291: Lydia, o inimigo oculto? 291: Lydia, o inimigo oculto? A sombra sem rosto que assombrava seus pesadelos — a responsável pela morte de Thomas, por sua própria cruel extinção — tinha sido ela o tempo todo.

Sua respiração vinha lenta, controlada pelas inalações, mas a fúria ardente dentro dele era impossível de esconder.

“Por que ela odeia tanto meu pai?” A voz de Ava irrompeu em seus pensamentos. “Nossas famílias tinham boas relações por gerações. Seu pai e meu pai eram melhores amigos. O que fez Lydia odiar meu pai? Ele a prejudicou de algum modo? Ou será que ela está o entendendo mal… como você já fez uma vez?”

Ava estava confusa. Não importava o quanto tentasse juntar os pedaços, ela não conseguia entender por que Lydia nutria tanto ódio pelo seu pai.

Sua única explicação era que Lydia deve ter entendido Thomas mal — talvez ela acreditasse que ele estava por trás do trágico acidente que tirou a vida dos pais de Dylan. Mas isso seria razão suficiente para ir a tais extremos?

O olhar de Dylan se voltou para ela, seus olhos ilegíveis, mas queimando com algo sombrio e perigoso. Seu passado e presente finalmente haviam colidido.

Ele segurava o telefone firmemente, seus olhos em chamas. Ele tinha certeza de que as ações de Lydia não eram por causa de alguns mal-entendidos, mas sim intencionais. Calculadas. Frias.

Em sua vida passada, ela o havia envenenado sem hesitação. Ela havia confessado — zombeteiramente, impiedosamente — que havia feito o mesmo com Thomas. No entanto, apesar de saber tudo isso, ele não sabia a razão real.

“Eu também não sei,” ele disse por fim enquanto entregava o telefone de volta para ela. “Mas não acho que seja apenas um mal-entendido.”

Ava estreitou os olhos, estudando o rosto de Dylan como se buscasse uma resposta escondida em sua expressão.

“Lembra do acidente naquela época?” Sua voz se aprofundou, puxando-a para o passado. “O carro do seu pai teve problemas — os freios falharam. Foi por isso que o carro perdeu o controle e caiu da ponte no rio.”

Dylan apertou os apoios dos braços da cadeira de rodas quando se lembrou da equipe de resgate retirando os corpos sem vida de seus pais das águas geladas. A dor de perder seus amados, gravada em seus ossos, ainda o sobrecarregava.

Ava estremeceu enquanto a memória ressurgia. Ela sempre suspeitou de um jogo sujo, que alguém tivesse mexido nos freios. Ela tinha a sensação de que Lydia tinha feito algo no carro de seu pai naquela época para matá-lo. Mas sem provas, suas suspeitas permaneciam apenas uma sombra de dúvida.

“Eu tenho reexaminado o acidente daquela época,” Dylan acrescentou, sua voz fria a trazendo de volta ao presente. “Rastreamos o mecânico que fez a manutenção do carro antes do acidente. Mas antes que pudéssemos alcançá-lo — ele foi morto num acidente de trânsito.”

A mandíbula de Dylan travou, sentindo uma mistura de irritação e decepção. “Cada pista, cada indício que poderia nos aproximar da verdade — apagado. Um a um.” Sua voz baixou, mais fria. “Isso não foi um acidente. Foi um crime perfeitamente orquestrado.”

Ela ainda podia se lembrar do momento em Dylan havia alertado sobre um inimigo oculto trabalhando nas sombras, manipulando suas vidas. Naquela época, ela tinha descartado, convencida de que não passavam de mentiras para distorcer os fatos, para desviar sua atenção. Mas agora, ela percebia que o inimigo oculto era ninguém menos que Lydia.

O ressentimento queimava mais intenso em seu peito.

Lydia era a própria força que havia despedaçado suas famílias. Por causa dela, Dylan passou anos acreditando que seu pai era um assassino. Por causa dela, tudo desmoronou.

