MAGO Supremo - Capítulo 2577
Capítulo 2577: Ponto de Partida (Parte 1)
“Então era realmente você.” Sírah rosnou para Lith enquanto a Sábia da Guerra ainda estava tendo dificuldade em acreditar nos próprios sentidos.
“E eu faria de novo.” Lith agarrou a mão da Rainha Hati, forçando-a a ver a destruição que os filhos de Glemos haviam deixado em seu rastro e experimentar a dor dos Demônios pertencentes ao seu povo que ele havia conjurado em Zelex.
Como a própria Syrah havia apontado alguns minutos atrás, pensamentos não podiam mentir.
As visões do banho de sangue de Ne’sra atingiram-na duramente, mas apenas porque depois de perder Ikara ela se identificou com a dor daqueles que haviam perdido seus entes queridos por causa das invasões.
No entanto, as emoções que as almas de Zelex haviam compartilhado com Lith eram muito piores. Não só ela reconheceu alguns de seus mentores através de suas lembranças, mas também experimentou seu desespero.
Os monstros mortos se sacrificavam nos ritos de passagem para garantir um futuro melhor para seus descendentes, mas eles testemunharam das sombras que nada havia mudado.
Com ou sem Glemos, Zelex ainda estava preso em um ciclo vicioso de fome e morte. Muitas dessas almas ressentiam de Ikara e dos outros membros falecidos do senado por seu acordo com os Tribunais dos Mortos-vivos.
Os espíritos dos monstros mortos consideram um insulto à sua memória, pois causaria a morte das próprias pessoas que eles haviam morrido para proteger. Eles aceitaram as correntes de Lith e se voltaram contra Zelex porque confiavam mais nele do que nos líderes atuais.
‘Bons deuses, nossa mera existência é uma praga para a vida em si.’ pensou Sírah. ‘Infligimos aos outros uma dor abominável apenas para causar ainda mais dor a nós mesmos. Até nossos mortos estão tão envergonhados de si mesmos que ajudaram Verhen no ataque.’
Supostamente ela deveria se sentir traída, mas em vez disso, sentiu pena das almas dos mortos e esperava que elas finalmente tivessem encontrado a paz.
“Por que você está me mostrando tudo isso? O que você espera que eu faça depois de saber a verdade?” A Rainha Hati perguntou.
“A coisa certa. O que é melhor para o seu povo.” Respondeu Morok. “Peço desculpas por ter mentindo para chamar a sua atenção, mas agora estou dizendo a verdade porque é o único jeito de ganhar sua confiança.
“Meu pai não era um deus. Ele era um monstro que tentou arruinar minha vida da mesma forma como fez com a sua. A única diferença entre nós é uma pura sorte. Você estava sozinha enquanto eu tinha meus amigos.
“Os Tribunais dos Mortos-vivos também são um bando de monstros e não podem ser confiados. Eles traíram seus líderes, Thrud e até o Rei Morto no momento em que não precisaram mais deles.
“Não te estou pedindo que confie em mim também, não depois que eu derramei o sangue do seu povo apenas para colocar minhas mãos no meu legado de linhagem. É por isso que te confio ele e te dou minha benção para usar meu legado como uma moeda de troca com o Conselho.
“Se você jogar as suas cartas corretamente, pode ficar aqui em Zelex e usar suas matrizes para garantir a segurança daqueles que ficarão para trás.” Morok compartilhou com ela através de uma ligação mental os melhores termos com os quais Sírah poderia fazer o Conselho concordar e sugestões sobre como jogar as poucas cartas que tinha.
Ela ficou comovida com a preoccupação sincera dele e o arrependimento por suas ações. Ao contrário de Verhen que queimava de raiva como um espírito de vingança, Eari estava cheio de compaixão e queria salvar o seu povo.
“Obrigada pela sua oferta generosa, mas percebi que vem com condições. O que você quer em troca de seu legado e colocando-nos em contato com o Conselho?”
