Capítulo 950: Do lado direito

“Vamos dar a eles um bom espetáculo que vão apreciar, sem saber que somos nós que estamos assistindo.”

Charles, Stephen e Haines se olharam, determinação rodopiando em seus olhos. Mesmo que Stephen não se desse bem com os outros dois ao longo dos anos, eles ainda eram família. Apesar das diferenças, a Família Bennet era o que tinham em comum.

Eles tinham que protegê-la como os homens de suas casas.

“Mas a pílula…” Stephen quebrou o silêncio após um tempo. “…vocês não vão me pedir para usar a que me deram, certo?”

Embora ele não tivesse mais posse daquelas pílulas mortais, Stephen ainda precisava perguntar. Afinal, ele ainda precisava de mais informações além de apenas agir como seu pai irresponsável.

“Sobre isso…” Haines começou a falar e desviou os olhos para o telefone celular sobre a mesa. “…Penny?”

“Penny?” Stephen franzia a testa, seus olhos caídos no telefone. “Ela está ouvindo?”

Todo esse tempo, Stephen pensou que Atlas era o único na linha. Afinal, Atlas tinha sido a única pessoa que ele ouvira falar desde o começo. Seu rosto se contorceu, e ele pensou no “mapa” de como essa informação na família havia viajado.

[Slater -> Atlas -> Charles e Haines -> e agora Penny.]

Pelo menos Charles e Haines não haviam contado aos vizinhos, mas mantiveram a informação dentro da família.

“Eu vou trocar as pílulas.” Após alguns segundos, a voz sedutora de Penny surgiu. “Quando e como não é algo com o qual o Tio Stephen precisa se preocupar. Estará no mesmo frasco. Não se preocupe. No segundo em que a usou, não é mais a mesma pílula.”

Haines assentiu em satisfação, lançando um olhar para Charles. Este último também assentiu, voltando rapidamente os olhos para o telefone.

“O que você acha do plano, Penny?” perguntou Charles, porque, como pai, ele sabia que este plano afetaria seus filhos tanto quanto os afetaria.

“Eu acho que é o plano perfeito. O Primeiro Irmão e o Segundo Irmão concordam com isso.”

“Segundo—Hugo está aqui também?” Stephen engasgou, franzindo o nariz.

Hugo, que estava ocioso em sua ala, bocejou. “Oi, Tio. Eu estou aqui porque meu pai acha que eu brigaria com você… bem no meio da noite, quando você menos espera, se eu não soubesse de nada. Que pai responsável ele é.”

O rosto de Stephen se contorceu enquanto ele olhava para Charles, apenas para receber um encolher de ombros deste último.

“Maldição do filho do meio,” foi tudo o que Charles disse como explicação do motivo de Hugo também estar nessa discussão.

“Concordo,” a voz de Atlas foi ouvida novamente, calma e aprovadora. “Além disso, eu tenho algo mais a fazer. Assim, estar fora da empresa me dará mais liberdade para fazer o que preciso. Aprovo o plano do meu Pai. É melhor do que nada.”

“Entendo…” Charles suspirou aliviado. “Muito bem—”

“Espera.” Stephen limpou a garganta em pânico. Sua ação chamou a atenção de todos. “O que isso significa?”

“Hã?”

“Agora mesmo, o Atlas mencionou que estaria fora da empresa. O que isso significa?”

Haines e Charles inclinaram a cabeça para o lado, enquanto Atlas na linha franziu a testa. Penny, que estava em seu escritório, recostou-se em sua cadeira giratória e cruzou os braços. Quanto a Hugo…

“Pai, você tem certeza de que isso vai funcionar?” perguntou Hugo com uma clara dúvida em sua voz. “Este plano só vai funcionar se o Tio Stephen fizer um bom trabalho. Mas com suas perguntas, começo a duvidar se isso vai durar.”

“Stephen, após as pílulas, o que você acha que vai acontecer?” Haines ignorou Hugo e concentrou-se em Stephen, sabendo que seu primo estava simplesmente sobrecarregado.

Stephen abriu e fechou a boca antes de soltar, “Então, a segunda parte do plano…”

“E o próximo passo óbvio é assumir o controle da Global Prime Logistics,” Charles explicou, o que já estava claro para todos. “Por que você acha que eles querem que meu pai morra? Essas pessoas sabiam que, mesmo que você sabote o Atlas muitas vezes, tirá-lo do poder será um desafio.”

