Mia Não é uma Encrenqueira! - Capítulo 775

Capítulo 775: Choradeira Profissional

“Pranteador profissional? Você chora quando alguém morre?” Amelia perguntou.

O fantasma chorão acenou com a cabeça. “Isso mesmo. Nascimento, velhice, doenças e morte são leis naturais. A maioria dos filhos e filhas trabalha fora, ou quando os idosos morrem, eles já estão na casa dos noventa e quase cem anos de idade. Nessa hora, não importa quão tristes estejam seus descendentes, é inevitável que não consigam chorar. Se não conseguirem chorar, será dito que são ingratos. O que eles podem fazer agora? Só podem contratar pranteadores profissionais…”

O fantasma chorão fungou e disse, “Naquela época, nas vilas vizinhas, eu era a mais profissional em chorar, então todos gostavam de me convidar para chorar…”

William: “Então, você chorou até morrer?”

O fantasma chorão quis dizer algo, mas hesitou. “Isso tem que começar desde quando eu era jovem. Quando eu era pequena, adorava chorar. Minha mãe me levava às compras. Quando eu via brinquedos, queria comprá-los. Quando minha mãe não comprava, eu chorava e fazia birra. Às vezes, minha mãe achava que eu estava sendo irritante, então me batia. Eu chorava ainda mais. Eu chorava quando não podia beber água. Eu chorava quando não conseguia comer o que queria enquanto comia. Eu chorava quando brigava com meus irmãos e não ganhava.”

Os pais do fantasma chorão achavam originalmente que a criança adorava chorar quando era jovem e que estaria bem quando crescesse. Inesperadamente, quando o fantasma cresceu, ela chorava ainda mais. Se ela não queria ir para a escola, chorava. Se não estudava bem na escola, chorava. Era criticada pelo professor e chorava. Se fosse elogiada pelo professor, choraria também.

“Assim, eu chorei da escola fundamental ao ensino médio, do ensino médio ao ensino médio, até entrar na universidade…” Nesse ponto, William não conseguiu evitar e perguntou, “Você finalmente parou de chorar depois de ir à universidade?”

O fantasma chorão balançou a cabeça. “Eu fui para a universidade e arrumei um namorado. Eu chorava ainda mais.”

Amelia: “…”

William: “…”

Elmer: “…”

Ling enfiava frutas na boca enquanto olhava de relance para o fantasma chorão. Jorge estava atrás de sua mesa marcando documentos. De vez em quando, olhava para confirmar se Ling tinha descascado as frutas. De qualquer forma, ele não conseguia ver nada. Só podia adivinhar o que o fantasma dizia com as perguntas de Amelia e William.

O fantasma chorão continuou, “No começo do relacionamento, eu estava bem feliz. A primeira vez que brigamos foi três dias após começarmos a namorar. Ele foi jogar basquete. Eu mandei mensagem para ele, mas ele não respondeu. Depois que voltou, brigamos. Quando brigamos, eu chorei. Meu namorado disse que era só uma mensagem, que tudo bem não responder. Além disso, ele estava jogando basquete, então eu senti que ele não me amava, e chorei e quis terminar o relacionamento.” De qualquer forma, eram apenas coisas triviais, trivialidades. Eles frequentemente brigavam e, quando brigavam, ela chorava. No final, seu namorado ficou irritado e terminou com ela.

O fantasma chorão: “Depois que terminamos, eu chorei na universidade por quatro anos…”

Amelia, William e Elmer: “???” Como ela conseguiu chorar por quatro anos após um término?

“Como você chorou?” William perguntou curioso.

O fantasma chorão pensou naquele passado triste. Foi seu primeiro amor. Enquanto pensava nisso, suas lágrimas estavam prestes a cair novamente. “Toda vez que penso em como me entreguei completamente e acabei sendo abandonada, me sinto péssima. Se você ama alguém, não deveria amar tudo sobre essa pessoa? Eu gosto de chorar, eu admito, mas foi ele quem me fez chorar primeiro! Por que ele não podia me consolar gentilmente e com cuidado todo o tempo? Eu também não quero chorar, mas às vezes, quando o outono chega e as folhas caem, eu me sinto triste e lágrimas caem. Nesse momento, ele deveria me abraçar cheio de pena e dizer: bobinha…”

Amelia: “???”

William: “???” Você tem certeza de que quis dizer bobinha e não idiota?

O fantasma chorão: “Depois que briguei com meu namorado, eu frequentemente chorava para meus amigos. Foi a mesma coisa depois que terminamos. Eu chorava assim que começava a contar. No final, eu chorei para a classe inteira e para toda a faculdade. Quatro anos de universidade se passaram desse jeito…”

Elmer: “…”

Depois de se formar na universidade, o fantasma chorão acabou de entrar na sociedade e estava muito desconfortável, então chorava. No começo, os colegas que ela tinha acabado de conhecer a consolavam, mas mais tarde, passavam a esconder quando a viam.

Amelia ficou sem palavras. “Você não é igual à tia agora há pouco?”

O fantasma chorão fez uma cara de desapontada e disse tristemente, “Como pode ser igual? Pelo menos eu não choro e peço perdão…”

William riu. “É praticamente a mesma coisa. Vocês duas estão empatadas.”

O fantasma chorão não explicou e apenas disse, “Assim foi, eu chorei por dez empresas…”

Os olhos de William se arregalaram. “Dez empresas? Você é incrível!”

O fantasma chorão acenou com a cabeça. “Eu não posso evitar. Não consigo me controlar também. Sempre dizem que eu tenho um coração de vidro, mas na verdade não é o caso. Segundo um ditado da nossa terra natal, meus dutos lacrimais são rasos…”