MAGO Supremo - Capítulo 2417

Capítulo 2417: Correntes do Passado (Parte 1)

“Eu não conheci muito meu pai, mas posso dizer isso. O objetivo dele era promover a evolução da raça Tirana e ver os frutos do seu trabalho antes de morrer. Mesmo que ele me forçasse a ter um filho com Echidna, a força vital deles teria sido instável.

“Ainda pior, para verificar os resultados de seus experimentos, Glemos teria que esperar anos, já que os Tiranos crescem na mesma velocidade que nossos progenitores humanos. O mesmo teria acontecido com o próximo ‘experimento’ e os seguintes.”

Falar sobre crianças como se fossem coisas fazia o rosto de Morok se contorcer de raiva. Ele precisava cuspir toda vez que falava o nome de Glemos, como se apenas a menção cobrisse sua língua com veneno.

“Além disso, mesmo depois de conseguir produzir um híbrido estável entre Tiranos e Fomors, ele teria de encontrar um modo de fazer as forças vitais se fundirem para alcançar o próximo estágio evolutivo.

“Glemos não tinha o luxo de tanto tempo, então é claro que ele sacrificou milhares de monstros para alcançar a perfeição. Se eu tivesse que arriscar um palpite, apostaria tudo o que tenho que, ao ter sucesso, meu pai queria promover sua própria evolução.

“Se você se lembra, ele acreditava que minha descendência com Echidna teria rivalizado com os Guardiões. O que também significa um nível de força e força vital de Fera Divina.”

Morok fez uma pausa para deixar os outros entenderem o escopo do objetivo da linhagem dos Tiranos.

“Eu concordo com você. Isso explica a pressa de Glemos e a magnitude de sua experimentação. Tiranos vivem tanto quanto Feras Imperadores comuns. Três mil anos é também três vezes a expectativa de vida média de um humano Despertado, mas nada comparado aos 10.000 de uma Fera Divina Despertada.

“Seu p-, quero dizer, aquele homem teria ganhado 7.000 anos a mais. Mais se, de acordo com seus delírios, ele conseguisse ultrapassar as Feras Divinas comuns.” Lith havia caminhado muitos quilômetros no lugar de Morok e sabia como era doloroso quando alguém se referia a um monstro como Glemos como seu pai.

Isso te lembrava que, não importa o quanto você tenha cortado laços com ele, o sangue dele ainda corria em suas veias. Soava como se todos te considerassem culpado por associação e fazia Lith se sentir sujo por dentro.

“Exatamente.” Morok concordou. “Não se preocupem com isso e sigam com suas vidas. Eu vou lidar com isso da melhor maneira possível e com a ajuda do Conselho. Mesmo que eu não me sinta responsável pelas ações daquele filho da puta, ainda quero ser eu a apagar todos os rastros de seu legado da face de Mogar.

“Além disso, quero ter certeza de que aqueles como Echidna tenham uma chance de uma vida normal. Não vou deixar o Conselho exterminá-los por preconceito. Eu devo isso a ela e, com a ajuda do Mestre Ajatar, posso fazer isso. Morok encerra.”

“Bem…” Lith tocou os lábios com o dedo indicador, com uma expressão pensativa no rosto enquanto ponderava qual seria o curso de ação mais lucrativo.

Tudo isso desmoronou quando ele viu os olhares direcionados a ele. Solus, Kamila e até mesmo Elina estavam olhando para ele com um aviso silencioso para não mencionar pilhagem ou qualquer coisa que pudesse ser obtida invadindo o laboratório de Glemos.

Solus ainda estava mortalmente pálida, sentindo-se culpada por não ter alertado o Reino em vez de se jogar cegamente na batalha. Outra consequência de não ter Lith em sua cabeça 24 horas por dia, 7 dias por semana era que ninguém agora controlava suas emoções e planejava com antecedência.

‘Se eu fosse mais desapegada e menos preocupada com meus pacientes, poderia ter salvado muito mais vidas. Eu estava tão focada em proteger Ne’sra que falhei em ver o quadro geral.’ Solus estava tremendo por causa de um frio nascido de culpa e arrependimento.

