Mate o Sol - Capítulo 108

108: Capítulo 108 – Eterno Arrependimento 108: Capítulo 108 – Eterno Arrependimento Nick caminhou de volta ao hotel distraído.

Por algum motivo, ele sentia que tudo o que aconteceu hoje não era real.

No entanto, ele sabia muito bem que era real.

Ele sequer questionaria se isso fosse um sonho caso realmente fosse um sonho?

Provavelmente não.

Ainda assim, Nick sentia que nada havia mudado.

Ele sentia que estava prestes a voltar ao quarto de Horua para verificar como ele estava.

Após entrar no hotel e subir as escadas, Nick parou em frente ao seu quarto enquanto olhava para a porta do quarto de Horua.

Por alguns segundos, ele apenas observou.

Então, ele caminhou até o quarto de Horua e entrou.

Depois de abrir a porta, ele apenas viu uma cama vazia.

O cobertor estava na mesma posição de quando Nick havia saído.

No entanto, não havia Horua.

Por muitos segundos, Nick apenas ficou no quarto, olhando para onde Horua estaria.

De tempos em tempos, um cheiro de sangue invadia seu nariz.

Desde que Nick matou Pator, havia um leve cheiro de sangue no quarto que aparecia de vez em quando.

Naturalmente, sempre que Nick sentia esse cheiro, ele se lembrava do dia em que matou Pator.

‘Outra criança,’ Nick pensou.

Horua tinha sido uma criança.

Pator tinha sido uma criança.

‘Eu matei duas crianças,’ Nick pensou.

‘Embora o outro teria morrido de qualquer maneira.’
Nick soltou um suspiro.

‘Mas o destino de Horua foi minha culpa.’
‘Se eu não tivesse envolvido Horua no Sonho Sombrio, ele não estaria morto. Provavelmente estaria vivendo em algum lugar nos Resíduos.’
‘Claro, a vida não seria fácil sem a minha presença, mas ele teria sobrevivido. Afinal, eu também consegui sobreviver.’
‘Mas eu tinha que fazer de Horua um Zephyx Extractor, não é?’
Nick apenas olhou para a cama vazia com uma expressão cheia de arrependimento.

Ao mesmo tempo, Nick sentiu o vazio escuro em seu peito voltar com ainda mais intensidade.

Era como se os músculos e órgãos em seu peito estivessem se contraindo com toda a sua força.

Arrependimento e culpa.

Nick estava cheio de tanto arrependimento e culpa.

Nick havia cometido erros terríveis, e não havia como consertá-los.

Ele nunca teria a chance de corrigir as coisas.

Horua estava morto.

E ele o havia matado.

Sua estupidez tinha causado a morte de Horua.

Ele deveria ter sabido.

Mas ele não sabia.

E agora, Horua havia pago o preço.

‘Eu não posso consertar isso.’
Silêncio.

‘Eu não posso fazer as coisas direito.’
Nick apenas continuou olhando para a cama de Horua.

‘Se eu pudesse, eu daria muitas coisas para ter a oportunidade de fazer as coisas direito.’
‘Mas eu não posso.’
‘Com os poderes dos Espectros, muitas coisas impossíveis se tornam possíveis, mas a morte ainda é definitiva.’
Nick queria tanto corrigir seus erros.

Ele estava disposto a fazer de tudo.

Mas era impossível.

‘Me desculpe, Horua,’ Nick pensou enquanto movia levemente sua mão sobre a cama de Horua.

‘Eu não consegui consertar.’
‘Eu não pude te ajudar.’
‘Me desculpe.’
Os olhos de Nick começaram a encher d’água, mas ele rapidamente balançou a cabeça e cerrou os dentes.

Ele lembrou do que tinha acontecido da última vez que chorou.

A última vez que havia permitido que suas emoções explodissem foi quando esse vazio negro apareceu em seu peito, o qual ainda o assombrava.

Se ele chorasse novamente, as coisas só piorariam.

Então, Nick afastou toda a sua tristeza, enterrando-a no fundo de seu ser.

No entanto, o vazio negro em seu peito nunca foi embora.

Ainda estava lá e tão perceptível quanto antes.

Por quase uma hora, Nick permaneceu no quarto de Horua, apenas olhando ao redor e lembrando das coisas.

Eles só se conheciam há pouco mais de um ano, mas ainda assim eram amigos.

Horua nunca poderia descobrir o que exatamente havia acontecido com seu pai, que simplesmente desapareceu em um certo ponto.

Nick tinha certeza de que o pai de Horua provavelmente foi jogado nos esgotos por alguém, mas isso nunca foi uma certeza de fato.

Horua também nunca seria capaz de verdadeiramente possuir sua casa.

Sim, ele era essencialmente o dono da casa, mas assim que Nick fosse embora, as gangues a roubariam já que Horua era apenas um garoto que não poderia proteger tal bem valioso.

Talvez no futuro, Horua se tornasse um homem grande e forte que lutaria contra as gangues por seu lar de infância.

Mas agora, nada disso aconteceria.

Todos os sonhos de Horua morreram com ele.

Eventualmente, Nick deixou o quarto de Horua e entrou no seu próprio.

Após entrar, Nick colocou suas armas de lado e apenas caiu em sua cama.

Ele havia acabado de acordar há algumas horas, mas já queria voltar a dormir.

Por que a vida era assim?

Por que uma coisa ruim após a outra acontecia com ele?

Problemas, problemas, problemas.

Ele estava tão cansado de todos esses problemas.

‘Se eu não fosse tão estúpido, eu não teria tantos problemas,’ Nick pensou enquanto olhava sem vida para o teto acima de sua cama.

‘Se eu fosse forte o suficiente para conter ou isolar minha empatia, eu não teria tantos problemas com a morte de Pator.’
‘Se eu não fosse um idiota, Horua não teria morrido.’
‘Talvez a vida não seja realmente cruel.’
‘Talvez seja apenas minha incompetência e idiotice que a tornam cruel.’
‘Talvez eu seja apenas muito burro para ter uma boa vida.’
Todas as memórias que Nick associava com emoções negativas percorreram sua mente.

Quando alguém está cercado pela escuridão, muitas vezes nem tenta procurar a luz.

Neste momento, não havia momentos felizes nas memórias de Nick.

O intenso arrependimento e culpa coloriram os momentos brilhantes de cinza, tornando-os sem sentido.

Quando Nick conseguiu seu emprego, isso não importava, já que sua vida só piorou a partir de então.

Quando Nick pegou o Sonhador, isso não importava, pois o Sonhador acabaria matando Horua.

Quando Nick se tornou rico, isso não importava, já que todo o dinheiro do mundo não poderia fazê-lo feliz agora.

Todas as coisas boas eram insignificantes.

Todas as coisas ruins eram dolorosas e dominantes.

‘Eu queria ter a coragem de dizer a Sentença,’ Nick pensou enquanto olhava sem vida para o teto.