MIMADA PELOS MEUS TRÊS IRMÃOS: O RETORNO DA HERDEIRA ESQUECIDA - Capítulo 1185

Capítulo 1185: Mentiras que ele contou

Quando Penny acordou, já estava quase anoitecendo. Espiando para o lado, seus lábios se curvaram para cima. Ali, dormindo ao lado dela, estava ninguém menos que a única pessoa com quem ela queria acordar e adormecer. Zoren.

Ela se virou de lado instintivamente, quase sobressaltando-se quando uma dor aguda percorreu sua coxa.

“Ai…” ela gemeu. “Eu esqueci que me apunhalei.”

Um suspiro suave escapou de seus lábios enquanto ela olhava para Zoren. A dor na coxa foi lentamente desaparecendo enquanto ela olhava para o marido, sorrindo aliviada. Eles não tinham dito antes, mas ela estava feliz que nenhum dos dois tivesse se machucado muito. Só de pensar em tudo que passaram na noite anterior—quase parecia um sonho.

Um sonho muito longo e exaustivo.

“Olha para nós,” ela sussurrou, cutucando gentilmente a bochecha magra de Zoren. “Estamos ambos machucados, mas ao mesmo tempo, estamos bem.”

Sua voz suave e toque leve o despertaram. Seus olhos piscaram por baixo das pálpebras antes de se abrirem. Por hábito, Zoren virou a cabeça—apenas para encontrar o olhar dela. Ele sorriu.

“Boa… noite?” ele cumprimentou, incerto.

“Ainda é tarde,” ela respondeu suavemente. “Como está sua cabeça?”

“Não está mais tão dolorida. E sua perna?”

“Está bem. Não é profundo… só um pouco.”

Zoren soltou um leve suspiro, seu olhar nunca se afastando do dela. Por um momento, o silêncio se alongou entre eles—mas era um tipo de silêncio pacífico. Mesmo após um longo cochilo, a descrença do que havia acontecido ainda pairava em seus corações.

Zoren, por sua vez, não conseguia acreditar que havia deixado sua esposa sozinha em um prédio cheio de pessoas loucas—que ele havia concordado, até proposto, se separar dela.

Penny sentia o mesmo.

Sempre foram superprotetores um com o outro. Se Zoren pudesse evitar, ele nem deixaria um mosquito pousar na pele dela, quanto mais permitir que ela enfrentasse perigo sozinha. Mas a noite anterior os havia forçado a confiar um no outro como indivíduos capazes de se defender. Mesmo assim, ele não tinha certeza se deveria se sentir tranquilizado por essa confiança ou aterrorizado com a possibilidade de que isso um dia pudesse levá-la ao perigo.

“Devemos nos levantar e ver como estão todos,” Penny sugeriu. “Tenho certeza de que estão entediados.”

“Mhm.”

Com isso, Penny se sentou cuidadosamente, fazendo uma careta ao mover a perna para fora da cama. Assim que seus pés tocaram o chão, Zoren alcançou seu braço.

Ela voltou-se para ele, apenas para encontrá-lo olhando para ela.

“Não vamos fazer isso de novo,” ele murmurou.

Penny pressionou os lábios e assentiu. “Eu concordo. Não se preocupe, Renren. Eu sinto o mesmo.”

Ela pode não ter expressado em voz alta, mas agora que descansou, reconhecia os erros que cometeu na noite anterior. No entanto, não era arrependimento que pesava sobre ela—era a culpa de ter colocado Zoren naquela situação e quase morrer porque ela abaixou a guarda perto de uma criança.

Se não fosse por aquela mulher com suas intenções questionáveis e Zoren encontrá-la a tempo, as coisas poderiam ter terminado mal. Ela tinha certeza de que não teria tido o luxo de acordar nesta cama ao lado dele.

***

Quando Penny e Zoren desceram para ver como estavam todos, encontraram o lugar surpreendentemente vazio.

