MAGO Supremo - Capítulo 2531

Capítulo 2531: Verdade Perigosa (Parte 1)

A solução para o problema de Lith veio na forma de um grupo de mulheres que estavam tendo uma discussão muito mais acalorada do que os guardas na parte de trás do prédio. Por alguma razão, os guardas warg se afastaram delas e ninguém parecia incomodado com o barulho que faziam.

O grupo era composto por vários orcs, Hati, Balors de seis olhos e um Fomor.

“Você não tem direito de nos manter afastados, Ryla.” Uma fêmea Hati vestida com um rico vestido dourado que complementava seu pelo prateado rosnou. “É o nosso futuro que estão discutindo e precisamos dar nossa opinião!”

“Como alta sacerdotisa de Glemos, tenho todo o direito de fazê-lo.” A beleza da figura e características do Fomor eram ainda mais evidenciadas pela túnica solta que usava e deixava as costas totalmente expostas.

Suas asas multicoloridas enroladas pareciam um manto suave que ia dos ombros ao chão.

“É meu dever proteger vocês todos, até de vocês mesmos. Cada um de nós demonstrou o maior potencial evolutivo e é insubstituível. Aqueles que estão seguros em sua posição não têm direito de decidir o destino dos que são dispensáveis.

“Uma dizimação será necessária antes de sairmos. Nossos homens e crianças morrerão para nos deixar com a maior quantidade possível de comida. Você realmente acha que eles podem encontrar a força para tomar essa decisão enquanto olham você nos olhos?

“Que eles podem ter a coragem de acabar com seu próprio sangue e consigo mesmos enquanto vocês gritam e choram? Nosso deus Glemos nos ensinou que o futuro é mais importante que o passado e que apenas através do sacrifício nossas raças podem prosperar.

“Todo o Mogar é nosso inimigo. Nossos próprios corpos nos traíram e tentam nos matar todos os dias. Este é o único jeito que temos de sobreviver.”

“Mentira!” Uma orc-elfo revertida disse, sua pele clara avermelhada pela agitação do sangue enquanto seu cabelo dourado esvoaçava devido ao surto de mana. “Poderíamos pedir ajuda aos nossos irmãos não caídos.

“Ainda existem elfos de sangue puro lá fora, mas nunca tentamos encontrá-los. Poderíamos negociar com o Conselho Despertado para compartilhar os Harmonizadores e o laboratório de Glemos em troca de uma cura para nossa condição!

“Se a linhagem de Tirano sozinha conseguiu alcançar tanto, imagine o que as quatro raças Despertas poderiam fazer por nós, se unissem seus recursos.”

“Blasfêmia!” Ryla esbofeteou a orc-elfo para calá-la. “Nosso salvador não é um simples Despertado. Ele é um deus que teve pena de nossos ancestrais depois da queda e criou este paraíso para nós.”

“Você chama isso de paraíso?” Um Balor de seis olhos avançou, forçado a olhar para cima para a Fomor mais alta. “Nos escondemos no subsolo como ratos. Não podemos expandir nossas fronteiras e somos forçados a eliminar constantemente nosso próprio sangue só para sobreviver.

“Isso não é um paraíso, é apenas um laboratório doentio e nós somos os objetos de teste. Glemos não é um deus, caso contrário ele já nos teria curado. Ele explorou nossas vidas curtas e ignorância para reescrever a história como bem quis.

“Nós fingimos acreditar em suas mentiras apenas porque estávamos com medo-”

“Como ousa?” O Balor sabia que o tapa estava vindo e tentou impedi-lo, mas Ryla era mais rápida e mais forte do que ela.

O golpe derrubou o Balor no chão e foi seguido rapidamente por um pontapé furioso.

“Glemos é um deus! Sem ele, você seria um monstro horrendo. Sem ele, eu nunca teria nascido. Sem ele, não há esperança. Se você despreza tanto os presentes dele, eu ficarei feliz em tomá-los de volta!”

