24: Dormindo 24: Dormindo Aiden estava dormindo pacificamente. Anos de disciplina e treinamento estilo militar sob a tutela de seus professores ‘especializados’ o ensinaram a dormir em qualquer lugar, a qualquer hora. Ele conseguia desligar sua mente e corpo por vontade própria. Mas esse treinamento também o deixou com um efeito colateral — um senso de consciência que nunca se desligava completamente.

Mesmo dormindo, ele sentia quando alguém o observava, seus sentidos o cutucando. Seus olhos se abriram de repente, e no momento seguinte, quase pulou quando viu — Serena, ali parada, olhando para ele. Na luz fraca da cabana, com apenas a lâmpada de teto emitindo um brilho tênue, ela parecia… como um fantasma saído diretamente de algum filme de terror. Ela estava vestida toda de branco, a luz captando seu traje pálido de maneira perfeita para fazê-la parecer um espírito de outro mundo…

Ele suspirou e respirou fundo, passando a mão no rosto enquanto a questionava, “O que você está fazendo?”

Suas palavras, porém, foram abafadas pelo som de um trovão que a fez pular de susto.

Aiden piscou várias vezes, tentando afastar os resquícios do sono enquanto processava a visão diante dele. Serena, ainda parada ali como uma aparição sinistra, agora agarrava o peito e quase tremia
“O que você está fazendo?”, ele perguntou, agora alerta. O que poderia tê-la assustado tanto a ponto de ela vir procurá-lo?

“Você estava dormindo?”

Aiden revirou os olhos com a pergunta. O que mais ele poderia estar fazendo às duas da madrugada? “Não, eu estava em uma reunião de negócios. Uma muito importante.” Ele resmungou sarcasticamente.

Então Serena lhe deu um pequeno sorriso envergonhado. “Desculpe… eu não quis te assustar. É só que… está tempestuando lá fora, e eu não conseguia dormir.”

Ele se apoiou em um cotovelo, levantando uma sobrancelha. “E você achou que ficar em pé sobre mim como um fantasma para me assombrar seria a solução para esse… predicamento seu?”

Serena deu de ombros, “Eu estava prestes a te acordar.”

“Deixe-me ver se entendi. Você estava prestes a me acordar porque não conseguia dormir?” Ele perguntou incrédulo.

Ela assentiu e então correu até a cama, sentando-se com as pernas cruzadas no chão ao lado dela. “Sim! Mas é ótimo que você tenha acordado sozinho. Agora que você está acordado, pode me ajudar a distrair meus pensamentos.

Aiden caiu de volta no travesseiro e cobriu os olhos com o braço, “Eu não sou um aparelho de entretenimento. Desculpe. Agora vou dormir.”

Serena ficou lá por um momento, olhando para a forma imóvel de Aiden. Determinada a não ficar sozinha, ela se inclinou e o cutucou no lado, apenas para ser ignorada por ele.

Estreitando os olhos para a sua forma dormindo, Serena estava prestes a dizer algo mais quando outro trovão estrondou, o som mais alto do que antes. Respirando fundo, Serena puxou os cobertores e deslizou para dentro da cama estreita ao lado dele.

Assim que Serena se enfiou debaixo dos cobertores ao lado dele, os olhos de Aiden se abriram de repente e, antes que ela pudesse piscar, ele rolou para fora da cama e pulou para ficar de pé ao lado dela com uma expressão de choque no rosto.

“O que você está fazendo?” ele exigiu.

Serena mal espiou de fora das cobertas, seus olhos grandes e inocentes enquanto murmurava, “Estou com medo. E já que você não vai ficar acordado comigo, eu tinha que encontrar outro jeito.”

Aiden a encarou com uma expressão atônita. “Outro jeito? Entrando sorrateiramente na minha…” ele se interrompeu, passando a mão pelos cabelos em frustração. Ela não tinha senso de autopreservação. Mesmo que ele não estivesse interessado nela, ele era um homem saudável…

Ele olhou ao redor da cabana, tentando descobrir o que fazer a seguir quando seu olhar caiu sobre o armário ao lado da parede.

“Aonde você está indo?” Serena perguntou, observando enquanto Aiden caminhava até o armário no canto do quarto. “Você vai dormir no armário?”

Aiden lhe lançou um olhar antes de pegar algo e voltar. Decidido, ele a puxou para fora da cama e em direção à mesa, “Nós vamos fazer isso. Se você está com medo e não consegue dormir, vamos jogar algo para te manter ocupada. Mas só pra você saber, você vai se arrepender de ter interrompido meu sono.” Ele avisou enquanto colocava alguns jogos de tabuleiro na mesa.

“Você vai jogar jogos comigo? Agora?” Serena perguntou enquanto olhava para o xadrez, monopólio, Jenga e o baralho de cartas.

Aiden suspirou, “Sim, agora. É isso ou podemos voltar para a cama. Mas não estaremos dormindo lá.” Ele acrescentou sugestivamente. “Você decide.”

Apressadamente, ela se sentou à mesa e perguntou, “Qual jogo devemos jogar primeiro?”

“Não acho que sei jogar xadrez.” Serena murmurou enquanto olhava para o jogo, como se tentasse se lembrar com dificuldade.

Aiden deu de ombros, “Podemos jogar Jenga.”

O trovão soou novamente, distraindo-a mas justo quando ela teria pulado, Aiden segurou sua mão sobre a mesa, cobrindo seu pulso com a dele. Com a outra mão, ele então começou a montar a torre do Jenga.

O olhar de Serena, porém, estava fixo na mão dele sobre a dela. Ela não conseguiu deixar de olhar enquanto percebia que era bastante reconfortante. Ela suspirou quando ele moveu sua mão para longe da dela, gesticulando para que ela continuasse, “Vamos lá, senhoritas primeiro.”

Ela esticou a mão, selecionando cuidadosamente um bloco perto do meio da torre. Com precisão lenta, ela o soltou e o colocou de volta em cima, “Sua vez.”

Conforme começaram o jogo, Serena ainda pulava a cada pequeno barulho mas o medo com que havia acordado, a sensação de não conseguir respirar como se algo estivesse pressionando sobre ela e foi lentamente recuando. Era quase amanhecer quando a tempestade finalmente passou, deixando apenas o barulho da chuva na janela e os dois voltaram para suas camas para dormir.