Não Há Amor na Zona da Morte (BL) - Capítulo 48
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48: Capítulo 47. Uma Garota e Um Doce Candy 48: Capítulo 47. Uma Garota e Um Doce Candy Tecnicamente, as verdadeiras zonas seguras no Continente eram aquelas próximas às torres e templos. O raio de aproximadamente dez quilômetros ao redor dessas estruturas constituía as verdadeiras zonas seguras, onde masmorras jamais se formariam.
No entanto, devido a essa condição especial, concordou-se que essa zona, que também era chamada de zona branca, seria uma área livre onde a autoridade de gestão ficaria a cargo da administração das torres e dos templos. Isso significava que, nenhuma sentinela ou autoridade governamental, bem como residências civis, poderiam existir lá.
Assim, a zona mais segura na qual as pessoas realmente poderiam viver não era a zona segura, mas a zona verde. A maioria das sedes das grandes guildas, das principais empresas, conglomerados e outras figuras de topo do mundo residiam na zona verde. Era um lugar frequentado apenas pelas elites e o espaço dos sonhos da maioria das pessoas. A taxa de geração de masmorras era baixa e, mesmo assim, muitos espers competentes moravam nas redondezas, então as vítimas por masmorras eram menos comuns do que um acidente de trânsito.
Por isso, o portão que dava acesso à zona verde tinha esse apelido; o Portão da Segurança.
A Federação Oriental, que abrangia da Área 10 até a 14 das dezesseis áreas sob o Governo Mundial, possuía três torres e um templo em seu território — em outras palavras, quatro zonas verdes. A Capital da Federação estava localizada na zona verde da Área 12, Rexon, mas a Área 13 era o seu meca do comércio e entretenimento.
E agora, Zein estava dentro do portão da zona verde da Área 13, Althrea. O ônibus interzonal só podia chegar até o portão, não além. Era necessário passar por inspeções individuais antes de receber uma autorização — a menos que já possuíssem uma permissão de residência na zona verde.
Zein não tinha permissão de residência, claro. Ele mal possuía uma certidão de nascimento, afinal de contas. Mas a autorização do Capitão incluía também uma carta de recomendação para a Agência Central de Guias, já que Zein finalmente achou que seria bom ter uma licença legal. A própria carta lhe permitia passar livremente, já que o selo militar do Capitão ainda tinha algum peso.
Mas o que lhe concedeu vantagens adicionais foi a permissão exibindo o logotipo da Mortix. Instantaneamente, os oficiais relaxados se endireitaram, e então observaram Zein mais cuidadosamente a partir de então.
Zein não estava exatamente com uma aparência arrumada, já que havia passado dias na estrada. Mas, felizmente para ele, ele usava o uniforme de combate da SavAsh que a Mortix lhe fornecera durante a expedição, assim como a máscara de alta qualidade. Sua atitude descompromissada e confiante e seu olhar claro e preciso complementavam essa aparência, e os oficiais imediatamente pensaram que ele era um dos membros da equipe da Mortix — embora por que um membro da equipe da Mortix viajasse de ônibus normal estava além deles.
O mal-entendido não apenas concedeu a Zein uma passagem fácil, mas também fez com que ele fosse guiado por um oficial excessivamente amigável até um dos ônibus shuttle de melhor aparência que o levaria ao centro de Althrea.
Foi então que Zein percebeu quão grande era a influência da Mortix na Federação Oriental. Especialmente nesta cidade dedicada ao comércio, o Grupo Mortix provavelmente tinha tanta autoridade quanto o governo, e conglomerados como Radia Mallarc provavelmente eram tratados como reis, vendo como eles tratavam Zein bem apenas com a especulação de que ele era um membro da equipe.
Bem, Zein não se importava muito com o mal-entendido. O shuttle era até gratuito, então ele poderia apenas aproveitar a viagem até sentir vontade de parar em algum lugar. Ele queria desfrutar completamente da paisagem — a vegetação exuberante, a arquitetura imponente e até os veículos que compunham o tráfego eram novidades para ele.
Mas antes que pudesse desfrutá-las plenamente, sua atenção foi atraída para a enorme tela ao lado de um prédio alto à beira da estrada. Ron lhe disse que era chamado de… outdoor? Ou algo assim. O nome não era importante para Zein — o conteúdo era.
