Capítulo 276: Vamos

“Aiden, eu preciso falar com você.”

Aiden olhou para cima a partir dos papéis espalhados em sua mesa, sua expressão desgastada.

Por um momento, Nate hesitou, sabendo que o que quer que ele dissesse não ajudaria a aliviar a dor de Aiden. Entretanto, ele ainda precisava discutir as coisas e só lhe restava entrar.

Ao tomar assento, Aiden começou, “Nate. Obrigado. Se não fosse por você ter assumido a responsabilidade…”

Nate fez um gesto com a mão, desdenhoso, enquanto se acomodava. “Não há necessidade de gratidão, Aiden. Todos esses anos, você carregou o peso de tudo enquanto nos protegia do pior. Estou apenas contente por finalmente poder fazer algo para ajudar você.”

Aiden acenou distante, “Mesmo assim”, disse ele após um instante, “sua disposição para intervir significa mais do que você imagina.” Ele se endireitou na cadeira, o leve calor em sua expressão rapidamente substituído por seu habitual comportamento composto. “Então, você tem alguma pergunta? Alguma coisa sobre a qual está inseguro? Já instruí o Assistente An para fornecer qualquer suporte que você possa precisar. Mas se há algo específico, agora é a hora de perguntar.”

Nate se recostou levemente, estudando Aiden cuidadosamente. Ele hesitou, seus dedos batucando suavemente contra o braço da cadeira. Então, com uma respiração profunda, ele finalmente falou. “Ella.”

O nome único aterrissou como uma pedra no ambiente, cortando o ar com um peso palpável. A reação de Aiden foi imediata. Sua postura se enrijeceu, sua mandíbula apertou enquanto seus olhos desviavam de Nate. Por um momento, ele pareceu recuar para dentro de si mesmo, a tensão em seus ombros inconfundível.

“O que tem ela?” Aiden perguntou, sua voz baixa, quase cautelosa.

O olhar de Nate não vacilou. “Você não está nem um pouco curioso sobre como ela está?”

Os lábios de Aiden se comprimiram em uma linha fina, e ele voltou sua atenção para os papéis em sua mesa, embora estivesse claro que sua mente já não estava mais ali. “Tenho certeza de que ela está bem,” ele disse secamente. “Se não estivesse, você já teria organizado um funeral.”

O frio em seu tom fez Nate estremecer e ele tentou dizer, “Aiden. Olhe para mim.”

Aiden não se moveu no início, suas mãos cerrando-se levemente enquanto ele olhava para a mesa. Quando ele finalmente virou a cabeça, Nate foi atingido pela vacuidade nos olhos de Aiden.

A garganta de Nate apertou enquanto ele suspirava. “Não vou pedir para você perdoá-la,” ele começou, sua voz baixa mas firme. “Ela… ela ainda está se recuperando. E eu não vou negar que o que ela fez foi errado. Imperdoável, até. Mas você ainda não a denunciou para a polícia, Aiden. Isso me diz que você tem algum tipo de plano. Então, o que você pretende fazer com ela?”

O olhar de Aiden permaneceu fixo em Nate, ilegível e frio, como se ele estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras. “Minha decisão de não colocá-la na prisão,” ele finalmente disse, sua voz gélida, “não tem nada a ver com quaisquer sentimentos remanescentes por ela. Pelo que me diz respeito, a irmã que uma vez tive já está morta. Ela deixou de existir no momento em que fez suas escolhas.” Seu tom se endureceu mais ainda, sua mandíbula apertou. “A única razão por ela ainda estar respirando livremente é por causa da Avó. É só isso.”

“Mesmo se ela puder contar sobre Serena?” Nate perguntou cuidadosamente.

Aiden paralisou. “O que quer dizer?”

Nate suspirou, “Ela não fez isso, Aiden. Você sabe. Eu sei.” Aiden deu de ombros naquele momento. Ele também pensava assim. Mas Ella tinha confessado.

Nate balançou a cabeça, Nate soltou um suspiro lento, como se estivesse se fortalecendo. “Pense nisso. Se Ella estava agindo por impulso, então como um vestido do tamanho de Kimberlee apareceu minutos depois do desaparecimento de Serena? E o véu, Aiden — o véu que Kimberlee usou naquele dia não era o original que a Avó deu a Serena. Eu mandei examinar.”

“Ele é feito usando tecnologia moderna. Alguém planejou cuidadosamente se livrar de Serena e a substituir por Kimberlee. Quanto a quem fez isso, você e eu podemos adivinhar quem Ella está protegendo.”

“Não importa quem ela está protegendo, Nate,” Aiden disse, seu tom gelado e inflexível. “O resultado final permanece o mesmo. Serena se foi, e Ella é a responsável por isso.”

Nate inalou bruscamente, sua expressão se tornando rígida enquanto tentava manter a compostura. “Ella é também a última pessoa que provavelmente viu Serena viva,” ele rebateu firmemente. “Pense nisso, Aiden. Ambos sabemos que foi ela quem levou Serena ferida naquela noite. Mas vamos ser honestos — Ella não tem estômago para ir até o fim. Ela não é capaz de… de dar aquele passo final. Você sabe disso tão bem quanto eu.”

A mandíbula de Aiden se apertou, mas ele não disse nada, “Me ouça,” Nate insistiu. “Você não é o único procurando por Serena. Kimberlee e Charles também estão buscando informações — eu sei disso com certeza. Eles não estão deixando pedra sobre pedra. E o que isso te diz?”

“Isso me diz que eles não têm certeza de onde Ella levou Serena. Ou que com certeza algo aconteceu com ela. Se eles tivessem as respostas, não estariam buscando tão desesperadamente. Isso significa que ainda há uma chance, Aiden. Só precisamos conversar com Ella. Se alguém tem a chave para encontrar Serena, é ela.”

Aiden soltou um suspiro cortante, sua frustração evidente. “Então pergunte a ela,” ele disparou, suas palavras cortadas e impacientes.

“Eu tentei,” Nate disse suavemente, “Mas ela não está em condições de nos dar respostas, Aiden. Você sabe pelo o que ela passou. Ela ainda está se recuperando de uma cirurgia cardíaca. Seu corpo pode estar sarando, mas sua mente…” Ele balançou a cabeça. “Sua mente está em outro lugar completamente. Ela não falou uma única palavra — não para mim, não para ninguém. Toda vez que acorda, ela apenas olha para a porta.”

“O que você está dizendo?” Aiden perguntou lentamente.

“Estou dizendo que ela nem mesmo reconhece mais ninguém,” Nate respondeu. “Nem eu, nem os doutores, nem mesmo a Avó. Mas toda vez que ela abre os olhos, olha para aquela porta como se estivesse esperando. Esperando por alguma coisa… ou alguém.”

“E você acha que esse alguém sou eu,” Aiden concluiu de forma seca.