26: Retorno 26: Retorno “Precisamos voltar,” Aiden disse assim que Serena entrou pela porta, os braços cheios de sacolas do mercado.

Serena parou no lugar, a confusão cobrindo seu rosto. “O que? Por quê? Eu não estou pronta para partir ainda. Eu ainda preciso descobrir mais sobre meu passado. Você não vai acreditar, mas eu conheci alguém na—”
“Serena,” Aiden a interrompeu, sua voz mais firme, quase urgente. Ele deu um passo em direção a ela, e ela pode ver a tensão em sua postura. “Temos que voltar. A vovó está doente.”

O entusiasmo que Serena vinha sentindo desapareceu num instante, substituído por uma sensação fria e afundante. “O que? É sério?”

“Ela está na UTI,” Aiden disse, sua expressão sombria.

Serena se sentiu dividida. De um lado, havia Owen, que havia prometido levá-la a todos os lugares que ela havia visitado antes, na esperança de que ajudasse a recuperar sua memória. Do outro lado, estava a avó, que havia mostrado tanto amor e cuidado por ela.

Ela engoliu o nó em sua garganta e assentiu, apesar da sensação de inquietação que a roía. “Vou ir arrumar minhas coisas.”

Em minutos, eles estavam se apressando em direção ao carro. Enquanto Aiden dava a partida no motor, Serena não pôde deixar de olhar para ele, notando a preocupação gravada em seu rosto. Ela hesitou por um momento antes de oferecer, “Talvez você não deva dirigir. Que tal eu fazer isso?”

Aiden lançou-lhe um olhar rápido, com as sobrancelhas levantadas. “Você sabe dirigir?”

Serena deu de ombros, tentando aliviar o clima a pesar da tensão. “Podemos descobrir.”

Aiden fez uma careta, balançando a cabeça enquanto murmurava, “Precisamos chegar ao hospital, mas não de ambulância.”

“Estou bem. Eu dirijo,” Aiden disse mais calmamente, embora suas juntas ficassem brancas enquanto ele agarrava o volante. No entanto, à medida que ele pisava com força no acelerador, Serena, que quase foi empurrada de volta para o seu assento, olhou para ele horrorizada. Quem exatamente os levaria para o hospital, ela não tinha certeza. Aiden parecia pensar que seu carro era um avião…

Um pouco mais tarde, Serena virou a cabeça longe da paisagem que passava lá fora para olhar para Aiden. Pelo menos ele não estava dirigindo tão perigosamente quanto tinha começado.

Ela o observou atentamente enquanto ele dirigia, notando a tensão em seu maxilar e a forma como suas mãos agarravam o volante com tanta força que suas juntas ficavam brancas. Ela precisava distraí-lo. Se ele continuasse tão tenso, com certeza afetaria seu julgamento.

“Aiden? Você ama sua avó mais do que tudo neste mundo, não é?”

Aiden lançou um olhar para ela antes de assentir,” Sim. Ela é a minha única família.”

“Sua única família? Mas e seu irmão e irmã? Quero dizer, tenho certeza que havia alguma tensão entre você e Nathan, mas certamente eles te amam.”

Aiden balançou a cabeça com firmeza,” Eles são meus meio-irmãos. E a única razão pela qual mantêm contato comigo é pelo dinheiro que posso proporcionar a eles.”

Serena queria argumentar que ele provavelmente estava enganado mas ela só os tinha visto uma vez, então não podia dizer mais. ” E quanto aos seus pais?”

“Eu acabei de dizer que só tenho a avó como família.”, Aiden retrucou, seu tom advertindo-a para não fazer mais perguntas sobre seus pais. Então, ela assentiu e ficou quieta. Ele já estava agitado e agora não era o momento. Ela pensou de volta à maneira como ele a havia acalmado na noite passada e sem uma palavra, colocou sua mão na dele que estava na alavanca de câmbio. E o fato de que ele deixou ela segurar seu pulso, era um testemunho de quão perturbado ele estava naquele momento.

Quando finalmente chegaram ao estacionamento do hospital, Aiden nem esperou o carro parar completamente antes de sair do assento do motorista, praticamente correndo em direção à entrada. Serena mal teve tempo de desafivelar seu cinto de segurança e segui-lo, quando o viu jogar as chaves do carro para seu assistente que já estava esperando.

Ao pegar as chaves, ele ainda se moveu para quase bloquear seu caminho enquanto advertia,” Senhor, o resto de sua família também está aqui.”

Serena observou enquanto os passos de Aiden falharam por apenas um momento e um vislumbre de irritação passou por seu rosto antes de ele retomar seu passo apressado. “Não me importo com eles. Apenas me diga sobre a vovó. Ela está bem?”

“Ela está estável por enquanto, mas os médicos estão de olho bem de perto. Foi por pouco desta vez.”

Enquanto eles se apressavam pelos corredores estéreis do hospital, o coração de Serena batia forte no peito. Ela estava começando a odiar hospitais, eles a faziam se sentir claustrofóbica.

Quando chegaram à porta, Aiden a empurrou com força, fazendo-a se chocar contra a parede e fazendo Serena se assustar. O quarto estava cheio de pessoas—pelo menos dez, pela sua rápida contagem—todas elas virando para encará-los com expressões variadas enquanto se levantavam, como se em perfeita sincronia. No entanto, a presença de Aiden pareceu extrair o ar do quarto, e por um momento, houve um silêncio tenso enquanto tudo e todos pareciam ter congelado.

Enquanto ela reconhecia seus ‘meio-irmãos’ e a Tia Vera, a empregada de confiança da vovó, ela não conhecia mais ninguém. Ela adivinhou que isso devia ser o que o Assistente An havia querido dizer com o comentário sobre o resto da família. Ela olhou em volta curiosa, quando os outros a encararam de volta, parecendo bastante hostis.

Serena estava prestes a entrar e se adiantar quando – um som agudo e estridente ecoou pelo quarto. Os olhos de Serena se arregalaram em choque ao perceber o que havia acontecido – uma mulher, alta, com cabelos escuros presos num coque apertado, havia avançado e estapeado Aiden no rosto com tanta força que sua cabeça virou para o lado.

O estalo reverberou pelo recinto como um tiro, deixando todos atônitos. Aiden lentamente virou a cabeça para encarar a mulher, seus olhos escuros com uma mistura de incredulidade e fúria.