O Fomor levantou o Balor pelo pescoço e estava prestes a arrancar seu coração quando a Hati com o vestido dourado agarrou o pulso de Ryla.

“Basta. Entendo o seu ponto e prometo que nos comportaremos. Agora solte-a.” O Fomor tentou e falhou em se libertar do aperto de ferro da Hati, que apertou até que Ryla foi forçada a dobrar ou sofrer um braço quebrado.

“Eu sou a alta sacerdotisa, Syrah. Você não pode me dar ordens.” Ela apertou os dentes para suportar a dor, recusando-se a se render.

“E eu sou a Rainha. Se você quiser, podemos voltar para dentro e perguntar qual de nós pode ser mais facilmente substituída.” A Hati enfatizou o conceito dando um passo à frente tão rápido que Lith mal pôde vê-la.

Syrah agarrou a Fomor com tanta força que nem mesmo o poder combinado de seus olhos foi o suficiente para se libertar da chave de braço.

“Está bem. Vou perdoar a transgressão dela.” Ryla disse e a Hati a soltou. “Mas se Br’ey continuar espalhando suas mentiras venenosas, nossa sociedade pode desmoronar. Apenas a fé em nosso deus e a esperança que isso nos traz permite que nosso povo suporte tamanhas dificuldades cruéis.

“Você está disposta a assumir a responsabilidade por ela?”

“Estou.” a Rainha Hati assentiu. “Agora vamos entrar. Eu não confio na escória dos Tribunais Mortos-vivos mais do que posso jogá-las.”

“Você sabe que eu não estou mentindo, Syrah. Todos nós vimos os registros dos tempos antes de Glemos armazenados no cristal de Br’ey.” O Balor apontou para o orc que assentiu em concordância. “Nossa espécie existiu antes de Glemos. Ele-”

“Agora não é hora, Urhen.” O Hati cortou o Balor. “Perdemos inúmeras pessoas boas hoje. Estamos prestes a perder nossas casas e eliminar a maioria dos nossos vizinhos e amigos simplesmente porque nasceram com menor potencial evolutivo.

“Mesmo que tudo o que testemunhamos seja verdade e não a ilusão de um orc antigo, você acha que nosso povo seria capaz de sobreviver descobrindo que tudo o que sabem é mentira? Que não há um deus misericordioso olhando por nós, mas apenas um ditador cruel que nos criou como animais?”

Urhen abriu a boca para responder, mas nenhuma palavra saiu. Ela baixou o olhar e apertou os dentes antes de balançar a cabeça em resignação.

“A verdade é um luxo que não podemos nos dar, minha amiga. Não hoje.” Syrah disse. “As mentiras são a única coisa que nos permitirá ver o amanhã.”

O Dragão da Pena do Vazio aproveitou o momento em que as mulheres se abraçaram e a alta sacerdotisa entrou enfurecida para comprimir seu corpo o máximo possível e dividi-lo entre suas sombras.

‘Sorte minha que os Traughen têm seis braços e cada um deles é muito alto. Entre isso e seus vestidos fofos, tenho espaço suficiente para me esconder.’

O grupo de mulheres caminhou apressadamente pela porta e depois por um corredor amplo, chegando a uma varanda aberta de onde podiam testemunhar e ouvir tudo o que acontecia dentro da sala abaixo.

Além disso, eles trouxeram Lith tão perto de Solus que ela podia perceber a posição exata dele mesmo sem uma ligação mental. Ela havia saído do bolso de Eryon logo depois que ele foi convocado ao palácio e estava assistindo de um local seguro o tempo todo.

Ela transformou seu corpo de pedra em um estado líquido, rastejando lentamente para fora de seu esconderijo, ao mesmo tempo em que se certificava de ajustar constantemente a cor para combinar com o ambiente.

Levou alguns minutos para ela chegar à varanda e o que encontrou lá a deixou boquiaberta.