19: Vendido 19: Vendido “O que vocês fizeram?” Owen Thompson encarava o casal à sua frente, seus olhos arregalados de horror, lutando para compreender o que estava ouvindo, não querendo acreditar em seus ouvidos. Sua voz estava tensa enquanto observava seus pais trocarem um olhar.

Sua mãe deu um passo à frente, tentando acalmá-lo com seu comportamento tranquilo, “Owen, se acalme. Somos seus pais. Já tomamos alguma decisão errada para você ou para sua irmã? Hmm?”

“Mãe,” a voz de Owen falhou com emoção, “eu perguntei, o que vocês fizeram com minha Rena?”

Os Thompsons trocaram outro olhar, e dessa vez, a irritação da Sra. Thompson era evidente. “O que fizemos? Ela já estava quase morta! E você a deixou conosco! Na nossa idade, precisamos que nossos filhos cuidem de nós, não o contrário. Gastamos tanto dinheiro com o tratamento dela, fizemos tudo o que podíamos e ainda assim ela estava quase morta!! O que mais você esperava? Não é o suficiente para você que ela tenha acordado?”

“Eu esperava que vocês a mantivessem segura!” A voz de Owen subiu com raiva, seus punhos se fechando ao lado do corpo. “Eu esperava que vocês entendessem que eu deixei a pessoa mais preciosa da minha vida sob os cuidados de vocês! Como vocês puderam vendê-la… vendê-la para outra pessoa? Ela é uma pessoa! Não uma mercadoria.”

“Estávamos ficando sem dinheiro!” A Sra. Thompson respondeu ríspida, sua frustração transbordando. “Aquele hospital onde você a colocou era caro! Você nem sequer nos deixou transferi-la para um hospital público, ou pelo menos colocá-la em um quarto compartilhado! Mas você continuou teimoso. Não é como se ela fosse perceber a diferença mesmo!!”

“Mas eu perceberia!” Owen gritou, sua voz se quebrando sob o peso de suas próprias palavras. “Tudo o que sou hoje é por causa dela! O que você acha que teria acontecido com você e com o pai se não fosse por ela ter assinado como sua fiadora para voltar a dívida? Ela fez isso por mim! Você e o pai sabem que provavelmente estariam enterrados vivos, se não fosse por ela! Em toda minha vida, eu só pedi uma coisa de vocês! Apenas uma coisa! Cuidar dela! E eu providenciei as contas do hospital!” Ele cuspiu as palavras, lutando contra o impulso avassalador de sacudir algum senso em sua mãe.

Por um ano, ele trabalhara incansavelmente em um emprego que parecia inferno, apenas para poder pagar as dívidas de seus pais e voltar para Serena. Mesmo que ela estivesse acamada, mesmo que estivesse em coma — ela era a mulher que ele amava. Não havia nada que ele queria mais do que estar sempre ao lado dela. Mas ficar lá era impossível para ele. Não quando sua vida estava em perigo por causa dos capangas daquele homem!

Eles estavam tão felizes naquele dia, quando fugiram. Ele ainda conseguia ouvir a risada dela enquanto segurava sua mão e corria para o carro. Ela até brincou dizendo que era bom ele ter ido buscá-la, ou ela teria que morrer para escapar das garras do noivo.

Quem diria que essas palavras quase se tornariam realidade? E que eles quase morreriam naquele horrível acidente um pouco mais tarde?

Ele passou a mão pelo cabelo. Ele precisava ir até sua Rena. Ela tinha acordado. Era uma ocasião de alegria, não era? Eles finalmente poderiam se casar como planejado e viver juntos felizes. E uma vez que ela estivesse com ele, aquele homem que estava atrás de sua vida também seria forçado a recuar. Afinal, ele poderia matá-lo, mas não poderia machucar Serena ou feri-la.

Apresadamente, Owen começou a jogar suas coisas em uma bolsa duffle, pronto para ir encontrar Serena imediatamente. Ele precisava estar com ela, para garantir que ela estava segura e para dizer-lhe que tudo ficaria bem.

Justo quando ele estava prestes a fechar o zíper da bolsa, no entanto, seu pai avançou, bloqueando seu caminho com um suspiro pesado. “Owen, o que você está fazendo?”

Owen olhou para cima, seus olhos ardendo de determinação. “Eu estou indo para minha Rena. Ela acordou. Eu preciso estar com ela—”
“Você não pode,” seu pai interrompeu.

Owen congelou, um frio medo o invadindo. “Como assim, eu não posso?” ele exigiu, sua voz baixa e perigosa.

Sua mãe avançou, suas mãos apertadas juntas como se estivesse se preparando para o que estava prestes a dizer. “Owen, nos ouça. Serena… ela já se casou. Com aquele homem.”

“Como assim casada? O noivo dela a encontrou? Vocês a venderam para ele? Ela estava em coma!”

“Owen, foi uma transação comercial,” sua mãe continuou desesperadamente, “Ela estava em coma, e você sabe que não havia garantia de que ela acordaria. O homem com quem ela está casada agora também é rico, ele podia pagar pelo cuidado que ela precisava. Ele até nos garantiu que cuidaria do funeral dela…”

Claro, a Sra. Thompson não se atreveu a contar a ele que o homem rico só prometeu cuidar do funeral porque ele foi quem ordenou que retirassem o suporte de vida de Serena na esperança de que ela morresse imediatamente… E que eles já haviam recebido o dinheiro para organizar o funeral de Serena. Ela praguejou internamente novamente enquanto seu filho afastava sua mão e a encarava. Se aquela mulher tivesse morrido pacificamente como era suposto, então seu filho não teria a ignorado assim!

“Além disso, nós já…”, seu pai começou…Antes que o outro homem pudesse continuar, Owen levantou sua mão para detê-los, “Parem por aí antes que vocês digam algo que me faça querer cortar todos os laços com vocês! Eu vou encontrar Serena e garantir que ela está bem! Quanto aos dois, fiquem aqui e nem pensem em interferir!”