Um rosto familiar, tão familiar, pois constantemente aparecia em sua mente. Um par de olhos âmbar incisivos, pele bronzeada e cabelos loiros platinados emolduravam um semblante indubitavelmente atraente com três escamas adornando a pele abaixo do olho esquerdo.
“Bassena Vaski…” Zein murmurou inconscientemente, olhos rastreando o sorriso provocante no rosto do esper. Pelo que podia ver, a tela estava exibindo um anúncio para um relógio provavelmente muito caro.
“Oh—Mãe, olha! É o Senhor da Serpente que a irmã mais velha gosta!”
Zein virou a cabeça para a menininha sentada ao seu lado. Ela apontou o dedo na direção de Zein — ou melhor, para a janela onde podiam ver a tela. Ela sorriu amplamente enquanto olhava para trás, na direção de sua mãe, que estava sentada atrás dela.
“Silêncio, você não pode gritar no ônibus, Lina. E não aponte o dedo assim, está incomodando o Senhor aqui,” repreendeu a mãe da menina, enquanto olhava para Zein com um pedido de desculpas.
Zein, por sua vez, apenas observou a menina por um instante, e depois da pequena garota se desculpar com um sorriso, ele voltou sua atenção para a estrada. Ele não podia mais ver a tela, mas sua mente ainda conseguia reproduzir o anúncio.
‘Ele realmente é famoso, hein?’ pensou Zein. Não apenas como um esper, mas também como uma mercadoria, como Han Shin disse. Bassena não era apenas o rosto da Trindade como seu esper da Classe Santo, mas também um dos embaixadores da marca Mortix.
E como se respondendo a esse pensamento, o ônibus shuttle passou por outra tela enorme, desta vez anunciando a Trindade como um todo — o que, claro, incluía o clipe do dito esper da Classe Santo em ação. Na verdade, o ônibus havia entrado no viaduto acima da área comercial com muitas dessas telas coladas nos prédios e no céu. Mas como a única guilda que Zein conhecia era a Trindade, seus olhos automaticamente só registraram aquela com o logotipo do triângulo, da serpente e da flor vermelha, junto com trechos do rosto de Bassena Vaski.
“Parece que ele está em todo lugar…”
Zein murmurou novamente, e de repente sentiu seu braço ser tocado suavemente. Quando virou a cabeça, a menininha estava se inclinando mais para perto dele com olhos brilhantes cheios de curiosidade. “Senhor, Senhor, você também gosta do Senhor da Serpente?”
Zein fez uma pausa por um instante, encarando o rosto desprotegido. Ele nunca tinha visto um rosto tão despreocupado e inocente em uma criança antes. As crianças da zona vermelha eram ferozes e cautelosas; algumas eram abertamente maliciosas, e sempre havia uma certa quantidade de medo em seus olhos. Houve dias em que ele ficou cansado de ver esse tipo de rosto que parou de olhar no espelho completamente.
O rosto desta menina… sim — era o tipo de rosto que ele queria que os gêmeos tivessem.
“Senhor?” a menina inclinou a cabeça diante dos olhos em branco de Zein, trazendo o guia de volta ao presente.
“Ah… hmm,” Zein deu uma olhada na tela que estava quase fora de vista agora e sorriu um pouco por trás da máscara. “Eu não sei. Você gosta dele?”
A menina ficou radiante ao ver a resposta do homem mais velho e respondeu com vigor. “Eu não entendo muito de espers, então também não sei. Mas minha irmã gosta muito dele!”
“Hmm, e o que faz sua irmã gostar dele?” talvez porque ele não tivesse falado com ninguém nos últimos dias, ou porque a sede inocente de interação da garota parecia adorável aos seus olhos, Zein respondeu em um tom mais suave do que antes.
“Irmã mais velha me disse que o Senhor da Serpente é forte, e bonito, e alto, e bonito!” ela dobrou os dedos enquanto tentava se lembrar do que a irmã lhe disse, mas a frase que mais ouviu foi que o esper era bonito. “Mas o irmão mais velho disse que não gosta do Senhor da Serpente…”
Zein apertou os lábios para esconder o riso e perguntou com curiosidade. “Ah, por que será?”
