522: Capítulo 515. Aperitivo 522: Capítulo 515. Aperitivo A presença era inconfundível. Todos podiam vê-la não importando onde estivessem, até mesmo aqueles que ainda estavam no Castelo. Era imponente, maior que um gigante, como se a própria montanha estivesse se movendo. Sob seus muitos olhos vigilantes, os humanos sentiam que não havia lugar para se esconder, nem mesmo debaixo da terra ou atrás de uma parede de barreira.

Talvez, o vazio que viam através do deserto sempre estivera ali para esconder esta presença.

Zein estreitou os olhos. Não—se aquela entidade estivesse ali, exposta o tempo todo, não havia motivo para esperar tanto tempo antes de agir. No momento em que a Torre de Vigia do Castelo foi erguida e a lasca montada, ela já deveria ter visto.

Não, se fosse a verdadeira Estrela Caída com todo o seu poder, Ela não deveria esperar tanto tempo.

Mas então… o que era? Não era uma ilusão também, porque Zein podia sentir a sensação que teve na visão. A energia que sentia era inconfundivelmente a da Estrela Caída. Parecia mais completa, como vários fragmentos sendo fundidos…

“Não,” Zein segurou a mão fria da Bassena, esfregando-a levemente para trazer de volta o calor usual e familiar. “Não é a Estrela Caída exatamente, mas… algo como… Seu clone?”

Bassena acordou do seu choque momentâneo e imediatamente verificou os outros. Como ele, a maioria deles estava congelada diante não só do ataque, mas também da chegada daquela imensa entidade que preenchia o horizonte com dezenas de olhos gigantes.

Foram apenas alguns segundos, nem mesmo um minuto, mas o efeito foi tangível. Com a barragem de ataques dos humanos parada, as bestas e Espectros restantes estavam avançando. Algumas das grandes criaturas voadoras conseguiram cruzar a terceira faixa e estavam a apenas alguns segundos de alcançar a Torre de Vigia intacta.

“Foco!” Bassena latiu no ar e no aparelho auditivo, ao enviar suas estacas para perfurar as criaturas voadoras que se aproximavam. “Não preste atenção naquela coisa, apenas faça o seu trabalho!”

“Sim, Comandante!”

[Sim, Comandante!]
Felizmente, os espers instantaneamente recuperaram o juízo e retomaram seus ataques. Era sorte que os espíritos elementais não pararam os seus movimentos; caso contrário, os fragmentos já poderiam estar se unindo à luta e, nesta situação em que ainda estavam abalados pelo ataque anterior, não seria bom.

Bassena virou-se para Zein em seguida. “O que quer dizer com um clone?”

“Algo como fragmentos, mas mais… maciço?” Zein estreitou os olhos em concentração enquanto tentava decifrar aquela criatura imensa. “Lembra como teorizamos que as mentes dos fragmentos estão separadas do corpo principal? Acho que este está diretamente conectado ao corpo principal—eu posso sentir a energia sendo projetada de algum lugar…”

Os olhos azuis brilharam e enevoaram-se, como se Zein estivesse olhando para algo que não estava lá.

“Algum lugar distante, além do deserto.”

“Haa…”

[Comandante…] a voz de Kei, mais estabilizada desta vez, veio do aparelho auditivo novamente. [Você acha que Ele pode disparar aquele ataque novamente?]
“Talvez,” Bassena pressionou os lábios e respirou fundo. “Temos que partir dessa premissa.”

Era sempre melhor assumir o pior e se preparar para isso, e foi por isso que ele disse a Kei para evacuar a outra Torre de Vigia. Mas tomar precauções era diferente de preveni-las, por isso Bassena estava bastante angustiado. Seria diferente se estivessem dentro de uma fortaleza—ou pelo menos em uma parede estabelecida—mas aqui no aberto…

Deveriam recuar para a base principal? Mas então, o ataque poderia vir enquanto estivessem de costas durante a retirada…

Merda—ele já havia passado por muitas incursões no calabouço, mas isto era além mesmo do pior portão preto…

“Os magos e defensores podem defender contra o ataque se eu puder prever?”

Bassena virou-se em direção a Zein com os olhos arregalados. O guia estava olhando para a torre de vigia caída desta vez. “Sim,” Bassena respondeu, cerrando os punhos. Eles tinham que conseguir. Se soubessem a trajetória, tinham que ser capazes de se defender, mesmo que Bassena tivesse que usar [jormungard] para isso.

“Certo, vamos para a Torre de Vigia,” Zein concordou, segurando a mão de Bassena como se sinalizasse um passo na sombra. “Eu preciso registrar a energia do ataque.”

“…Certo,” Bassena agarrou a cintura do guia e falou com Kei. “Faça como planejamos por enquanto.”

[Entendido]
Num piscar de olhos, Zein e Bassena chegaram no meio de destroços e vidros quebrados. Várias armas e eletrônicos espalhados pelo campo e ao lado, os espers impactados pelo ataque.

Han Shin já estava lá, no meio de uma cura em massa dos feridos. Zein podia ver ossos quebrados e queimaduras, mas a maioria deles também estava fortemente envenenada. Um dos apoios continuava lançando um buff anti-veneno, enquanto outro distribuía soros antitóxico. Os olhos de Zein, no entanto, rapidamente se concentraram nas figuras cobertas… nas figuras, na beira da fila.

