MAGO Supremo - Capítulo 2563

Capítulo 2563: Cálices Envenenados (Parte 1)

‘Fácil. Quando seu povo superpopula uma área pacificada, eles se dividem novamente e se mudam para um novo assentamento.’ Faluel respondeu. ‘Jiera é muito grande e a maior parte dela agora está desabitada. Há muito espaço para vocês e muitos monstros para enfrentar.

‘A ideia é estabelecer fortalezas auto suficientes sobre os géiseres de mana nas bordas das marés conhecidas de monstros. A partir daí, seu povo os exterminará ao longo do tempo com ataques coordenados de todos os lados.

‘As tribos de monstros que compõem a maré serão lentamente cercadas e dizimadas até não representarem mais uma ameaça ao equilíbrio.’

‘E se realmente tivermos sucesso? O que acontecerá quando não houver mais inimigos para lutar e nenhum gêiser para morarmos?’ A mente da Rainha Hati estava fria e afiada como o vento do inverno.

‘Você não me deixou chegar a isso.’ Faluel respondeu. ‘Pretendo manter aqueles de vocês com um Harmonizador aqui em Garlen para que, durante todo esse tempo, possamos pesquisar o trabalho de Glemos e encontrar uma maneira de produzi-los em massa.

‘Não é algo que eu estaria fazendo por conta própria. Os membros do Conselho Despertado reuniriam seus recursos para encontrar uma solução. Depois de decifrar o código, haverá tempo suficiente para produzir novos Harmonizadores antes de seus números se tornarem um problema novamente.’

‘Então, você está basicamente nos pedindo para permitir que divida e conquiste a gente.’ Sírah respondeu. ‘Você estaria mantendo os líderes de Zelex como reféns em Garlen enquanto o resto de nós seria enviado a Jiera para lutar em uma guerra que não tem nada a ver conosco.

‘Como isso é melhor do que a oferta do Tribunal dos Mortos?’

‘Não é dividir e conquistar, mas necessidade.’ Faluel balançou a cabeça. ‘Garlen ainda sofre de uma fome prolongada. Aqui simplesmente não há recursos suficientes para sustentar seu povo, enquanto em Jiera há uma abundância de comida.

‘Vocês são livres para aceitar a oferta dos mortos-vivos, mas saibam que, mesmo supondo que eles não os traiam, no momento em que o mercado negro não puder fornecer comida suficiente para sua população crescente, vocês serão forçados a recorrer aos cortes ou saquear cidades novamente.

‘De qualquer forma, seriam forçados a derramar sangue, pois ninguém desistiria de suas provisões sem uma luta. Se recorrerem à primeira opção, seu povo estará condenado a cometer suicídio em massa, enquanto, se escolherem a segunda, continuarão a fazer novos inimigos que os caçarão.’

‘Se vocês forem para Jiera, em vez disso, estariam ganhando sua comida e seu legítimo lugar sob o sol. As pessoas estão destinadas a cair em batalha, claro, mas o resto estaria seguro e os feridos receberiam cuidados dos Despertados locais.

‘Além disso, vocês não estariam isolados. Amuletos de comunicação permitirão que suas colônias mantenham contato com eles e unam suas forças, se necessário. Você e os outros membros do senado com um Harmonizador seriam mantidos aqui simplesmente porque o Conselho de Garlen não confia em Roghar.’

‘Sua pesquisa falha levou à sua queda e não há como saber o que o Guardião de Mana poderia fazer com um dispositivo que pode alterar forças de vida, cristais e metais encantados. Além disso, nosso continente agora está em paz e podemos nos concentrar na pesquisa enquanto Jiera luta pela sobrevivência.’

‘Eu entendo.’ Sírah ponderou as palavras da Hidra.

O raciocínio era sólido, mas ainda havia falta de confiança entre eles que envenenava a mente da Rainha Hati.

‘Quantos Harmonizadores devemos entregar para a sua pesquisa?’ Infelizmente para ela, a proposta oferecida pelos mortos-vivos era um cálice envenenado também. Ambos os possíveis aliados poderiam apunhalar os monstros pelas costas a qualquer momento e deixá-los para morrer.