Ela inclinou a cabeça e fechou os olhos, a testa franzida na tentativa de lembrar de algo difícil. “O que era… mmm… garanhão? É isso! Irmão disse que o Senhor da Serpente parece um garanhão!” ela bateu palmas entusiasmada por seu sucesso em lembrar da palavra, embora estivesse novamente confusa. “Mas eu me pergunto por que isso é uma coisa ruim? O que há de errado com um menino que gosta de brincar muito? Não é que todos os meninos gostam de brincar? As meninas também… hmm? Senhor?”
Zein, tentando permanecer quieto, mordia os lábios, tremia os ombros para conter o riso, encostando na janela e respirando ofegante por dentro. “… é… eu me pergunto…”
“Certo? E então, o irmão mais velho disse que vai ser mais forte do que o Senhor da Serpente e nos proteger!” ela disse, sorrindo amplamente.
Realisticamente falando, Bassena Vaski já era o gênio do século, e para ser mais forte do que ele seria necessário um milagre — ou uma segunda vida, provavelmente. Mas…
“Sim… seria bom se ele conseguisse,” Zein sorriu e respondeu sinceramente. Era sempre bom ter mais espers fortes como Bassena, e alguém que tivesse a mentalidade de proteger os outros era certamente o mais desejável. “Desejo sorte a ele,”
A garota encarava os olhos azuis que levemente se suavizaram, brilhando como um par de safira. De alguma forma, ela sentiu uma onda confortante a envolver, a sensação como se estivesse coberta com seu cobertor favorito. Após piscar sem dizer palavra por alguns segundos, ela de repente tirou sua pequena bolsa e revirou seu conteúdo.
— Senhor, Senhor, você me daria sua mão? — ela perguntou de repente, e Zein, após uma pausa, levantou sua palma. A garota colocou algo leve e redondo ali, e quando levantou sua mão, havia um pacote de doces sobre sua palma. — Hehe, as pessoas sempre riam do meu irmão… Eu direi a ele que o senhor deseja boa sorte, Senhor!
Zein encarou o largo sorriso da garotinha, e depois os doces embrulhados em sua palma. Uma enxurrada de memórias o invadiu naquele instante, da vez que provou um doce pela primeira vez.
O doce não era algo que era vendido na zona vermelha, e Alma tinha enfiado um em sua boca repentinamente um dia. Ele se lembrou de ter ficado pasmo com a sensação do açúcar derretido em sua língua e ficou paralisado por alguns segundos, antes de sua mente ser dividida entre seu próprio prazer e o rosto do irmão gêmeo. No fim, ele cuspiu apressadamente o doce em suas mãos, mas Alma empurrou o doce de volta para sua boca, antes de jogar mais três pacotes embrulhados em seu bolso.
— lá, aproveite esse sozinho.
— Senhor? Você não gosta de doce? — ela inclinou a cabeça novamente, observando Zein cautelosamente.
— …não, eu gosto — Zein fechou a mão, sentindo o embrulho contra sua pele. Foi coincidência? A garotinha que ele não conhecia, que se sentou ao seu lado em um ônibus shuttle aleatório, deu-lhe o exato mesmo doce que ele tinha recebido naquele dia. — Eu me surpreendi porque é o meu favorito —
Zein tinha provado o sabor de outros doces algumas vezes depois disso, mas ele nunca esqueceria o sabor daquele primeiro doce — aqueles poucos segundos de êxtase onde ele sentiu que estar vivo era algo bom.
Ah… Zein piscou enquanto brincava com o embrulho. Estar vivo… era algo bom… não era?
— …eu posso comer isso?
— Claro! — a garotinha respondeu enquanto colocava um doce na boca, e quase foi obrigada a cuspí-lo novamente ao ver o Senhor apertar um botão e a máscara se retrair.
Enquanto Zein colocava o doce entre seus lábios, a garotinha exclamou de repente. — Senhor… eu acho que você é mais bonito do que aquele Senhor da Serpente!
Foi alto o suficiente para que os outros passageiros virassem suas cabeças e dessem uma espiada. Mas somente os mais próximos tiveram a sorte de ver o belo semblante antes de ser coberto com a máscara novamente. E esses sortudos estavam demasiado atônitos para ativar seu commlink e tirar uma foto, infelizmente.
A garotinha mais sortuda pegou um punhado de doces novamente e os enfiou na mão de Zein, radiante de alegria. — Aqui, Senhor, já que você é gentil e bonito e gosta de doces!