“Erba e Ling estavam manejando as armas no teto aberto, então não tinha nada para reduzir o impacto,” o líder da equipe de apoio relatou com uma voz silenciosa. “Era tarde demais quando chegamos.”

Mais dois… Bassena cerrou o punho e virou-se para os restos da torre de vigia. “E quanto ao nível inferior?”

“Os quartos estão bons; apenas a sala de comando e a torre foram destruídos.”

“Leve o corpo para dentro dos quartos. É improvável que ataquem um caído, então estará seguro,” Bassena disse. “Assim que Han Shin terminar de curar, leve o resto para Kei.”

“Sim, Comandante.”

Enquanto Bassena dava instruções e verificava os feridos—assim como os dois que faleceram—Zein caminhava ao redor dos destroços, colocando sua mão em tudo que ainda mantinha o traço da energia do ataque. Não era difícil encontrar—Zein apenas precisava olhar para os tijolos enegrecidos e metais.

“Como está?” Bassena perguntou depois que a equipe de apoio levou os dois falecidos para dentro da torre de vigia. Zein simplesmente acenou com os olhos firmes e confiantes olhando para o horizonte bloqueado pela montanha de olhos. “Certo, eu arranjei um canal para os defensores e os magos de barreira; dê instruções quando chegar a hora.”

“Está vindo em breve,” Zein murmurou, sentindo a energia cósmica corrompida agitando-se no horizonte. Imediatamente, ele ativou o novo canal de comunicação. “Defensores usando escudo de mana e magos de barreira, preparem seus feitiços.”

De volta à base da terceira faixa, mana agitou-se na linha de frente. Eles não tinham ideia do porquê o comando foi transferido para Zein, mas o fizeram assim mesmo. Zein estava olhando para o gráfico das coordenadas enquanto mantinha o olhar na energia.

“Quando eu der a vocês uma coordenada, ativem seus escudos e barreiras naquela área, de frente para o inimigo—terão menos de um segundo para fazer isso.”

[Sim senhor!]
A mana agitada gradualmente se concentrou em um dos olhos e Zein tocou na tela para bloquear a coordenada por onde a energia viajaria a seguir. Rapidamente, os defensores e o mago da barreira deslocaram suas manas, justo quando Bassena ouviu aquele som agudo de assobio.

CRACK!

O som das barreiras estilhaçadas trovejando pelo deserto. Camadas sobre camadas se romperam à medida que a bala invisível tentava alcançar seu destino; a outra Torre de Vigia.

“Filho da puta!” Julian amaldiçoou pouco caracteristicamente enquanto renovava seu escudo de mana—o que foi difícil já que precisava fazer isso à distância.

Mas eventualmente, após esgotar dois terços das dezenas de camadas de barreira, parou. Por cinco segundos, ninguém disse nada, até que um dos magos de barreira gritou em triunfo, convidando vários outros a fazerem o mesmo.

Se fosse uma incursão no calabouço regular, Bassena os repreenderia e exigiria disciplina—ao menos, até a incursão terminar. Mas ninguém tinha ideia de quando essa ‘incursão’ acabaria, e francamente… eles precisavam desse triunfo.

O sucesso proporcionou um impulso no moral que havia caído devido ao ataque anterior e a tristeza contida pela perda de amigos que tinham que esconder. Os espers seguraram suas armas com mais determinação do que antes de verem aquela imensa montanha de olhos.

“Bom, vamos fazer assim,” Bassena concordou, pressionando um beijo apertado na mão de Zein. “K, conte o intervalo.”

[Sim, Comandante]
Naquele momento, ouviram uma menina gritando da lateral. “Ei, estou aqui, o que tenho que fazer?”

No momento em que Senia estava ao alcance, Zein pegou sua mão e começou a guiá-la. A garota piscou surpresa, mas também encantada, embora isso significasse que eles lhe dariam mais trabalho árduo.

“Está vendo aquele grande lá?” Bassena apontou para o titã em movimento à distância.

“Quem poderia não ver?” Senia revirou os olhos. “Você quer que eu ataque?”

“Não seja estúpida,” Bassena bateu na testa da garota. Quem ela pensa que é? Enfrentando a Estrela Caída… mesmo que fosse apenas um clone, uma mera cinco estrelas não seria capaz de enfrentá-la e qualquer um abaixo disso nem seria capaz de se aproximar. “Eu vou cuidar daquela, mas não vou poder fazer mais nada, então você tem que ajudar os outros com os fragmentos.”

Os olhos da garota se contorceram. “Ajudar?”

Apenas ajudar? Bassena pensava que ela não seria capaz de matar um?

“Dê o golpe final,” Bassena suspirou, sentindo-se exausto antes mesmo de começar a lutar. “A menos que sejam pessoas que estejam prontas para alcançar cinco estrelas, eles não serão capazes de purgá-lo completamente.”

Senia arregalou os olhos e, em seguida, olhou para Zein, que a encarou de volta esperançosamente. Seus lábios se esticaram à medida que o orgulho brotava em seu coração.

“Ok, entendi!”