A melhor opção dela era escolher o acordo que sugava menos e se aliar àqueles que tinham mais a perder com a morte de seu povo.

‘Nenhum.’ Faluel respondeu, fazendo os olhos de Syrah se arregalarem de surpresa. ‘Não há feitiço de Forja que exija que um artefato não seja impresso para ser examinado.

‘Basta que o Forjador tenha acesso ao artefato e que seu proprietário seja complacente. A única razão pela qual os mortos-vivos precisavam exigir alguns Harmonizadores é para usá-los e modificá-los para se adequarem à sua própria força vital.’

‘Esses canalhas mentiram para nós!’ A Rainha Hati rosnou enquanto tocava instintivamente a coleira em seu pescoço.

‘De fato.’ Faluel assentiu. ‘Os Harmonizadores não têm valor para o Conselho, exceto para aumentar a produção de nossas minas de cristal e metal. Nossas forças de vida já são estáveis, então, ao contrário dos mortos-vivos, não somos competidores.’

‘Parece bom, mas é bom o suficiente para colocar nossas vidas nas mãos de estranhos? Afinal, nos conhecemos há menos de um dia.’ Urhen, o Balor, apontou.

‘Por si só, não, mas considere o que temos a perder caso algo aconteça com vocês.’ Faluel respondeu. ‘A crise em Jiera é real e, sem ajuda, é apenas uma questão de tempo antes que o Conselho seja dominado pelas marés de monstros.

‘Se eu quisesse apenas exterminar vocês, por que complicar tanto? Tudo o que eu precisava fazer era fugir após a luta e enviar um sinal de socorro. As forças do Conselho chegariam e massacrariam todos.

‘Além disso, os Harmonizadores representam uma oportunidade incrível não apenas para acelerar a produção de nossos recursos mágicos, mas também para resolver a ameaça das raças caídas para sempre.’

‘Por último, mas não menos importante, os Balors são uma evolução bem-sucedida da raça humana e os Fomors são outro passo à frente. Eu posso garantir que o Conselho humano fará tudo o que puder para ajudá-los simplesmente porque eles querem se tornar como vocês.

‘A morte de vocês significaria perder a primeira liderança sólida em milênios para finalmente preencher a lacuna com as Feras Imperadoras e ganhar as habilidades de linhagem que estão tão faltando.’

‘Você apresenta excelentes argumentos, mas isso ainda é muito repentino.’ Disse Sírah. ‘Gostaríamos de levar alguns dias para discutir e ponderar nossas opções.’

‘Sem problemas.’ Morok interveio antes que Faluel pudesse dizer qualquer coisa. ‘Vou levar um único livro, já que o código é sempre o mesmo. Vou deixar tudo mais aqui como um sinal de boa fé.’

Então, ele tirou dois amuletos de comunicação de seu bolso e compartilhou sua runa com eles.

‘Leve o tempo que precisar e nos avise quando tiver tomado uma decisão.’ Ele deu o primeiro a Sírah, que tentou e falhou em usá-lo. ‘Basta dar um passo para fora das matrizes e ele funcionará.’

Então, enquanto Faluel trocava sua runa de comunicação, ele se virou para Ryla e entregou o segundo a ela.

‘Se precisar de alguma coisa, e eu quero dizer alguma coisa, basta sair por um segundo e me ligar. Eu vou correndo.’

‘Muito obrigada!’ Ninguém se surpreendeu com o Fomor abraçando-o.

O Tirano retribuindo o abraço causou uma grande impressão, no entanto. Friya se preocupava com o que tinha acontecido durante o tempo em que permaneceram sozinhos e como isso afetaria Quylla.

Mas ela não disse nada enquanto saíam de Zelex, limitando-se a um olhar penetrante que parecia furar as costas do Tirano até chegarem ao ponto de encontro com os outros e terem certeza de que ninguém os estava seguindo.