Zein olhou para sua palma, e meia dúzia de doces amontoados ali. A beleza nunca foi um privilégio em sua vida — era um veneno que o fazia dormir com um olho aberto, pois as pessoas em seu ambiente tinham uma tendência para profanar coisas belas. Ser presenteado algo porque ele era bonito era… uma sensação nova.
E isso foi o suficiente para fazê-lo se sentir desconfortável. — …obrigado — disse ele, desajeitadamente, cuidadosamente guardando os doces dentro de seu uniforme de combate. — É… bom conhecer você, pequena senhorita, mas eu tenho que descer aqui — ele aproveitou a chance quando o shuttle chegou ao ponto de ônibus, para evitar o sentimento desconfortável e os olhares crescentes dos outros passageiros.
Ele ainda acenou para a garotinha energética, porém, até o shuttle desaparecer de vista. Com um suspiro suave, ele se sentou no ponto de ônibus, observando os arredores enquanto saboreava o gosto doce em sua boca, digerindo o estranho sentimento desconfortável.
Levou um tempo para ele absorver a agitação da rua movimentada. Inúmeras pessoas passavam por ele, cada uma usando roupas casuais e finas que expunham grande parte de seus braços e pernas. Nenhum deles usava máscaras, e a maioria dos rostos era alegre, com faíscas preenchendo seus olhos.
Zein olhou para cima, e pela primeira vez verdadeiramente sentiu o calor do sol. Não a luz artificial da lasca, mas a luz do sol ardente e cegante. O ar fresco e a brisa suave acariciaram seu cabelo e o pouco de sua pele exposta. Eles quase tinham gosto doce, o ar, como o açúcar derretido em sua boca.
O chão à sua frente estava coberto de concreto, mas apenas desviando seu olhar um pouco, ele podia ver solo fértil repleto de vegetação e flores, organizados de forma agradável para os olhos. Árvores alinhadas ao longo das ruas como um dossel, e muitos pedestres se abrigavam do sol sob as folhas verdes.
Era uma visão que Zein só tinha visto dentro de um livro ou panfleto, coisas que ele só tinha ouvido de outras pessoas.
Ah… houve um dia em que tudo o que ele queria nesta vida era se mudar para esse tipo de ambiente e deixar seus irmãos verem esse tipo de vista. Um dia em que tudo parecia bem, mesmo enquanto nada realmente tinha mudado em suas vidas. Um dia em que eles ainda sonhavam com algo.
Um dia em que ele ainda acreditava nas coisas… em estar vivo.
Ele se levantou, como que em transe, e seguiu a multidão de pessoas. Algumas pessoas lhe lançaram um olhar de lado ou um olhar óbvio, talvez por conta de seu uniforme de combate e máscara. Mas Zein apenas caminhou sem rumo, seguindo o fluxo de incontáveis passos, até que suas pernas pararam.
Ele não fazia ideia de quanto tempo havia caminhado, mas de repente, seus olhos caíram sobre um prédio um tanto grande. Ou melhor, seus olhos captaram o nome do prédio: Agência Central de Guias.
Huh.
Ele parou em seu caminho e encarou o prédio. Ele veio a esta cidade para fazer medições, mas o que o surpreendeu foi que a primeira coisa que sentiu foi amargura.
É… uma vez, ele tinha mesmo intenção de ir a uma Central dos Guias e ser medido. Ele havia planejado trabalhar na zona segura e proporcionar uma vida melhor para seus irmãos.
Zein quase esqueceu, que ele também costumava ter sonhos assim.
— Ei, por que você está parado aí assim, ande! — uma voz súbita e uma mão empurrando o fizeram Zein avançar. Foi então que ele percebeu que a frente do prédio estava cheia de pessoas — guias principalmente, e algumas em trajes formais. Ele estivera parado por um bom tempo e se tornara um obstáculo.
Enquanto ele era empurrado para o lado, seus olhos pousaram em algo como um quadro de avisos do lado de fora do prédio, com uma série de anúncios. Um deles mencionava a data de hoje como uma ‘Reavaliação e Medições Mensais’ com caracteres negrito e brilhantes.
Huh… seria por isso que o Capitão tinha dito que seria melhor se ele chegasse dentro da data de hoje?
Enquanto ele ainda estava contemplando diante do quadro de LED, um guarda uniformizado o chamou. — Rápido, rapaz! Eles vão começar em poucos minutos!
Enquanto a multidão entrando no prédio apressava o passo, Zein olhou para o quadro uma vez mais.
Ora, bem…