mechas platinadas. O homem deitado em seu colo, o esper mais forte dessa geração, parecia de repente uma existência frágil. Foi por isso que esse homem se apegou tanto a ele?
Não…isso também não estava completamente certo. Havia pessoas que ajudaram e o levantaram antes de Zein. “Você os conheceu nessa época?”
Radia Mallarc e Han Joon. Eles eram como guardiões de Bassena, por mais estranho que isso soasse. Era o motivo pelo qual Bassena não podia desafiá-los. Mas não podia ser considerado como um apego.
“Sim…” o esper riu, a vibração se espalhou para o abdômen de Zein. “Eles me bateram tanto até que eu desisti e parei de fazer confusão na academia,”
Zein se perguntava o que teria acontecido então, se Bassena não tivesse conhecido os dois, e tivesse Han Shin e Reina como amigos desse encontro. Sozinho no ninho de víboras sendo usado como uma ferramenta… uma ferramenta muito perigosa.
Uma ferramenta como Zein.
Talvez fosse o fato de ele ter pessoas com quem contar, e que ele conseguiu realizar sua vingança, que fez Bassena ver as coisas diferentemente de Zein. Diferentemente de Zein, Bassena se livrou de sua culpa e sentimentos não resolvidos. Então, apesar de ter experimentado perda e traição, ele não temia trilhar o caminho outra vez, buscando seu novo apego por Zein sem qualquer reserva.
Zein apenas não entendia uma coisa, no entanto. “Por que… você ainda usa o seu sobrenome?”
Até agora, Zein não tinha a intenção de associar o nome daquela pessoa ao seu. Mas por que Bassena continuava a usar o nome do clã que tornou a vida dele miserável?
“Hmm… por praticidade, eu acho,” Bassena respondeu com voz sonolenta. “Eu já era conhecido por esse nome…e…”
“E?”
Um riso sonolento escapou, e aquele tom alegre e inocente. “Não é divertido? O nome Vaski agora pertence a mim, e não ao clã caído que desapareceu nos confins do continente. As pessoas associam o nome com o Senhor das Serpentes, e não com a inexistente guilda Víbora Dourada.”
Zein levantou uma sobrancelha, antes de sorrir para si mesmo. Ah… que coisa tão Bassena para se dizer. Era algo que só poderia ser pronunciado por alguém forte e impiedoso.
Obviamente, Zein não tinha tal posição ou poder. Mas também não havia mérito para ele tomar o nome daquela pessoa, então fazer como Bassena não resultaria em nada.
Mas ainda era algo admirável; essa atitude altiva como o céu. Era refrescante como Bassena via isso mais como uma travessura do que qualquer outra coisa. Era como se mostrasse ao mundo inteiro que ele não se importava mais com seu antigo clã.
Sim… esse homem era alguém assim. O tipo que destruía tudo à frente, atacando de frente, nunca fugindo. Assim como ele perseguia Zein, buscando o guia com atenção explícita e emoção crua, enfrentando seus próprios erros sem hesitação.
Ah, Zein entendeu então, por que ele deixou Bassena continuar suas investidas, por que ele não conseguia rejeitá-lo categoricamente.
Era admiração.
Aquela atitude desinibida que sabia exatamente o que queria; Zein não tinha isso.
“Hmm…” ele parou seu movimento de carinho e moveu os dedos para baixo, escovando as mechas platinadas para longe do rosto do esper.
Jovem. Ele parecia jovem assim, calmo e indefeso, fechando os olhos e respirando de forma constante com tal tranquilidade. Era esse o homem que trazia medo às pessoas? Que comandava silêncio apenas com o sussurro de sua sombra?
Zein acariciou a bochecha bronzeada, brilhando em um bronze bonito sob a luz suave do escritório. Com um sorriso malicioso, Zein beliscou a bochecha desprevenida. “Você não é adorável?”
O guia continuou a brincar com o rosto de Bassena, aproveitando o quanto o esper estava profundamente adormecido. Embora, Bassena provavelmente deixaria mesmo se estivesse acordado. No final, Zein colocou sua palma no pescoço do esper enquanto acariciava, fechando os olhos para mergulhar no mar da escuridão. Mas ele não estava guiando, apenas deixando sua consciência flutuar no espaço confortável, e adormecer juntos.