MIMADA PELOS MEUS TRÊS IRMÃOS: O RETORNO DA HERDEIRA ESQUECIDA - Capítulo 1096
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Capítulo 1096: Ficar melhor significa… pior
Hugo sempre dizia que já tinha visto muito. Ele havia testemunhado como o grupo de pessoas outrora entusiasmado carregava o olhar da morte e da impotência, como os indivíduos outrora corajosos que cantavam a canção da guerra acabaram preenchidos de silêncio, e como aqueles que acordavam para lutar outro dia se viam incapazes de dormir, assombrados pelos resultados do campo de batalha, até mesmo em seus sonhos.
Ele havia visto muito mais — mudanças mais terríveis, mais traumáticas e mais trágicas do que se poderia imaginar.
Ele se desprendeu de seus pensamentos quando ouviu a porta do banheiro se abrir. Zoren saiu, parando quando viu Hugo encostado perto da porta.
“Eu não sabia que você estava esperando,” Zoren disse em silêncio. “Está livre agora.”
Depois de dizer isso, Zoren moveu-se para o lado para dar passagem ao seu segundo cunhado. Mas, assim que virou as costas para Hugo, prestes a voltar para onde Atlas e Penny estavam, parou ao ouvir o comentário de Hugo.
“Quando as pessoas dizem que eu sou só músculos com cabeça de músculo, provavelmente é verdade,” Hugo disse, observando enquanto Zoren lentamente olhava para ele. “Eu sei que é verdade porque preferi ser assim… para me proteger da minha própria mente.”
Linhas profundas apareceram entre as sobrancelhas de Zoren. “Segundo Irmão, o que é isso?”
“Às vezes, não pensar é melhor do que usar, é o que estou dizendo,” Hugo continuou, desviando o olhar de Zoren para olhar além dele, onde podia ver o outro lado do avião. “Na base, eu tinha que observar alguns dos meus homens perderem suas vidas ou perderem seus espíritos. Um homem perder o espírito é tão horrível quanto morrer. Aqueles que eram soldados entusiásticos e admiráveis perderam a vontade de lutar ou foram assombrados pelo campo de batalha.”
Lentamente, Hugo voltou sua atenção para Zoren, segurando seu olhar. “Eu vejo isso muitas vezes, então reconheço quando vejo,” ele disse em voz baixa, mantendo a conversa discreta. “Esse sonho que você acabou de ter… algo está te assombrando, não está?”
“…” Zoren manteve a boca cerrada em uma linha fina, seus olhos sem deixar os de Hugo.
“Eu tinha um soldado,” Hugo acrescentou, baixando os olhos enquanto pensava nisso. “Alguém com quem eu era muito próximo. Ele foi enviado em uma missão muito perigosa que eu liderava. Antes de partirmos, ainda me lembro da arrogância que ele carregava e da confiança em suas palavras. Mas depois dessa missão, eu não conseguia mais reconhecê-lo.”
“Você sabe o que ele me disse quando eu o verifiquei em seu alojamento?” Ele lentamente levantou o olhar de volta para Zoren. “Ele preferia ter morrido naquela missão do que viver assim pelo resto de sua vida. Ele tinha PTSD. Eu tinha que ver ele lutar, perder sua capacidade de funcionar, seu medo de dormir porque tudo o que ele podia ver eram… não apenas pesadelos, mas flashes daquela missão.”
Seus olhos brilharam seriamente enquanto ele acrescentava, “E você me lembrou dele mais cedo. Zoren, há algo que você não está contando a ninguém. Eu prometi ao meu pai que iria ajudá-lo a recuperar suas forças, e fiz um juramento à minha irmã de que faria tudo para proteger ela — para proteger você. Você sabe o que isso significa.”
Zoren permaneceu quieto antes de um suspiro derrotado escapar dele. Depois de um momento, sua boca se curvou em um sorriso irônico.
“Às vezes, você realmente me surpreende, Segundo Irmão,” Zoren disse. “Talvez seja por causa de sua falta usual de preocupação que me fez complacente. Mas, no final do dia, você é um soldado, e sempre será um.”
Em seguida, ele acenou com a cabeça, encostando-se na entrada, olhando ligeiramente para cima enquanto reunia seus pensamentos. “Eu não acho que seja igual a esse seu amigo, mas… eu tenho algumas dúvidas sobre as coisas.”
“Dúvidas?”
“Sinto como se não devesse melhorar,” Zoren esclareceu em termos simples, observando as sobrancelhas de Hugo se franzirem. “De alguma forma, uma parte de mim diz que melhorar significa… piorar.”
Zoren respirou fundo e se encostou totalmente na entrada, virando a cabeça na direção onde todos os outros estavam. Ele enfiou as mãos nos bolsos, suspirando mais uma vez.
“Eu quero melhorar. Eu quero viver mais tempo por Penny, e sei que manter-se em forma é a única maneira de fazer isso menos preocupante para ela. Ser capaz de me proteger é um passo para protegê-la e todos que quero proteger,” ele continuou em voz baixa. “Mas outra parte de mim está dizendo que eu posso estar pedindo demais.”
Sua boca se curvou enquanto ele voltava sua atenção para Hugo. “É alarmante porque vivi esta vida seguindo minha intuição. E eu sobrevivi até aqui por causa disso. Isso me protegeu, e eu sei com certeza, está tentando me proteger agora também.”
“Não consigo lembrar totalmente do sonho que tive. De alguma forma, quanto mais tento recordar, mais vago ele se torna em minha mente. No entanto, lembro alguns fragmentos dele e, acima de tudo, o sentimento que deixou no meu coração e bem fundo na minha alma,” ele acrescentou em voz baixa. “E esse sentimento… me fez questionar se o que meu cérebro fez ao meu corpo é tão simples quanto parecia: Foi realmente apenas brincando com meu corpo porque é o que eu acreditava profundamente em minha mente? Ou… se estava realmente me protegendo de algo mais terrível do que todas essas doenças?”
“Eu não sei, Segundo Irmão,” ele balançou a cabeça suavemente. “E de alguma forma, eu também não quero saber.”
O silêncio seguiu a confissão de Zoren enquanto ambos mantinham os olhos um do outro. Lentamente, Zoren virou a cabeça na direção de sua esposa, enquanto Hugo levantava os olhos na mesma direção. Mesmo que Hugo quisesse dizer algo, ele não sabia o que dizer no momento.
Afinal, isso parecia uma batalha que Zoren tinha que superar e apenas ele poderia superar sozinho.
—
Horas depois…
“Eh?!” Penny arfou em horror, apontando o dedo para a pessoa que os esperava no aeroporto. “Ter—terceiro Irmão?! O que está fazendo aqui?!”