“Boa noite, Jovem Mestre e Jovem Senhora,” Mordomo Lee cumprimentou, entrando pela porta da frente. “Vocês estão com fome?”

“Uh, um pouco.” Penny olhou ao redor. “Mordomo Lee, onde estão todos?”

“Eles ainda estão dormindo, Senhorita Penny.”

“Dormindo?”

O sorriso do Mordomo Lee se alargou. “Senhorita Lily e Senhorita Ginnie acordaram mais cedo para comer, mas parece que tiveram ressacas terríveis. Então, voltaram para seus quartos para descansar antes do voo amanhã. Quanto à Senhorita Nina e ao Senhor Finn, eles decidiram passar um tempo na praia, já que é o último dia deles aqui.”

“O Senhor James, o Senhor Allen e o Senhor Max acordaram um pouco mais tarde. Eles deram uma volta rápida pela cidade para ajudar o Senhor Max com um terreno que ele está planejando comprar,” ele continuou. “O Senhor Max arrastou o Senhor Hugo junto quando o viu dormindo aqui.”

“Oh…” A boca de Penny formou um O enquanto Zoren assentia.

“Eu acho que eles ficarão bem sozinhos,” Zoren disse.

“Sim.” Mordomo Lee acenou de volta. “Quanto ao Senhor Atlas, ele está no jardim com o Senhor Ray e o Senhor Benjamin. O Senhor Benjamin chegou cerca de uma hora atrás—ele disse que a Srta. Menta já saiu para lidar com a situação. O Senhor Slater ainda está em seu quarto, dormindo.”

“Bom, acho que é para o melhor.” Penny coçou o lado da cabeça. Ela esperava que Lily estivesse reclamando sobre sua ausência na noite passada, mas parecia que seus amigos também tiveram uma noite longa.

“Mordomo Lee, por favor prepare algumas refeições leves para nós. Penny não comeu desde que chegamos aqui.”

“Sim, Jovem Mestre.” Com isso, Mordomo Lee inclinou levemente a cabeça e saiu para informar a equipe da cozinha.

Quando ele desapareceu pelo corredor, Penny e Zoren trocaram olhares. Ambos deram de ombros, sem saber o que pensar da situação. Eles esperavam caos, mas, em vez disso, o castelo estava estranhamente pacífico, com todos passando o último dia à sua própria maneira.

***

Enquanto isso, no quarto do Slater, ele já estava acordado há algum tempo. No entanto, escolheu ficar onde estava, deitado imóvel na cama. Seu maxilar estava contraído, seus olhos fixos na decoração intrincada do teto, seu braço repousando sobre a testa.

Antes de adormecer, Atlas veio vê-lo—chamando-o para segui-lo. Slater esperava uma bronca por não ouvir, mas Atlas não o repreendeu.

Em vez disso, ele perguntou como Slater estava lidando com a situação e sugeriu que talvez precisasse de aconselhamento após o acontecido.

Slater negou, mas Atlas insistiu. Então, para encerrar a conversa, ele disse que reconsideraria. Mesmo assim, agora que estava sozinho, não encontrava forças para levantar e fingir que nada tinha acontecido.

“Há Benjamin com quem tenho que lidar, e então…” ele parou, seus olhos escurecendo de amargura. “… Penny, que ainda se coloca em perigo pelos outros.”

O que o enchia de ressentimento não era apenas a situação—era o fato de que ele deixou chegar a esse ponto. Pior, ele nem sequer tinha sido quem encontrou Penny. Se não fosse por Zoren, eles não teriam sabido onde ela estava.

Não—ela teria morrido antes que eles tivessem a chance de encontrá-la.

Não apenas Penny. Até mesmo Zoren entrou naquele lugar perigoso por causa de suas mentiras—as mentiras que ele contou e mostrou a todos, fazendo-os acreditar que este era um território desconhecido para ele.

Agora, essas mesmas mentiras estavam voltando para assombrá-lo.

“Ela… teria vindo me resgatar se soubesse que eu poderia escapar sozinho?”