303: Inquieto 303: Inquieto “O resultado saiu.” Ele passou o documento para César que o recebeu com uma expressão preocupada.

“Há algo errado?” Ele perguntou. “Por que você-”
“Senhor, a situação não é boa,” disse o Sr. Dima.

César lhe lançou um olhar com as sobrancelhas franzidas. Ele perguntou, “O que você quer dizer?”

O Sr. Dima não sabia por onde começar ou como dizer. “Por favor, dê uma olhada no documento primeiro.” Era melhor que o alfa visse por si mesmo.

Na cabeça de César, um turbilhão de pensamentos começou a girar e ele se sentou ali, imaginando o que poderia estar no documento. No entanto, tudo ficou claro no momento em que ele pôs os olhos no conteúdo e, como se uma bala tivesse atravessado sua cabeça, uma forte dor de cabeça o atingiu tão forte que ele teve que segurar a cabeça por um segundo, apenas para se acalmar.

Seus ombros subiam e desciam em respirações pesadas e ele se obrigou a olhar para o médico. “Isso é uma piada… certo?”

O Sr. Dima balançou a cabeça. “Não. Esse foi o resultado. Ela está de fato se transformando.”

“Isso é impossível!” César o encarou. “Como ela poderia se transformar? Ela é humana e não da nossa espécie! Você está-”
“Você deu seu sangue a ela, senhor.” O Sr. Dima não sabia como lidar com a situação, exceto explicando. “Todos os experimentos já feitos foram através de mordidas. Ninguém jamais considerou a mistura de sangue. Você é o primeiro a fazer isso, e parece ser a única maneira possível de transformar um humano. E não tenho certeza se alfas padrão são capazes. Talvez apenas supremos-”
“Mas eu não tinha intenção de transformá-la.” César balançou a cabeça. “Eu só queria salvá-la! Eu não queria transformá-la. Ela é perfeita do jeito que é como humana e eu não preciso que ela-”
“Eu sei.” O Sr. Dima sorriu suavemente para ele. “Eu sei que você nunca quis transformá-la, senhor. Ela estava em condição crítica e você não tinha outra escolha. Nenhum de nós sabia que transformar um humano era sequer possível, nem mesmo eu. Eu suspeitava que teria algum tipo de efeito sobre ela, mas não transformá-la.”

César baixou seu cotovelo na mesa e entrelaçou os dedos para apoiar a testa em suas mãos. Ele perguntou, “Então, ela se tornará como eu?”

“Possivelmente.” O Sr. Dima deu um aceno. “Ou talvez não. Não tenho certeza de como funciona para humanos quando eles se transformam. Não sinto nenhum lobo aqui, mas seu sistema parece estar aprimorado. Ela parece ter uma força que não é normal para um humano. É igual à nossa força e até…”

Ele olhou para César. “Melhor.”

“O que… você quer dizer?” César franziu as sobrancelhas para ele.

O Sr. Dima bagunçou sua gravata e se ajustou na cadeira. “Sua força está muito acima de um alfa padrão. Então, estou dizendo, se sua força fosse comparada à de um alfa padrão e área, a dela é maior.”

Os olhos de César cintilaram, uma certa imagem subitamente acendendo em sua cabeça. Ele havia se recordado abruptamente de Adeline agarrando Romano e o virando como se ele não pesasse nada para ela.

Pareceu que ele alucinou naquele momento, porque como ela poderia ter virado um homem de 2 metros que tinha o dobro do seu tamanho corporal? Mas então, quando se tratava dele, ela nem conseguia fazê-lo vacilar.

“Como um alfa supremo, você ainda está acima. Sua força é apenas um grão quando comparada à sua. Mas é fascinante, realmente.” O médico sorriu para si mesmo. “Eu nunca pensei que pudesse haver algo mais estranho que alfas padrão além de alfas supremos. E realmente não faz sentido.”

“Ela não é nem uma ômega, um beta ou um alfa supremo. Ela é apenas ela, uma humana com algumas das qualidades que nossa espécie possui. Não acha isso interessante, senhor?” Ele olhou para ver César o encarando com olhos assassinos.

“Ela parece um rato de laboratório para você?” O homem perguntou, com intenção de matar transbordando dele.

O médico, cujos cabelos se arrepiaram na pele, rapidamente se levantou da cadeira e correu para a parede, dando-lhe distância. Ele freneticamente acenou com as mãos e balançou a cabeça para ele.

“P-por favor, não me entenda mal, senhor. Estou apenas fascinado pela descoberta, é só isso que há nisso. Eu não a vejo como um experimento, por favor,” ele implorou.

César o observou por um momento mais longo, antes de se sentar novamente na cadeira. “Posso consertá-la?”

“C-consertá-la?” O Sr. Dima estava confuso. “O que você quer dizer?”

César o encarou. “Eu gostaria de transformá-la de volta em uma humana completa. Como faço isso?”

“Isso não é possível, senhor.” O Sr. Dima balançou a cabeça para ele. “Ela não possui um lobo, então acredito que ela é o que chamamos de híbrida.”

“Uma híbrida?”

Ele acenou. “Ela é meio humana, meio lobisomem.”

“Ela ainda é humana com um cheiro humano. Mas ela adquiriu algumas qualidades suas, como a força desumana, a habilidade de marcar um companheiro também. Isso explica por que ela conseguiu marcá-lo como companheiro sem saber.”

“Essas são as únicas duas mudanças nela que vi até agora. Nada mais.”

César sentou e olhou para o homem por alguns segundos, então se levantou abruptamente e virou-se para sair do escritório.

“Senhor…” O Sr. Dima estava preocupado. “Você está bem?”

César não respondeu e fechou a porta atrás de si. Ele deixou o hospital e fez seu caminho de volta para sua mansão, sem dizer uma palavra a Yuri, Nikolai ou Romano.

Ele não conseguia dizer uma palavra com tudo o que havia descoberto.

Parecia que os céus estavam completamente contra ele hoje.

O que Adeline diria? O que ela pensaria dele? Ela ficaria furiosa? Irritada? Hostil? Ela o odiaria por fazer isso com ela? Por transformá-la em algo que ela não queria se tornar?

César estava inquieto.