“É impossível, não um desafio,” Atlas corrigiu, mas sua correção caiu em ouvidos surdos.

“Eu não estou dizendo isso porque ele é meu filho e eu estou sendo um pai orgulhoso,” Charles continuou, mas ao contrário de suas palavras, seu rosto brilhava de orgulho. “A posição do Atlas na empresa já está profundamente enraizada na família e no negócio. A única chance dele perder o poder é se você adquirir mais ações ou se ele estiver… morto.”

Ao mencionar aquela palavra, o rosto de Charles escureceu. “De maneira alguma eu deixaria isso acontecer. Realizar o funeral de qualquer um dos meus filhos nunca foi uma experiência de vida que desejei, nem algo que eu permitiria que acontecesse. Não está na lista de desejos.”

“Você quer que eu… seja o chefe da família?” Stephen sussurrou nervosamente, seu coração começando a acelerar novamente. Embora soasse como um sonho que se torna realidade, emoções estranhas surgiram em seu coração que ele não conseguia identificar.

O ponto principal era que toda a sua alma gritava que ele não estava pronto para o papel.

“Como meu pai mencionou, vamos deixá-los revelar suas cartas. Com isso, ele quis dizer nos trair e ganhar um pouquinho de sua confiança,” Penny falou novamente. “Drogar o presidente é uma demonstração do que eles queriam, que é derrubar meu Primeiro Irmão. No entanto, você também mencionou que eles lhe deram um total de dez pílulas. A primeira é para o presidente. Precisamos saber quem mais está na lista deles — os destinatários das outras nove pílulas.”

“Mostrar-lhes que têm a vantagem os tornará arrogantes, e quando as pessoas são arrogantes, tendem a ser imprudentes,” Hugo comentou casualmente. “Além de proteger o que é nosso, conhecer seus motivos abrirá mais portas para nós pegarmos todos eles.”

“Então, arrancá-los junto com suas raízes assim que estiverem maduros.” Atlas assentiu.

“Contanto que todos nós desempenhemos nossos papéis de acordo, aumentará nossas chances de ganhar,” Haines concordou. “É só uma questão de paciência até lá.”

“Esse é o ponto,” Charles interveio. “Essas pessoas não são apenas uma ou duas, mas, na verdade, um grupo organizado com sua própria estrutura e forma de operação…”

Enquanto eles davam seus comentários, Stephen só conseguia mover seus olhos entre Haines, Charles e o telefone.

‘Eles continuam dizendo que não sabem o que o inimigo está planejando… mas ouvi-los me faz pensar o contrário.’

Uma parte de Stephen sentiu alívio por escolher se alinhar com eles. Ouvindo-os, ele já podia imaginar como Charles e seus filhos planejariam sua queda tão casualmente se ele não o fizesse. Outra parte dele estava admirada pela dinâmica deles — até Haines estava em perfeita sincronia com eles.

‘É assim… que Charles criou seus filhos,’ ele pensou, percebendo que os filhos de Charles estavam falando com seu pai tão livremente que até os pensamentos intrusos escapavam de suas bocas. E, no entanto, não parecia que eles estavam tratando seu pai com falta de respeito ou igualdade; havia um claro respeito e confiança que essas crianças tinham pelo pai.

Isso era… por que Charles afastou seus filhos dos assuntos da Família Bennet? Claramente, essas crianças não foram influenciadas pela tradição e hierarquia tóxicas da Família Bennet. Além disso, Stephen teve uma nova percepção.

‘Não é de admirar que Atlas seja como é,’ ele pensou, considerando como Atlas tratava todos na empresa e na família. ‘Ele não estava sendo rude ou arrogante; ele era… simplesmente direto, como agora.’

O que mais Stephen não sabia sobre essa parte da Família Bennet? Ele não sabia, mas no fundo do seu coração, ele sabia que havia muito mais a aprender, e ao mesmo tempo, ele estava escolhendo o lado certo.

Por uma vez, desde que aquelas pessoas entraram em sua vida como um espírito maligno para assombrá-lo, Stephen meio que viu alguma luz nela.

Talvez houvesse uma luz para sair dessa escuridão… contanto que ele se apegasse à fé.