286: Confissão do Dr. Mathew 286: Confissão do Dr. Mathew Mathew balançou a cabeça, sua mente tentando fazer sentido da situação. Seus pulsos doíam devido às amarras apertadas. “Não, eu não entendo. Eu não tenho inimizade com você.” Ele pausou enquanto corria com a mente para encontrar uma razão plausível para Nicholas sequestrá-lo. “Você está chateado porque eu fui embora de repente?”

Ele assumiu que Nicholas estava chateado com ele porque ele havia partido sem informá-lo. Afinal, ele o estava tratando há tanto tempo.

Mathew engoliu em seco, forçando-se a continuar. “Olha, se isso é sobre eu ter saído de repente, eu—eu posso explicar. Eu tinha meus motivos. Mas eu não pensei que você levaria para o lado pessoal assim.”

Sua voz carregava uma mistura de nervosismo e confusão. Nicholas permaneceu em silêncio, seu olhar frio fixo em Mathew. A imobilidade na sala era sufocante.

“Eu até organizei para que o Dr. Ross assumisse seu caso,” Mathew continuou. “Ele é altamente competente, e eu sei que você está em boas mãos. Você tem um doador, e a cirurgia vai acontecer em breve. Então por que… por que você me trouxe aqui?”

“Estou bastante satisfeito com o Dr. Ross e não tenho dúvidas sobre sua capacidade,” Nicholas respondeu. “Mas eu te trouxe aqui por um propósito diferente. Eu preciso de respostas.”

“Que respostas?” Mathew perguntou, perplexo.

“Você conspirou com Lydia para matar Thomas Williams,” Nicholas declarou seriamente. “Você acha que pode escapar impune? Você, como médico, deveria salvar vidas. Mas você ignorou sua ética e tentou matá-lo. Você deveria ser punido.”

O rosto de Mathew empalideceu, seu corpo enrijecendo. Sua mente girava em choque, lutando para processar a acusação. Ele não esperava que Nicholas o investigasse. E por que ele faria isso? Que ligação ele tinha com os Williams?

“Eu—eu não sei do que você está falando,” Mathew gaguejou, sua voz instável. Ele tentou manter a compostura, mas o suor em sua testa o traiu. “Por que eu tentaria matá-lo? Você está me confundindo. Eu não tenho ligação com Lydia.”

“Não minta para mim,” Nicholas advertiu. “Eu sei de tudo. Seus registros telefônicos mostraram que você estava em contato com ela. Você falou com ela naquele dia. Além disso, ela estava lá no hospital naquele dia—encontrando você.”

Ele jogou um monte de documentos em cima dele. As folhas se espalharam, exibindo páginas de registros de chamadas e relatórios de vigilância. “Agora desembucha. Ou você vai se arrepender de mentir para mim.”

O corpo inteiro de Mathew tremia enquanto ele lançava um olhar furtivo para os homens de terno preto ao redor dele. Seus olhares frios e inexpressivos mandavam um calafrio pela sua espinha. Ele sabia que eles não hesitariam em acabar com sua vida se recebessem a ordem. Não havia saída. Sua única chance era confessar—dizer tudo e implorar por misericórdia.

“Eu-eu vou contar tudo,” ele desabafou. “Mas você tem que me prometer… você não vai me matar. Você vai me deixar ir.”

Nicholas olhou para ele friamente. “Você não está em posição de negociar,” ele declarou calmamente. “Mas se você for honesto, eu posso considerar deixá-lo ir.”

Um lampejo de esperança se acendeu nele em meio ao desespero. “Eu vou ser honesto com você,” Mathew disse sinceramente. Tomando uma respiração profunda, ele começou, “Lydia e eu nos conhecemos desde a escola. Éramos bons amigos, e eu sempre tive um carinho especial por ela. Quando ela me procurou, pedindo minha ajuda para vingar a morte do irmão dela, eu recusei no início. Eu disse a ela que foi um acidente, e que Thomas não teve nada a ver com isso. Mas ela não quis ouvir.”

