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Capítulo 908: Trem Interdimensional
Uma miríade de estrelas começou a cair do novo crepúsculo eterno que era o céu, como se fugissem dos céus.
Algumas se apagaram para sempre, outras caíram violentamente sobre a Terra. O céu, agora vazio de estrelas, parecia recuar, abandonando a Criação a uma realidade caótica desprovida de rima ou razão.
Massas de terra chocaram-se umas com as outras, tornando-se uma só. Novos terremotos de intensidade apocalíptica empurraram, arrastaram e rasgaram as fundações rochosas do mundo conhecido.
Terras, desertos, cadeias de montanhas perderam toda a semelhança de equilíbrio natural enquanto ilhas se chocavam com as costas continentais ou se deslocavam para fora nos oceanos.
Muitas terras foram perdidas em abismos e fossos, outras cobertas por ondas. O mundo encolheu, reduzido a um terço do que havia sido, e perdeu toda forma reconhecível.
Naquele momento de terror, morte e incerteza, os últimos humanos sentiram o inevitável aperto da morsa de poderes de outro mundo. Eles estavam testemunhando o poder dos elementos, uma exibição de sua força superior sobre a Criação.
Eles sabiam que nada poderia escapar do Plano do Senhor, enquanto ele reescrevia o mapa da Criação e a própria vida.
Ainda assim, os mais firmes e obstinados conseguiram fugir para cavernas e recantos encontrados entre penhascos e montanhas.
Eles rezaram para a própria Terra, como se fosse seu Deus, por proteção contra a fúria divina. Descobriram, mais uma vez, as profundezas do medo do Fim, as raízes de todas as crenças antigas.
Ren observava a cena caótica que se desenrolava do topo da Torre, a única estrutura aparentemente intocada em meio à devastação abaixo. Ela se mantinha resoluta, um farol solitário de estabilidade num mundo consumido pelo caos.
“Isso porque esta torre é um dos principais pontos de transporte. Não vai ser destruída. Pelo menos, ainda não,” explicou Coringa. Deitado esparramado no chão, com as costas pressionadas contra o concreto frio, ele descansava de olhos fechados.
“Ainda não?” repetiu Ren.
“Não até que o trem interdimensional chegue,” esclareceu Coringa.
“Quando ele vai chegar?”
“Com tanta destruição lá fora, eu diria que a qualquer momento agora.”
Ren ficou em silêncio, seu olhar percorrendo a atividade frenética dentro da Torre.
Pessoas — seres evoluídos, para ser mais exato — moviam-se com um ar de indiferença, como se os eventos cataclísmicos que se desdobravam lá fora fossem nada mais do que ocorrências rotineiras.
Apesar das águas subindo e dos terremotos esporádicos que sacudiam o prédio, uma calma estranha permeava a atmosfera.
Entre a multidão, Ren notou indivíduos recém-evoluídos encolhidos nos cantos, seus rostos contorcidos de desespero e choque.
Outros vagavam sem rumo, seus semblantes desprovidos de expressão, como se a própria essência da vida tivesse sido drenada deles.
Se não fosse por Coringa e Angelica, Ren poderia ter sucumbido ao mesmo sentimento de desesperança que afligia essas almas perdidas.
Ao examinar a multidão, ele não conseguia discernir quem entre eles era evoluído e quem não era.
Contudo, ele podia sentir o peso da experiência emanando daqueles que haviam passado pelo processo de evolução mais tempo que os outros.
“É possível nos teletransportarmos para este Nexus sem esperar pelo trem?” indagou Ren.
Angelica respondeu enquanto acariciava seu urso de pelúcia sem cuidado. “O Nexus é extremamente difícil de encontrar. O bolso dimensional que ele ocupa está fora do espaço planar de qualquer plano de universo, mas curiosamente, não do tempo, e além do alcance de feitiços como portão ou deslocamento planar. Até mesmo deidades lutam para alcançar o Nexus sem a ajuda do Grande Farol.”
Deidades? Ren franziu o cenho. “Como Deuses?”
“Isso aí,” Coringa riu. “Não se surpreenda. Há inúmeras raças no Nexus, então prepare-se para ver aquelas criaturas do jogo na vida real.”
“O que é este Grande Farol?” perguntou Ren.
“Você saberá assim que chegarmos ao Nexus. É muito difícil de perder,” Coringa riu levemente.
“Para te dar um contexto breve, o Grande Farol é apenas um grande jato gigante de luz mágica. É onde todos os trens interdimensionais convergem e, por meio desse jato de energia mágica, o Nexus pode energizar a cidade.
“Esses trens, contudo, só viajam para mundos moribundos. Mas se você quiser sair do Nexus, há outros caminhos. Contudo, se você quiser entrar no Nexus, só há um caminho, e é por meio deste trem interdimensional.”
Antes que Ren pudesse perguntar, Coringa de repente pulou de pé e bateu as calças para tirar a poeira.
“Parece que o trem chegou.”
Logo após ele dizer essas palavras, um zumbido baixo preencheu o ambiente, um som distante que parecia emanar do nada e de todo lugar ao mesmo tempo.
No início, era apenas uma leve vibração, quase imperceptível debaixo dos pés deles. Então, à medida que os segundos passavam, a vibração crescia mais forte, pulsando pela Torre e ressoando nos ossos de Ren.
O próprio ar parecia cintilar de antecipação, como se estivesse prendendo a respiração na expectativa do que estava por vir.
Então, num clarão de luz cegante, o trem interdimensional materializou-se do nada, aparecendo como se fosse conjurado por alguma mágica.
Era uma visão para se contemplar, uma maravilha elegante e futurista que parecia desafiar as leis da física. Sua superfície metálica brilhava na luz ambiente, refletindo as miríades de cores do caos ao redor.
O próprio trem era diferente de qualquer coisa que Ren já havia visto antes. Era longo e aerodinâmico, com curvas suaves e ângulos agudos que lhe davam uma aparência de outro mundo. Símbolos estranhos e linhas de conexão adornavam sua superfície, brilhando com uma energia que pulsava a cada batida do coração de Ren.
À medida que o trem parou diante deles, o ar crepitou com eletricidade estática, enviando arrepios pela sua espinha.
As portas deslizaram abertas com um sibilo de ar pressurizado, revelando o interior do trem banhado por um brilho etéreo.
Então, uma figura peculiar surgiu de dentro. O olhar de Ren foi atraído para um pequeno lagarto, andando sobre duas patas e adornado com um fardamento impecável.
Apesar de seu tamanho diminuto, havia um ar de autoridade sobre ele, seu comportamento exalando um senso de eficiência sem-nonsense.
O lagarto usava um par de óculos empoleirados em seu focinho, dando-lhe um ar acadêmico apesar de sua aparência bastante modesta. Com uma expressão entediada gravada em seu rosto, ele avançou como um anão, seus passos ecoando suavemente contra o piso metálico da torre.
“Certo, vocês conhecem o procedimento,” anunciou o lagarto com uma voz surpreendentemente profunda, fumaça emergindo de suas narinas a cada palavra. “Preparem seu [Cartão Verde] enquanto formam a fila.”