59: Suspeita e Chantagem 59: Suspeita e Chantagem Aiden terminou de cozinhar o ensopado e deslizou-o para a tigela, enquanto lançava um olhar para as escadas. Com o rico aroma enchendo a cozinha, ele sabia que Serena logo estaria ali. Ele a conhecia bem o suficiente agora—ela estaria de volta antes da meia-noite, atraída pela fome como uma mariposa pela chama. Por toda sua força e mistério, ela tinha uma fraqueza que ele havia descoberto por acaso. Serena era uma glutona. Quando a fome chamava, ela não podia resistir. Se havia algo que parecia amar sem restrições, era a comida. E ela parecia ser ainda mais afeiçoada à culinária dele.

Mas enquanto Aiden colocava a panela de lado, sua expressão escureceu, a suavidade em seus olhos substituída por algo muito mais frio. Seu telefone vibrou com uma notificação—uma mensagem enviada do telefone de sua esposa. Sua esposa, que deveria estar dormindo.

Aos poucos, ele leu a mensagem e de alguma forma um arrepio entrou em seus olhos à medida que ele levantava as sobrancelhas. Ela estava com bastante pressa para encontrar essa pessoa. Não podia nem esperar até a tarde do dia seguinte? Muito bem. Ele gostaria de ver que relação ela tinha com esse homem também.

Ele se sentou à mesa e passou para outra mensagem que havia recebido. A que realmente era o motivo para seu retorno antecipado para casa. Serena estava escondendo algo dele. Enquanto alguém estava decidido a divulgar seus segredos.

Seu polegar pairou sobre a imagem embaçada. Ele estava agora certo de que a mulher na foto era, de fato, Serena. Mas quem era esse homem. Quando e onde ela o conheceu? E como ela se aproximou dele? Sua memória tinha voltado e ela havia contatado alguém.

Mas se tinha, por que ela não o contou? E quem era o homem que havia enviado essa fotografia a ele, pedindo dinheiro em troca de não compartilhar seus segredos.

Ele então fez uma ligação,”O que você descobriu?”

“Não muito. A foto e a mensagem vieram de um telefone descartável. Eu sei que a Senhora Hawk visitou um café hoje mais cedo. Mas nada mais. Não há câmeras no local. E o motorista que a levou disse que não consegue fornecer mais detalhes, embora tenha dito que já a levou lá antes também. Mais tarde, depois de esperar por horas, ele recebeu uma mensagem da Senhora instruindo-o a voltar. Ela já estava em casa naquela hora.”

“Então, não sabemos onde ela esteve durante toda a tarde?”

Seu assistente hesitou do outro lado da linha antes de responder,”Sim e não.”

“An! Eu não estou com humor para enigmas. Me dê respostas rápidas.”

“Não sabemos onde ela esteve durante metade da tarde. Ela visitou o escritório na segunda metade. Mas saiu antes de te ver.”

“Certo. Descubra mais.” Com isso, Aiden desligou a chamada e voltou a observar a fotografia.

Ele não havia perdido o desvio de olhar dela e a maneira como ela evitava contato visual. Ela até preferiu ir para a cama com fome a ficar aqui e vacilar…

Ela realmente achava que poderia esconder algo dele. Parece que ele subestimou ela. Ou melhor, foi enganado por ela. Seus olhos se endureceram enquanto ele desligava as luzes e saía da cozinha.

Um pouco mais tarde, Serena espiou fora de seu quarto e suspirou aliviada ao encontrar o caminho livre. Por causa do retorno súbito de Aiden, ela havia pulado o jantar e agora podia sentir os elefantes pisoteando em seu estômago.

Descendo as escadas sorrateiramente, seus movimentos eram cautelosos e deliberados, como um ladrão na noite, seus sentidos alertas para qualquer sinal de Aiden. Se ao menos ela pudesse ter caído no sono, então não teria que arriscar isso…

No momento em que entrou na cozinha, foi atacada por um odor fraco que quase a fez salivar. Ela acendeu uma pequena luz e encontrou o culpado com uma eficiência infalível. Rapidamente, ela caminhou até a tigela e levantou a tampa, antes de quase gemer de prazer. Aiden Hawk realmente tinha mãos mágicas.

O cheiro era irresistível e seu estômago roncou em acordo. Ela pegou apressadamente uma colher e provou o ensopado, seus olhos se fechando brevemente de deleite. Estava delicioso, um conforto que ela não esperava mas que acolheu de todo coração.

Antes que pudesse saborear a comida, no entanto, as luzes da cozinha se acenderam abruptamente. Sobressaltada, ela virou a cabeça em direção ao brilho súbito, sua colher a meio caminho da boca. Aiden estava na porta.

“Você não dormiu?”, ela perguntou a ele baixinho enquanto ele a encarava.

“Não, estou sonambulando.” disse Aiden e ela riu. “Ok, Ok. Obrigada pela comida, porém.”

Aiden observou enquanto ela rapidamente voltava à sua comida, sentindo-se desapontado. Ele havia esperado que ela se abrisse. De algum modo, enquanto esperava que ela descesse as escadas, ele esperava que ela lhe contasse tudo. Mas em vez disso, ela ainda insistia em evitar falar com ele.

Ele cruzou os braços e se encostou na porta, seus olhos fixados nela enquanto ela devorava a refeição. O silêncio entre eles era pesado, preenchido com a tensão não verbalizada de verdades não ditas.

Serena, ainda mastigando, tentava ignorar o desconforto palpável. Ela sentia o olhar de Aiden perfurando suas costas, mas manteve o foco no ensopado, mastigando lentamente como se saborear cada mordida pudesse de alguma forma distraí-la da realidade da situação.

Ela não sabia por que, mas tinha certeza de que Aiden a olhava com suspeita. O que era absurdo, é claro, já que ele não sabia de nada. No entanto, sua própria culpa a atormentava, tornando-a incapaz de encontrar o olhar dele.

Apressadamente, ela quase inalou o ensopado e começou a retornar ao seu quarto. O homem ainda não havia se movido da porta, e a ideia de passar por ele para voltar já lhe revirava o estômago.

Quando ela chegou perto dele, murmurou um rápido agradecimento pela comida e o contornou. No entanto, antes que pudesse escapar, seu pulso foi agarrado por ele que a puxou de volta bruscamente. Sobressaltada, ela caiu contra ele e olhou em seus olhos…