Capítulo 901: Repreensão
Antes que Dave pudesse dizer alguma coisa, Grant já estava saindo pela porta. Ele não conseguia ficar parado por mais tempo. Este era o limite. O comportamento dela era completamente anti-profissional, e ele estava cansado de deixar passar. Um gerente das Indústrias Frost poderia ter lidado melhor com as coisas, e Grant não ia deixar isso passar.
Ele parou na baia dela, examinando o espaço rapidamente. Estava vazia. Ela já tinha ido embora. Típico. Ela nem se preocupou em esperar. Era como se todo o trabalho árduo deles não significasse nada para ela. Ela achava que isso era uma piada? Não, ela deve achar que eles eram a piada. Já havia rumores no mercado de que os Frosts haviam enviado alguém para vigiá-los, pois não confiavam totalmente na empresa. E agora, se essa pessoa dos Frosts, Senhorita Innocensa Frost, não participasse da reunião com os distribuidores, que impressão isso causaria neles?
O pensamento só o deixou mais irritado. Não era apenas este projeto. Provavelmente era o mesmo em todos os outros em que ela havia se envolvido. Ela deixava os outros fazerem o trabalho pesado enquanto ficava sentada recebendo os créditos. Quanto mais ele pensava sobre isso, mais claro se tornava. Ela não era alguém de equipe—apenas uma figura decorativa fingindo se importar.
Ele a encontrou prestes a sentar no carro, de costas para ele. Ele chamou, “Srta. Frost.” Pelo menos ela parou quando o ouviu.
“Srta. Frost,” ele chamou novamente, incisivamente.
Ela congelou ao som da voz dele. Sua mão permaneceu na porta do carro enquanto ela parecia hesitar. Pelo menos teve o senso de parar quando chamada.
Grant não perdeu tempo. Assim que ela se virou ligeiramente em reconhecimento à sua voz, ele já estava diminuindo a distância entre eles.
“O que você pensa que está fazendo?” ele exigiu, sua voz afiada e cortante. “Você tem noção do quão pouco profissional isso é? Os distribuidores vão chegar a qualquer minuto, e você está aqui fora—fazendo o quê? Evitando responsabilidade? Agindo como se este projeto não importasse? A reunião de hoje quase decide o futuro da empresa inteira! Isso não vai importar para você, certo? Porque você terá outro projeto jogado no seu colo se isso não der certo? Mas e os outros que colocaram tudo nisso?”
Ela não respondeu, e seu silêncio só alimentou sua raiva. Ele gesticulou de volta para o prédio. “Se você nem se preocupa em estar disponível para uma reunião crítica como esta, então não terei escolha senão escalar isso. Eu formalmente pedirei ao Senhor Seb Frost para designar alguém que realmente entenda a importância do profissionalismo e do trabalho em equipe. Alguém que leve isso a sério e não como uma férias.”
Ele pausou, seu peito pesado pelo esforço de manter seu temperamento sob controle, quando o que ele queria fazer era agarrá-la pelos ombros, virá-la para enfrentá-lo e chacoalhá-la. A ameaça pairava no ar, e por um momento, ele pensou que tinha conseguido convencê-la. Ele observou enquanto a mão dela soltava a maçaneta da porta.
Mas então ela falou, sua voz baixa e quase trêmula. “Você deveria fazer isso.”
Grant parou, a raiva em seu peito substituída por confusão. “O quê?” ele perguntou, seu tom afiado, mas mais baixo agora. “O que você quer dizer com isso?”
Lentamente, ela se virou para enfrentá-lo e a visão o parou. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, com marcas de lágrimas manchando suas bochechas. Ela parecia exausta, como se o peso do mundo estivesse pressionando seus ombros.
Ela encarou o olhar dele diretamente, sua expressão calma, mas quebrada de uma maneira que o atingiu mais profundamente do que ele gostaria de admitir. “Faça como quiser,” ela disse simplesmente, sua voz estável apesar da crueza em seus olhos.
Sem mais uma palavra, ela abriu a porta do carro, deslizou para o banco do motorista e ligou o motor. Grant estava muito atônito para dizer mais alguma coisa enquanto ela saía da vaga de estacionamento e ia embora, deixando-o parado lá, revivendo a imagem do rosto dela marcado por lágrimas várias vezes em sua mente.
Assim que o carro dela desapareceu na esquina, Dave chegou correndo, ofegante e um pouco sem fôlego. “Ela já foi?” ele perguntou, seu tom impregnado de incredulidade e frustração. “Os distribuidores começaram a chegar! Droga, Grant! Você estava certo em pensar que ela poderia fazer mais mal do que bem. Essas pessoas estão esperando um Frost na reunião, e agora ela simplesmente… foi embora. O que vamos dizer a eles?”
Grant sacudiu a cabeça, forçando-se a respirar fundo. A imagem do rosto dela manchado de lágrimas permanecia em sua mente, mas ele a afastou por agora. “Deixa pra lá, Dave. Seja lá o que for, deve ter sido algo sério. Vamos lidar com isso, como lidamos com tudo mais no passado. Não precisamos de alguém sentado na apresentação apenas para ostentar o nome Frost. Nosso produto é bom o bastante para falar por si mesmo.”
Dave suspirou e assentiu devagar, seus ombros relaxando um pouco. “Você está certo. O produto realmente é o melhor. É por isso que chegamos até aqui, mesmo sem ajuda. Eu só odeio sentir que estamos sendo preparados para falhar quando trabalhamos tão duro.” Mas então, o sempre otimista Dave balançou a cabeça e sorriu confiante, “Já passamos por piores, não é mesmo? Fique comigo, e vamos resolver isso. Vamos mostrar a eles por que vieram aqui em primeiro lugar.”
Grant sorriu. Essa era uma coisa sobre Dave que ele se encontrava incapaz de entender. O cara estava sempre otimista. Irritantemente assim. Há pouco ele estava preocupado. Algumas palavras dele e lá estava ele novamente. Tudo bem, pronto para começar.
No entanto, apesar da reunião iminente à frente deles e durante toda a apresentação, Grant só conseguia pensar numa coisa, que era seu rosto listrado de lágrimas e sem vida.