“Só peço passagem segura para dois de seu povo, escolhidos por mim. Sem perguntas.” Ele respondeu.
“Só isso? Então eu seria uma tola em recusar o seu acordo.” A cabeça de Sírah rodava, dividida entre a raiva da mentira e o choque da verdade.
“Excelente.” Morok concordou. “Agora que isso está resolvido, existem algumas pessoas que eu gostaria de apresentar a você. Eles são membros do Conselho Despertado que têm interesse em Zelex e com os quais você pode negociar caso não quer que eu me envolva mais.
“Eu tenho a sua permissão para trazê-los aqui?”
Se sentindo encurralada e confusa, a Rainha Hati olhou para seus amigos em busca de conselhos, mas eles mal podiam dar de ombros em resposta.
‘Eu não posso confiar nos Tribunais dos Mortos-vivos, isso é certo. Entre a ligação mental e as notícias na interligação, agora tenho certeza de que eles não têm interesse em nos manter vivos. Melhor cenário, eles matam a todos com um Harmonizador para colocar as mãos nos artefatos e escravizam o resto de nós.
‘Cenário de pior caso, no momento em que saímos de Zelex após reduzir nossos números eles vão massacrar todos nós. Morok também é um desgraçado mentiroso, mas um desgraçado que nos quer salvar a todo custo.’ Ela pensou.
“Claro. Deixe-os entrar.” Ela realmente disse.
“Vossa Majestade, você se importa se eu der uma olhada no Harmonizador enquanto esperamos?” Bytra perguntou. “Mesmo um relatório preliminar sobre as habilidades do artefato dará ao Conselho uma melhor ideia do que você tem a oferecer, fortalecerá sua posição nas negociações e lhe garantirá melhores condições.”
“Ideia excelente.” Syrah se virou para o Senhor da Guerra. “Já que você estava por trás dessa farsa também, deveria se oferecer para o exame.”
“Eu concordo.” Ryla se animou quando a Raiju puxou sua varinha do Grão-Mestre Forjador e começou a tecer feitiços. “Acredito em Morok e tenho certeza de que tudo ficará bem.”
A Rainha estava com medo que Bytra tentasse pegar o Harmonizador, acionando seu mecanismo autodestrutivo. De tão perto, a detonação teria decapitado seu portador e Syrah não tinha motivo para confiar em seus visitantes indesejados.
No entanto, a Bytra fez apenas o que prometeu, obtendo uma varredura detalhada do fluxo de mana do Harmonizador e dos efeitos que ele tinha sobre o Fomor. Coisas como a estrutura do núcleo de energia e as runas do qual era composto estavam escondidas pelo sistema de camuflagem que também se protegia contra detecção.
Tanto a Rainha como o Senhor da Guerra prenderam a respiração enquanto Bytra tecia um feitiço após o outro e suspiraram aliviados quando ela terminou e a cabeça de Ryla ainda estava presa ao seu pescoço.
Alguns segundos depois, os convidados de Morok chegaram.
Dito de uma maneira melhor, eles tinham vindo a pedido de Ajatar, Faluel e Lith, que lhes prometeram algo que eles não recusariam.
Feela, a Behemoth, a representante das feras, Raagu Drerian, a representante humana, e Aalejah Eventide, o simpático elfo do bairro, entraram pela porta, cada um deles tão atônito de surpresa quanto seus respectivos homólogos.
Morok fez as devidas apresentações, mas ninguém parecia ouvir uma palavra que ele dizia.
“Eu não posso acreditar!” Raagu foi o primeiro a voltar a si. “Faluel estava dizendo a verdade. Aquele louco de Glemos realmente desfez a queda e vocês canalhas mantiveram isso em segredo o tempo todo. Eu deveria processar todos vocês por isso!”
“Você pode tentar.” Zoreth fez um gesto para Raagu, rosnando. “Venha até mim. Veja o que acontece.”
“Não se preocupe, irmã mais velha.” Faluel entrou na sala um segundo depois.