198: Cai Fora 198: Cai Fora “Estou observando ela atentamente há algum tempo,” Corrick começou, com um brilho de cálculo nos olhos. “Sua fraqueza está nas emoções. Diferente de Edwina, ela não é movida pela ganância ou uma obsessão por riqueza. Ela puxou ao pai nesse aspecto—idealista, sentimental e dolorosamente ingênua. É quase digno de pena, na verdade. Ela não herdou nem um fiapo da astúcia ou da impiedade da Edwina, e isso será sua ruína. Nem vamos precisar sujar nossas mãos por enquanto.”

A testa de Mateus se contraiu, e seu tom foi incisivo. “E o que exatamente você está sugerindo?”

“Não é óbvio?” Corrick continuou, inclinando-se para a frente como se revelasse um segredo bem guardado. “A única razão de ela estar insistindo tanto é essa noção equivocada de ‘justiça’—pela avó falecida, pelo pai. Ela acredita que está lutando uma batalha justa. Mas esse idealismo é seu calcanhar de Aquiles. Agora, imagine o que aconteceria se plantássemos a ideia de que Edwina foi quem orquestrou a morte da mãe dela ou causou mal ao irmão. Não seria necessário muito para quebrar a resolução dela. Ela perderia o foco, questionaria tudo pelo que vem lutando e se afastaria completamente do jogo.”

“Você realmente acha que seria assim tão fácil?”

“Claro. Veja só o que ela já fez—oferecendo a Ava um caminho de saída, praticamente entregando a ela uma rota de fuga sem hesitar, quando há alguns dias atrás, era ela quem estava decidida a cavar a própria cova.. Essa não é a atitude de alguém determinado a vencer. É a atitude de alguém demasiado fraco para levar as coisas até o fim. Ela já está se sentindo culpada e tudo o que fez foi falar com a Nvidia uma vez e ouvir aquelas chamadas telefônicas monitoradas. Explore essa fraqueza e a culpa, e ela vai desmoronar como um castelo de cartas.”

Mateus balançou a cabeça lentamente, sua expressão carregada de ceticismo. “Não, não acho,” disse ele, firmemente. “Quando ela foi embora após a morte de Edwina—depois que tudo desmoronou—naquele momento eu poderia ter concordado com você. Ela estava despedaçada, desiludida, e sem a menor intenção de persistir ou voltar, bem como Edward fez. Mas as coisas mudaram. Ela retornou, não é? E não apenas para permanecer ou para recolher os cacos. Ela voltou, assumiu as rédeas e agiu. Esse tipo de coisa não é fácil de despedaçar. Ela está sedenta por vingança.”

Ele fez uma pausa, seu olhar se tornando mais aguçado ao continuar. “Mesmo que, de alguma forma, você consiga desviar a atenção dela da Edwina, fazendo-a questionar a vingança nessa direção, de jeito nenhum ela vai deixar as coisas passarem quando se trata de Edward. Ele está profundamente enraizado no seu senso de lealdade e propósito. Ela idolatra o pai.. E não vamos esquecer, ela foi atacada. Não é algo que ela vai levar na brincadeira. Você está subestimando ela. Não acho que vai ser tão simples como você imagina.”

“Oh, mas é aí que você se engana. Eu já arquitetei o plano perfeito para lidar com tudo isso,” Corrick respondeu suavemente com um tom repleto de confiança. “Uma vez que eu tiver plantado a ideia na mente da Serena de que Edwina estava por trás da morte da mãe dela, a energia dela vai mudar. Ela vai se concentrar inteiramente em encontrar o irmão desaparecido, impulsionada pela necessidade de proteger o que sobrou da família dela. Enquanto ela estiver distraída com isso, vou garantir que a Nvidia esteja bem preparada para a próxima fase. A Nvidia vai aprender a desempenhar o papel perfeitamente—para convencer a Serena que a morte de Edward, na verdade, não passou de um acidente.”

“A Nvidia vai assegurar à Serena que ela nunca mirou em Edward. Ela vai insistir que seu alvo sempre foi Edwina, e somente Edwina. Essa narrativa vai absolvê-la aos olhos da Serena. Uma vez que essa semente estiver plantada, tudo o que temos a fazer é redirecionar as suspeitas da Serena sobre os próprios ataques sofridos. Vamos desviar o foco dela para o Sidney, colocando a culpa de maneira que turve completamente as águas. Com a Serena sendo puxada em todas as direções, confusa e isolada, ela vai desmoronar. E quando isso acontecer, teremos vencido.”

Mateus balançou a cabeça, as dúvidas ainda pesando sobre ele. O plano parecia complicado, cheio de manipulações e enganos, e ele não conseguia se livrar da sensação incômoda de que tudo iria sair do controle. Ainda assim, quando voltou sua atenção para as mensagens que havia recebido, com a notícia de última hora sobre Ava ter sido inocentada das acusações de evasão fiscal, um vislumbre de esperança surgiu dentro dele. Talvez, apenas talvez, houvesse uma maneira de salvar algo desse caos.

Ele suspirou, seus pensamentos turbulentos. Ele nunca quis fazer parte dessa teia de esquemas e vinganças. Desde o início, ele tentou se manter à margem, evitando as manipulações em que seu tio parecia prosperar. Não era por medo ou falta de habilidade, mas porque não tinha estômago para isso. Seu tio frequentemente via essa relutância como sinal de fraqueza, uma falha no caráter de Mateus. Mas Mateus sabia melhor. Ele não era fraco—ele simplesmente não via valor em perpetuar ciclos de vingança e amargura.

Seu olhar se voltou para dentro enquanto memórias de Edwina emergiam. “Edwina não era uma pessoa má,” ele murmurou em voz baixa, quase como se tentasse se convencer. Apesar de ser sua madrasta, ela nunca os prejudicou ativamente. Sim, ela tinha seus defeitos—por vezes favoreceu Edward, talvez de forma um pouco óbvia demais, e seu comportamento tinha sido mais formal que caloroso. Mas ela nunca havia sido injusta, nunca cruzou uma linha que não pudesse ser perdoada.

Essa saga inteira de vingança, todos esses jogos intrincados e desumanos—sempre lhe deixaram um gosto ruim na boca. E agora, saber que sua filha estava enredada nessa confusão, apenas aumentava sua inquietação.

“Sidney é importante para Ava,” Mateus disse quieto, sua voz tingida de hesitação. Ele não estava certo se estava afirmando um fato ou fazendo um apelo, mas as palavras pairaram no ar entre eles. Ele não queria que sua filha sofresse desnecessariamente.

“Não seja tolo, Mateus,” seu tio retrucou, o tom pingando condescendência. “As lealdades de Sidney, no final das contas, estão com Serena, não com Ava. Essa é a verdade, goste você ou não. Se se importa com sua filha, vai dizer a ela para se manter longe de Sidney. Melhor isso do que empurrá-la para um inferno como este, onde ela só vai se machucar.”