Capítulo 967: A pessoa que me matou é um dos seus irmãos.

Havia apenas dois tipos de pessoas que entrariam na enfermaria do Finn sem bater: a primeira era Nina, e a segunda alguém que tinha más intenções contra ele. Até as enfermeiras batiam antes de entrar.

Quem diria que havia uma terceira opção?

“Penelope,” Finn chamou, sorrindo no momento em que reconheceu sua visitante. “Eu não esperava que você viesse aqui tão cedo.”

“Você sofreu um acidente logo depois de me encontrar, me pedindo para proteger Nina,” Penny comentou enquanto entrava, sentando casualmente na cadeira ao lado da cama. Ela se acomodou com calma, encostando-se e cruzando uma perna sobre a outra. “Como você tem passado, Finn Davis?”

“Bem — melhor, na verdade. E você?”

“Eu não sou quem sofreu um acidente e entrou em coma. Então, estou bem.”

“Ainda.”

Penny lentamente ergueu uma sobrancelha para ele. “Ainda?” ela repetiu, e então riu. “Não, nunca.”

“Penelope, eu fui cuidadoso, mas olha só o que aconteceu comigo.”

“Então isso significa que você não foi cuidadoso o suficiente, Finn Davis.”

Finn apertou os lábios juntos, rindo com a boca fechada. “Você está certa. Talvez eu realmente não tenha sido cuidadoso o bastante para evitar cair em um truque tão óbvio.”

“Enquanto você estava em coma, você sabe quantas tentativas de assassinato foram feitas contra a sua vida?” ela perguntou, como se fosse de pouca importância. “Se você fosse cuidadoso o suficiente, teria alguém ao seu lado para garantir que você não morra dormindo.”

“Eu procurei você antes de entrar em coma, não foi?”

“Você está dizendo que o acidente foi parte do seu plano?”

“Eu não posso dizer que fez parte do meu plano per se… mas de alguma forma, eu sabia que minha vida estava em perigo.” Finn manteve um sorriso amigável, embora não chegasse aos seus olhos. “Só estou feliz por ter conseguido te procurar antes que fosse tarde demais. Então, acho que não fui tão descuidado quanto você me faz parecer, né?”

Um silêncio rápido seguiu suas palavras conforme os dois se encaravam. Após um tempo, o canto dos lábios de Penny se curvou em um sorriso satisfeito.

“Bem-vindo de volta dos mortos, Finn Davis,” ela disse, sua voz cheia de satisfação, o que fez o sorriso dele se alargar ainda mais. “Eu pensei que você estaria um pouco diferente depois do seu acidente, mas você continua tão perspicaz quanto eu me lembro.”

“Se você me poupou um minuto do seu tempo para vir aqui, eu não deveria te decepcionar, deveria?”

“Estou contente que vir aqui não tenha sido uma perda de tempo para você.”

“E eu me sinto honrado que você pense assim.”

“Então?” Penny inclinou a cabeça para o lado. “Sobre o que devemos conversar agora, Senhor Davis? Será que esse é um bom momento para falar sobre o que aconteceu no passado? Ou devo perguntar primeiro por que Jonathan está te perseguindo? Ou talvez pelo fato de você ter pedido ao Yugi para proteger Nina assim que você acordou?”

Ela pausou, seus olhos brilhando com intrigação. “Por onde devemos começar?”

“Dizer que eu não estou fisica ou mentalmente apto para discutir qualquer coisa agora não vai funcionar?”

“Tente me convencer.”

“Não é necessário,” ele riu, movendo o tablet do seu colo para o lado. “Eu já tenho minha resposta.”

Penny não veio aqui para brincar com ele; ela veio por respostas. Antes do acidente, Penny tinha acabado de descobrir a verdade sobre Finn — que, como ela, ele conseguia se lembrar de sua vida passada. No entanto, ela não o forçou a revelar mais detalhes, pensando que tinha tempo de sobra para decidir o quanto confiar nele.

O acidente mudou tudo.

Desta vez, Penny não estava mais hesitante em confiar em Finn. Ela havia visto o que precisava ver e aprendido o que precisava saber.

“Talvez eu não consiga confiar em você completamente, mas acredito em você em algumas coisas,” ela disse sinceramente. “Por exemplo, eu sei que você nunca machucaria a Nina intencionalmente. Isso por si só é suficiente para mim.”

Finn sorriu. “Obrigado por isso, mas o sentimento é mútuo, Penelope Bennet. Eu não confio e não posso confiar em você completamente. Espero que você entenda isso.”

“Eu entenderia isso, desde que você me conte as coisas que eu preciso saber.”

“Eu não tenho problema algum em te contar o que você quer saber, Penelope.” Seu sorriso enfraqueceu, e ele suspirou. “É apenas uma questão de saber se as minhas verdades são coisas que você pode lidar.”

“Eu posso lidar com qualquer coisa.”

“Qualquer coisa?”

“Me teste.”

“E se eu te disser que a pessoa que me matou é alguém que você conhece?” ele perguntou sem hesitar. “E se a pessoa que me matou, enquanto eu estava sentado na mesma posição que você está agora, observando a pobre Nina deitada em uma cama de hospital… é alguém que você chama de família?”

“…” Penny não respondeu, seus olhos vasculhando a expressão de Finn em busca de qualquer traço de engano. Mas ela não viu nenhum.

Ele estava insinuando a verdade.

Penny inspirou profundamente, seus lábios tremendo levemente apesar de sua fachada forte. “Ontem, Jonathan me disse algo muito interessante.”

“Ele disse… que um dos meus irmãos…” ela parou, forçando um sorriso enquanto o olhava nos olhos. “… matou Renren. Você acha que isso é possível?”

“Eu não sei se Zoren está morto, mas se ele estiver, então tristemente, eu morri antes dele. Portanto, não posso fornecer detalhes sobre isso,” Finn respondeu com calma, falando sobre a morte como se fosse de pouca importância para ele. “Mas se você está me perguntando se seus irmãos são capazes de fazer algo tão horrendo, eu diria… sim.”

Finn pausou, deixando isso ressoar. “Não estou falando de alguém em particular, Penny. Estou dizendo que todos os três são capazes disso. Afinal, você e eu, provavelmente estamos mais cientes do que nunca de como nossas vidas mudaram nesta vida. Você e eu sabemos que nem todos ao nosso redor são os mesmos que eram. Pelo menos, alguns deles não são mais os mesmos.”

“Isso ficou claro para mim depois que eu acordei ontem,” ele continuou solenemente. “Naquela época, você e eu… também éramos capazes de sujar nossas mãos. Se nós somos capazes, então qualquer um é também.”

“Você não está sendo claro, Finn Davis.”

“A pessoa que me matou é um dos seus irmãos.” Sua resposta foi rápida e firme. “É isso que estou dizendo. Você quer saber qual deles, Penny?”