MAGO Supremo - Capítulo 2403

Capítulo 2403: Olhando no Espelho (Parte 1)

“Você tentou matar meu filho no passado e tenho certeza de que ajudou a Noite até certo ponto.” Elina disse.

“Sou grata pelo que você fez para ajudar meus filhos durante a Guerra e pelo que está fazendo agora por Solus, mas isso não significa que eu tenha esquecido ou que confie em você. Qualquer que seja sua agenda, estou avisando. Toque apenas um fio de cabelo da minha filha  e eu…”

“Você fará o quê?” Dawn disse depois que o silêncio durou um tempo.

Elina estava procurando uma resposta, mas nada veio à sua mente. Cada ameaça soava vazia e infantil até mesmo para ela, matando sua fala logo na entrega.

“Não há nada que você possa fazer.” Dawn tirou as palavras de sua mente. “Você é apenas uma mulher pequena e sem magia que morrerá em algumas décadas. Sua existência será registrada nos livros de história como uma nota de rodapé, sua única conquista é ter dado à luz ao precursor de uma nova raça de monstros assassinos.

“Não vou negar minhas ações passadas ou arranjar desculpas para elas. Apenas saiba que seu filho e eu não somos diferentes. Ambos fazemos o que acreditamos ser melhor para nossa família e não damos a mínima para o resto de Mogar.

“A única diferença entre seu filho e eu é que eu sou muito mais velha. Se você não acredita em mim, faça um tour pelas cidades que Verhen saqueou. Você descobrirá que muitas mães o consideram tão pior quanto você me considera.”

“Talvez você esteja certa.” Elina estremeceu ainda mais, mas recusou-se a recuar. “Mas Lith, Tista e Solus são meus filhos e se você fizer algo com eles, eu encontrarei uma maneira de fazer você pagar, mesmo que isso custe minha vida.”

“O que você considera uma ameaça apenas fortalece minha resolução.” Dawn respondeu. “Você está me lembrando da razão pela qual faço o que faço. É porque minha mãe precisa de mim. De certa forma, vocês duas também são muito parecidas.

“Não vou negar que tenho uma agenda ao seguir Solus, mas não é o que você pensa. Eu quero aprender com ela como lida com sua condição e descobrir se há uma maneira melhor de coexistir com um hospedeiro do que eu usei durante minha existência.

“Todo o resto é irrelevante. Admito que gostaria de espiar os segredos de Solus e entender como ela pode ser tão semelhante e ao mesmo tempo tão diferente de um Cavaleiro, mas minha mãe me pediu o contrário.

“E assim como seu filho, eu valorizo demais a opinião da minha mãe para colocar em risco nosso relacionamento por algo tão trivial.” Dawn fez uma pausa, percebendo que Elina estava coberta de suor frio.

“Você é uma mulher corajosa e tem meu respeito, mas tome cuidado. Há uma linha tênue entre a coragem e a estupidez ao enfrentar um oponente muito mais forte do que você, e hoje você quase a cruzou.”

O Dia Brilhante se transformou de volta em Nyka e Elina sentiu como se uma enorme pressão tivesse sido tirada dela. Ela podia respirar novamente, seus pulmões queimavam e seu coração batia tão forte que parecia estar a segundos de explodir em seu peito.

“Deuses bons, é melhor você se sentar.” Nyka trouxe uma cadeira para Elina e ajudou-a a sentar.

“Obrigada.” Elina tinha acabado de se levantar por um tempo, mas estava ofegante e se sentia mais cansada do que depois de trabalhar o dia todo nos campos. “Como você conseguiu isso?”

“Conseguiu o quê?” O Vampiro perguntou.

“Se ligando com Dawn.” Elina respondeu. “Você é uma criança doce, Nyka, mas se algo acontecer com Solus ou Dawn usar qualquer coisa que ela está aprendendo agora contra Lith no futuro, isso será sua culpa.”

“O quê?” Nyka deu um passo atrás como se tivesse levado um tapa.

“Se você realmente se importa com Solus, deveria ter pensado mais nela e menos em si mesma. Você deveria ter deixado ela e Tista viajarem sozinhas.”

Nyka queria apontar várias coisas, como o fato de que Solus também poderia aprender com Dawn, mas percebeu que nada do que ela pudesse dizer importava.

Ao mesmo tempo, Solus estava mostrando a Lith o quarto que havia escolhido para si e usando construções de luz sólida para organizar os móveis em várias disposições diferentes até encontrar uma de seu agrado.

“Devo admitir que te encontrar aqui foi uma surpresa para mim.” Ela disse depois que acabou o assunto.

“Por quê, é algo tão atencioso da minha parte que está fora do personagem?”  Lith perguntou.

“Não, isso é normal para você.” Solus riu. “A surpresa foi você desempenhando um papel ativo na escolha de móveis e comparando cores, em vez de encontrar um canto para fazer algumas pesquisas mágicas. Sei o quanto odeia esse tipo de coisa.”

“Eu odeio mesmo, mas é melhor do que a alternativa.” Lith suspirou.

“O que você quer dizer?” Ela inclinou a cabeça confusa.

“Quero dizer que não estou pronto para voltar ao trabalho sem você. Toda vez que tenho uma dúvida ou acho que encontrei a solução perfeita para um problema, me pego pedindo sua opinião. Não estou acostumado com o silêncio que se segue e isso me faz sentir ainda mais dolorosamente sua ausência.” Ele respondeu.

Solus sentiu o mesmo quando havia lidado com um paciente difícil e antes de fazer seu discurso. Em seu relacionamento, Lith liderava e ela o seguia. Tornara-se tão natural para ela que tomar a decisão mais simples causava angústia.

“Como isso é diferente da sua lua de mel?” Ela perguntou.

“Isso é completamente diferente.” Lith balançou a cabeça. “Naquela época, eu estava apenas tentando relaxar. Fazer uma pausa do caos que minha vida havia se tornado, de forma semelhante ao que fizemos quando nos separamos por causa de meus encontros com Kami.

“Se eu quisesse você de volta, tudo que eu precisava fazer era ligar. Agora, em vez disso, você se afastou de mim e, se quero você de volta, tenho que aguentar.” Lith deu de ombros.

“Estou fazendo isso porque estou com dificuldades para me adaptar a viver sem você e porque prefiro aprender tudo sobre as 100 nuances de vermelho que existem em Mogar a enfrentar o silêncio em minha cabeça.”

“Você quer que eu adie minha viagem?” As palavras saíram da boca de Solus antes de seu cérebro sequer registrá-las como um pensamento.

“Não. Você está certa, como sempre. Este é o momento perfeito para você experimentar Mogar por conta própria e para eu aprender e me tornar menos dependente de você.” Lith havia prometido a si mesmo que não faria isso, mas se aproximou e a abraçou de qualquer maneira.

“Eu não quero que você fique presa em uma vida onde não possa ser tão feliz quanto eu, mas ao mesmo tempo, viver sem você é muito difícil, Solus.”

“Você sente falta da torre?” Ela brincou para não deixar a voz falhar enquanto retribuía o abraço.

“Não me importo com a torre. Se, depois de recuperar seu corpo, a torre se tornar completamente sua e você começar a viver sozinha, não são os incríveis poderes e instalações que vou sentir falta, mas minha outra metade.”

“Também vou sentir sua falta.” Solus se agarrou a ele por mais um momento antes de soltá-lo.