Nicholas apertou os olhos enquanto ele falava.

Mathew suspirou, o peso de suas escolhas o esmagando. “Ela me mostrou algumas evidências—documentos, relatórios—que sugeriam que Thomas estava envolvido no acidente que matou o irmão dela. Eu ainda tinha minhas dúvidas, mas…”

Ele parou, sua vergonha evidente. “Ela me ofereceu dinheiro. Muito dinheiro. Eu estava com dificuldades, e eu—” Ele apertou a mandíbula. “Eu cedi.”

O arrependimento roía seu coração enquanto ele continuava, “Lydia queria que Thomas morresse na mesa de operação. Ela garantiu que tudo estava preparado. Eu deveria fazer parecer uma complicação durante a cirurgia.”

Ele então narrou tudo que Lydia havia dito para ele fazer. “Ela até organizou para alguns capangas sequestrarem o Dr. Henry, para impedi-lo de chegar ao hospital naquele dia. Mas…” Mathew exalou trêmulo. “Dr. Henry conseguiu escapar. Ele chegou a tempo e arruinou o plano de Lydia.”

Mathew baixou a cabeça envergonhado e culpado. “Depois disso, entrei em pânico. Eu estava aterrorizado que Dylan descobrisse a verdade—que ele viesse atrás de mim. Então eu fugi. Estou escondido desde então.”

O silêncio se instalou na sala momentaneamente.

A voz de Mathew tremia enquanto ele falava novamente. “Eu sei que o que eu fiz foi imperdoável. Deixei minha ganância me cegar, e eu traí meu juramento como médico. Mas por favor…” Ele engoliu em seco, forçando-se a encarar o olhar implacável de Nicholas. “Me poupe.”

A expressão de Nicholas escureceu enquanto ele processava as palavras de Mathew. Ele podia sentir a sinceridade do homem, mas algo estava faltando—não havia menção ao veneno. Mathew realmente não sabia sobre isso? Ou ele estava deliberadamente escondendo algo?

Dúvidas se infiltraram em sua mente.

“Por que Thomas de repente sofreu um ataque cardíaco?” Nicholas pressionou. “Você acredita que isso poderia ter sido desencadeado por algum tipo de toxina?”

A testa de Mathew se franziu enquanto ele se lembrava dos relatórios médicos. “Os resultados dos testes mostraram que ele tinha bloqueios cardíacos—algo bastante comum na idade dele,” ele explicou. “Coágulos se formaram em suas artérias, que acabaram levando ao ataque cardíaco. Pode haver várias razões para isso. Sim, certos medicamentos podem induzir um ataque cardíaco, mas nenhuma substância tóxica foi detectada em seu sangue.”

Nicholas ficou ainda mais sério. ‘Não havia substâncias tóxicas,’ ele murmurou em sua mente. ‘Será que Ava estava enganada?’
Ele acreditava que havia mais na repentina crise de saúde de Thomas, mas se não havia evidências de envenenamento, então talvez Ava estivesse pensando demais. Ainda assim, uma coisa agora estava certa—Lydia havia de fato tramado para matar Thomas.

Ele se levantou da cadeira, sua mente já se voltando para o próximo curso de ação.

“Nicholas,” Mathew gritou enquanto o via saindo. “Eu-eu te contei tudo que sei. Por favor, me deixe ir. Eu juro que não vou falar uma palavra disso para ninguém!”

Nicholas parou na porta, virando-se ligeiramente. Seu olhar era frio, ilegível. “Eu não posso te deixar ir ainda,” ele disse secamente. “Você pode tentar avisar Lydia.” Seu tom tinha finalidade, desprovido de simpatia. “Você ficará aqui como meu convidado—até que Lydia receba o castigo que merece.”

Com isso, ele saiu.

Mathew afundou mais no chão frio, seus olhos ofuscados pela impotência.