As mãos de Ava se fecharam em punhos apertados ao seu lado. ‘Ela é a raiz de tudo.’
Uma risada sombria ecoou da garganta de Dylan, seu rosto torcido em um sorriso sarcástico. “Eu suspeitava que alguém estava puxando as cordas, orquestrando nosso declínio. Eu nunca esperava que o inimigo estivesse tão perto… escondido bem debaixo do meu nariz todo esse tempo.”

Seu rosto escureceu ainda mais. “Agora, é a vez dela sofrer. Vou mostrar a ela o que significa destruição verdadeira. Vou tornar cada momento da vida dela insuportável.”

Olhando para sua expressão assassina, o sangue de Ava gelou. Não havia hesitação em suas palavras, nenhum lampejo de dúvida. Dylan destruiria todos que estiveram com Lydia.

Ela não se atreveu a contar a ele sobre Ethan. Ela temia que ele agisse de forma imprudente e se metesse em problemas. Além disso, o papel de Ethan na conspiração de Lydia ainda era incerto. Ela não queria mais ódio por causa de um simples mal-entendido e dúvida.

O envolvimento de Ethan na conspiração de Lydia ainda não havia sido comprovado. É apenas uma suspeita.

Engolindo sua inquietação, ela forçou um sorriso suave e tranquilizador. “Não se estresse. Você precisa se concentrar primeiro em sua recuperação. É isso que importa agora — não Lydia, não vingança.”

Ela encontrou seu olhar intenso, disposta a fazê-lo escutar. “Vou conversar com o Papai e tentar entender por que Lydia o odeia tanto. Tem que haver uma razão.”

Dylan manteve seu olhar por um momento. Então, lentamente, ele assentiu, embora a tensão em seus ombros não diminuísse.

Ava exalou um pequeno suspiro de alívio. “Deixe-me levá-lo para o quarto primeiro. Depois, vou preparar o jantar.” Ela se posicionou atrás dele para empurrar sua cadeira de rodas para frente.

Dylan não discutiu, mas ela podia sentir o peso da tensão no ar. Quando o acomodou perto da cama, ela forçou outro sorriso. “Vou preparar o jantar.” Com isso, Ava saiu do quarto.

Sozinho, Dylan cerrava os punhos nos apoios dos braços. Sua mente era um campo de batalha, girando com pensamentos de vingança, traição e perguntas não respondidas. Assim que ele se preparava para chamar Justin, o dispositivo vibrou em suas mãos.

O nome de Justin brilhou na tela.

“Alô…”

“Gianna está acordada,” a voz apressada de Justin veio pelo telefone. “Ela quer te ver. Diz que tem algo importante para te contar.”

Gianna — uma das aliadas mais próximas de Erica e Lydia. Se ela estava pronta para falar, então ela deve ter visto ou ouvido algo que poderia finalmente expor a verdade.

“Tudo bem,” Dylan disse, seu tom de voz firme. “Venha me buscar.”

Seu pulso pulsava com antecipação. Esta era a chance de extrair os segredos que Lydia havia enterrado por anos.

Minutos depois, Dylan saiu do quarto, agora vestido com um longo sobretudo, suas feições afiadas marcadas por determinação. Ao se dirigir para a porta, Ava saiu da cozinha, suas sobrancelhas franzindo em surpresa.

“Você vai sair?” ela perguntou, olhando-o com preocupação. “A essa hora?”

“Sim, algo urgente surgiu. Não me espere. Coma e descanse.” Seu tom era calmo, mas ela não estava convencida.

Ava franziu a testa, sentido que algo não estava certo. “Mas e você?”

Dylan lançou-lhe um sorriso breve. “Vou tentar voltar logo.”

Antes que ela pudesse questioná-lo mais, a porta da frente se abriu, e Justin entrou. Sua habitual postura casual foi substituída por uma seriedade sombria. “Pronto?” ele perguntou secamente.

Dylan assentiu. “Vamos.”

Ava abriu a boca para perguntar algo, mas eles já haviam saído pela porta. Ela ficou parada no lugar, a inquietação roendo por dentro. “Por que eles pareciam tão sérios? O que está acontecendo?” ela se perguntou.