Capítulo 993: Uma promessa que ele fez a um fantasma

A velha Sra. Pierson foi quem arranjou tudo, exceto o local dos encontros. O restaurante atual foi ideia de Mildred, já que havia um grande parque bem ao lado. Era um lugar perfeito para quem quisesse dar uma caminhada após comer.

Era um bom lugar para pessoas em encontros se conhecerem melhor caminhando pelo parque. Quem diria que Mildred se encontraria neste parque com seu acompanhante?

“Aposto que aqueles rapazes ficariam amargos ao ver que o encontro do tio deles parece estar indo melhor que os deles?” Mildred brincou, agora caminhando ao lado de Haines. Ela havia largado o braço dele há algum tempo, enquanto começavam a caminhar devagar e despreocupadamente. “Como todos eles conseguiram estragar seus encontros?”

Haines sorriu de lado. “Acredite em mim, eles não ficariam amargos nem um pouco. Os três não têm interesse algum nisso.”

“Você está dizendo que eles estão bagunçando de propósito?”

“Não. Acho que estavam fazendo o melhor que podiam.”

“E ainda assim estragaram.”

“Haha!” Haines riu, mais divertido assistindo aos encontros dos sobrinhos do que ao seu próprio. “Eles estragaram mesmo.”

Mildred balançou a cabeça. “É a primeira vez que vejo esse tipo de encontro. Todos os homens e mulheres que eu arranjei para encontros às cegas ao menos não terminaram tão terrivelmente assim.”

“Os três são jovens. Tenho certeza de que, quando a pessoa certa aparecer, eles se acertarão.”

“Eventualmente?”

Haines fez uma pausa e olhou para ela. “Com esperança.”

Os dois compartilharam um bom minuto de risadas antes de encontrarem um banco para sentar.

“Aff… envelhecer é tão problemático,” Mildred resmungou ao sentar-se, segurando no braço do banco enquanto sentia um pouco de dor nas costas.

Haines, por outro lado, riu e sentou na outra ponta do banco. “Envelhecer é realmente problemático.”

Eles se inclinaram para trás e descansaram, tendo caminhado por bons minutos. Haines se abaixou e massageou a perna. Vendo isso, Mildred voltou seus olhos para o perfil lateral de Haines.

“Sua perna está doendo?” ela perguntou, observando-o lhe lançar um olhar.

“É o clima, não a caminhada,” ele esclareceu, caso ela tivesse entendido errado.

“Sei que não é a caminhada, já que notei que você anda bem normalmente.”

“Eu manco.”

“E ainda assim, normalmente.”

“Você é bastante teimosa, não é?” ele refletiu. “Está tentando me fazer sentir confortável?”

“Estou tentando ser honesta e tratar o tio da matriarca da Família Pierson com respeito e educação.”

“Eu agradeço.”

“Mas…” Mildred acrescentou, fazendo Haines levantar uma sobrancelha enquanto ela sorria. “Isso pode ter sido o plano inicial, mas agora estou sendo honesta. O respeito e a honestidade são merecidos.”

Haines sorriu lentamente, achando que Mildred era bastante simpática. “Muito bem, obrigado.”

“As palavras de gratidão são desnecessárias, mas de nada.”

Eles sorriram respeitosamente um para o outro antes de relaxarem e desviarem o olhar. Eles se inclinaram para trás, observando o parque. Havia várias pessoas ao redor, algumas delas uma família fazendo um piquenique não muito longe, outras andando de skate, e algumas apenas caminhando. Não estava lotado, mas também não estava vazio.

“Você me perguntou por que não me casei até agora,” Haines trouxe à tona calmamente, após um murmúrio, enquanto Mildred lhe lançava um olhar. “É porque fiz uma promessa.”

“Uma promessa?”

“Mhm.” Os olhos de Haines suavizaram enquanto ele olhava para um casal à distância.

O casal estava sentado em um banco; o homem estava deitado com a cabeça no colo da mulher. Só pela roupa, pareciam simples. A mulher tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo baixo, com a franja cobrindo a testa. O homem, por outro lado, vestia uma camisa flanela verde e preta desgastada.