Tista não estava se saindo melhor. Ela ainda tremia com o choque da perda violenta de suas penas e suas costas continuavam sangrando lentamente. O número de vítimas que agora pesavam em seus ombros a trouxe perto do ponto de ruptura.

Nyka também se sentia horrível e o clima na sala estava tão sombrio que poderia haver um eclipse total. Somente Lith e Amanhecer pareciam não se importar com esses eventos trágicos.

“Esta é uma crise, mas também uma oportunidade.” O Cavaleiro disse, sem se preocupar com o que os outros pensavam dela. “De acordo com as notícias que recebi de meus leais nos Tribunais, os Harmonizadores também funcionam com mortos-vivos.

“Devemos participar da equipe de busca, Nyka.”

“Como você pode dizer isso? Você não tem vergonha?” A vampira respondeu indignada.

Ver ela argumentando consigo mesma era ao mesmo tempo cômico e assustador para Lith.

‘Eu me pergunto se é assim que todos se sentem enquanto Solus e eu temos nossas ligações mentais na frente deles.’ Ele pensou.

“Vergonha não vai consertar as falhas dos nossos irmãos. Lembre-se que, diferente dos monstros, os mortos-vivos raramente têm filhos. Precisamos de um Harmonizador perfeito se quisermos superar as limitações do projeto de Mãe e alcançar novos patamares.” Amanhecer respondeu.

“Me desculpe, pessoal.” Nyka fez uma reverência em pedido de desculpas e levou a discussão para o Espaço da Mente.

Ver sua expressão mudar enquanto a luz branca do Cavaleiro ia e vinha de seus olhos deu a Lith uma milha e mais um pouco nos sapatos de seus entes queridos.

‘Esqueça o cômico. Isso é assustador pra cacete.’ Olhando para o rosto de Nyka, era difícil dizer onde terminava o Cavaleiro e começava o Vampiro.

‘Mais importante ainda, se Amanhecer não acendesse seus olhos e mudasse a voz de propósito, não saberíamos nem quem está falando.’ Lith pensou.

“Okay.” Ele suspirou aliviado agora que todos olhavam para Amanhecer e ele não era o maior idiota da sala. “Eu diria que todos nós precisamos de uma pausa. Vou fazer tudo o que posso para curar Tista. Solus, você precisa dormir ou…?”

Lith deixou as palavras no ar, com medo de estar caindo na tentação do vício mútuo. Solus mexeu no anel de pedra em seu dedo, desejando apenas devolvê-lo a Lith e deixar seu corpo humano desaparecer.

Isso faria a força dela se recuperar a uma taxa muito mais rápida e acalmaria todas as preocupações dela. A frieza dele se tornaria a dela e, na fortaleza do coração dele, a consciência dela encontraria descanso.

‘Não posso fazer isso. Seria o caminho mais fácil.’ Ela pensou. ‘Preciso ficar de pé sozinha.’

“Eu preciso de nutrição.” Ela realmente disse, com a boca se movendo mais rápido que o cérebro.

Seu corpo humano desapareceu e o anel de pedra voou para o dedo de Lith, tornando-os inteiros novamente. Ambos suspiraram aliviados, sentindo como se pudessem respirar novamente enquanto o mundo ao redor parecia mais brilhante e suas cores mais vibrantes.

‘Me desculpe.’ Solus soluçou. ‘Eu sei que não deveria ter feito isso, mas não consigo suportar a ideia de todas essas pessoas morrendo por minha causa. Não sozinha.’

‘Desculpe também.’ Lith respondeu. ‘Eu deveria ter ficado de boca fechada em vez de nos oferecer o caminho mais fácil. Em vez de ajudá-lo, eu te incentivei.’

‘Acho que se acostumar a ficar sozinhos será muito mais difícil do que eu pensava. Agora vamos parar com isso. As pessoas estão olhando.’