Eles pareciam felizes, apesar de apenas estarem passando o tempo casualmente neste parque.

Isso o fez lembrar de uma memória que ele havia enterrado no fundo da sua mente.

“Muitos anos atrás, eu fiz uma promessa a alguém.” Os olhos de Haines suavizaram e seus lábios se curvaram em um sorriso amargo. “Eu disse a ela que esperaria por ela.”

“Esperar… por ela?” Mildred repetiu, e Haines assentiu.

“Conheci alguém – ela era linda, simples, mas muito gentil,” ele continuou. “Nós nos dávamos bem. No entanto, naquela época, Charles já estava no militar, e alguém tinha que cuidar da empresa. Não posso dizer que a empresa estava instável, mas também não estava bem.”

“Era estressante, mas ela… ela era como um refúgio seguro. Justamente quando eu pensava que as coisas estavam ruins, eu percebia, assim que a via, que não era tão ruim. Ela é esse tipo de pessoa,” ele acrescentou.

“Se é assim, o que aconteceu?”

Haines deu de ombros. “Eu não sei.”

“Huh?”

“As coisas estavam indo bem. A empresa estava melhorando, e nosso relacionamento também,” Haines disse, umedecendo os lábios enquanto olhava para Mildred. “Eu estava planejando pedir ela em casamento e começar uma família com ela. Mas…”

Ele parou, baixando os olhos. “No dia em que planejei levá-la ao local, ela de repente me disse que queria terminar comigo.” O canto da boca dele tremeu ao recordar aquela lembrança amarga. “Ela me disse que estava cansada e não queria mais me ver. O engraçado é que, enquanto ela dizia tudo isso, minha cabeça estava simplesmente em branco. Então, no final, antes de ela ir embora, eu disse a ela que esperaria.”

“Eu esperaria por ela.” Haines devagar olhou para o céu e suspirou. “Você pode chamar de negação, mas eu sabia que o que ela disse naquele momento não era verdade. Ela era alguém com quem compartilhei minha alma. Como eu poderia não saber que ela estava mentindo?”

“Ela não voltou, né?”

Haines balançou a cabeça. “Ela simplesmente… desapareceu.”

“Você tentou procurá-la?”

“Eu tentei. Eu até contratei profissionais para procurar por ela, mas foi como se ela tivesse desaparecido no ar. É como se ela nunca tivesse existido. Ninguém conhecia ela. Até os vizinhos não sabiam nada sobre ela. A cidade natal que ela me disse que cresceu… ninguém tinha ouvido falar nela antes.” Outro suspiro profundo escapou de Haines. “É estranho.”

“E ainda assim, você ainda está esperando…?” Mildred franziu a testa, observando Haines olhar de volta para ela. “Por quê?”

Haines sorriu torto. “Eu também não sei, mas se eu tivesse que adivinhar… é por causa daquela promessa que fiz a um fantasma e pela falta de confiança que tenho nas outras pessoas. Afinal, procurar por ela me fez pensar: eu realmente conhecia a pessoa que me devastou tanto?”

“Você é… um tolo,” Mildred soprou baixinho, balançando a cabeça. Haines riu em resposta, concordando com ela.

“Eu sou um tolo, mas… eu acho que simplesmente não consigo abrir mão daquela promessa. Nem consigo seguir em frente.” Afinal, a pessoa sobre a qual ele falava era a única que havia tocado seu coração como nenhuma outra. Se não, então ela não teria o poder de partir seu coração em tantos pedaços, que, mesmo depois de muitas décadas, ele ainda estava tentando colar de volta.

“E você?” ele devolveu, dando a Mildred um olhar compreensivo. “Por que você não se casou até agora?”

Será que era pelo mesmo motivo dele?

Seria por um primeiro amor que não deu certo?

Mildred riu e se inclinou para trás despreocupadamente, desviando o olhar dele e fixando seus olhos nas pessoas ao redor do parque. “Eu não gosto de homens.”

“Hmm?”

“Minhas preferências não são aceitáveis na Família Pierson,” Mildred sorriu para ele. “É por isso que estou solteira e ainda no armário. Eu tentei, porém… eu não consigo aguentar.”